A companhia de fertilizantes norueguesa Yara suspendeu nesta terça-feira (11) a produção de fertilizantes fosfatados e ácido sulfúrico em Cubatão e Paulínia (SP). A “hibernação” deverá durar até o final do ano, segundo a empresa. O Sindicato dos Químicos na Baixada Santista afirma que a medida representará a demissão de 219 trabalhadores na unidade cubatense, com proporção idêntica de terceirizados.

A interrupção ocorre quatro dias depois de a Yara ter reportado prejuízo líquido de US$ 290 milhões (R$ 1,672 bilhão) no quarto trimestre do ano passado. No mesmo período de 2023, a empresa havia lucrado US$ 246 milhões (R$ 1,418 bilhão). Na ocasião, a empresa informou pôr em prática um programa de redução de custos e investimentos de US$ 150 milhões (R$ 865 milhões) projetado até dezembro.

A hibernação tem em vista o objetivo, de acordo com a empresa, de “concentrar-se em operações mais sustentáveis de longo prazo e focadas em sua atuação principal — produção de nitrogenados, além de frentes estratégicas como soluções de baixo carbono, neutralidade climática e agricultura regenerativa”.

“Em Cubatão, a Yara seguirá operando normalmente na produção de nitrogenados das unidades 1 e 2, além da misturadora, a unidade 5, em seu complexo industrial de Cubatão. Serão hibernadas as unidades 3 e as plantas de fosfatados da unidade 2”, ambas cubatenses, conforme nota enviada pela companhia.

Ao tratar dos funcionários atingidos pela decisão, cujo número não confirmou, a Yara declarou ter oferecido, “além dos direitos previstos em lei, um pacote de benefícios adicionais em negociação com os respectivos sindicatos”. O presidente dos Químicos, Herbert Passos Filho, confirmou, na rede social Facebook, que se obtiveram resultados acima dos fixados legalmente, “mas isto nunca será o suficiente para quem perde seu emprego no qual se dedicou tantos anos”.

Reuniões e estratégia

A Prefeitura de Cubatão disse ter promovido reunião, na manhã desta terça (11), com os responsáveis pela unidade local da Yara “para entender as medidas adotadas e buscar alternativas” para amenizar os efeitos das dispensas no mercado de trabalho.

“O fechamento dessa unidade representa impacto direto não apenas no emprego, mas também na economia da Cidade, que está profundamente conectada ao mercado internacional”, informou, em nota, salientando empenho em buscar alternativas que fortaleçam o setor industrial.

Uma delas será uma reunião entre o prefeito César Nascimento (PSD) e secretários municipais com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), marcada para as 15h30 desta quarta (12), em Brasília.

Também na nota à imprensa, a Yara destacou o início da produção de amônia renovável na Cidade, em dezembro. Mencionou que “Cubatão segue sendo estratégico para a atuação da Yara no Brasil, com ativos de nitrogênio que representam uma vantagem competitiva” e “tem um potencial crescente na geração de valor para a indústria nacional e permanece no foco da Yara para potenciais oportunidades futuras, assim como na própria avaliação do melhor uso para os ativos hibernados”.