Valorização das ações BRAVA após venda de campos onshore: o que esperar?

As propostas e avaliações de mercado para os campos de petróleo da Brava e como a precificação é feita.

FONTE:O Petróleo.

Recentemente, a Brava Energia recebeu cinco propostas não vinculantes para a venda de seus campos onshore, incluindo os famosos campos de Potiguá e Recôncavo. Essas ofertas surgem em um momento estratégico para o mercado de petróleo, com empresas como a Fluxus, da família Batista, buscando expandir suas operações no Brasil. Mas, como é feita a avaliação de ativos tão importante para o mercado nacional e internacional?

O processo de venda: propostas não vinculantes

Primeiramente, vale esclarecer o que significa uma proposta não vinculante. Quando uma empresa como a Fluxus faz uma oferta não vinculante, ela está iniciando uma negociação preliminar. Isso significa que, até a conclusão de uma diligência detalhada — onde documentos e dados financeiros são analisados ​​—, a proposta ainda não é definitiva. Esse processo é fundamental para que as empresas interessadas refinem suas ofertas, ajustando-as com base em informações mais precisas sobre os campos e as condições de mercado.

No caso da Brava Energia, o mercado avalia que os campos onshore da companhia podem valer cerca de 2 bilhões de reais, um valor que está sendo planejado em várias negociações. Embora o processo de diligência seja crucial, é possível fazer algumas projeções sobre o que está em jogo para os investidores e para a própria Brava.

Campos potiguá e recôncavo: o valor do petróleo

Os campos de Potiguá e Recôncavo, localizados no Brasil, são de grande importância para a Brava Energia, com grandes volumes de petróleo já comprovados e reservas potenciais ainda não totalmente exploradas. Para calcular o valor de venda desses campos, especialistas utilizam o conceito de “reserva provada” (1P), “possível” (2P) e “provável” (3P), que reflete o grau de certeza sobre as quantidades de petróleo disponíveis.

  • Reservas 1P (Provadas): São as que têm certeza absoluta quanto à presença de petróleo, com uma produção previsível.
  • Reservas 2P (Possíveis): São estimativas com um grau razoável de certeza, mas com maior incerteza do que as provadas.
  • Reservas 3P (Prováveis): São aquelas que podem existir, mas não há confirmação suficiente para garantirem a exploração.

Considerando a produção diária dos campos de Potiguá e Recôncavo, que somam cerca de 30.600 barris de petróleo por dia, podemos fazer uma previsão de quantos anos levaria para extrair as reservas provadas, possíveis e prováveis. Para as reservas 1P (provadas), o tempo estimado de extração é de aproximadamente 24 anos, enquanto as reservas 2P podem ser extraídas ao longo de 31 anos, e as reservas 3P poderiam levar até 35 anos.

O desconto de fluxos futuros: como avaliar o valor atual

No mercado de petróleo, o valor de um ativo como esses campos onshore não é calculado apenas pelo volume de petróleo existente, mas também pela perspectiva de produção ao longo do tempo e pelo valor do petróleo no mercado internacional, como o preço do barril de Brent . Além disso, o valor do dinheiro no futuro deve ser descontado, já que a inflação e os custos de operação diminuem o valor real dos fluxos de caixa futuros.

Considerando a produção de 30.600 barris por dia e aplicando uma taxa de desconto de 11%, é possível calcular o valor presente dos fluxos de caixa futuros. Para exemplificar, se o preço do barril de petróleo for de US$ 50, o valor atual dos ativos da Brava poderia atingir até 13 bilhões de reais. No entanto, ao aplicar a taxa de desconto, o valor presente desse montante é reduzido significativamente, considerando que a redução dos barris ocorrerá ao longo de várias décadas.

Projeções para o futuro: o impacto no mercado

Com base nas reservas de petróleo, uma avaliação mais otimista para a Brava Energia sugere que o valor total da venda dos campos onshore, incluindo a venda de campos offshore, pode atingir até R$ 33 bilhões. No entanto, essas estimativas podem variar dependendo do preço do petróleo no futuro. Por exemplo, se o preço do barril de Brent atingir US$ 80, o valor da Brava pode aumentar para cerca de R$ 55 bilhões. Por outro lado, se o preço do barril cair para US$ 60, o valor pode cair para R$ 37 bilhões.

A transação dependerá, portanto, das condições de mercado, do sucesso da venda e de como a Brava utilizará os recursos obtidos. Será importante para a empresa utilizar esses recursos de maneira estratégica, como para redução de dívidas ou para novos investimentos, o que pode impactar ainda mais o valor de suas ações no mercado.

O que esperar da venda: o valor das ações

Com base na avaliação dos campos e nos fluxos de caixa futuros, o preço das ações da Brava pode ser ajustado, levando em conta o valor presente de seus ativos. Se a venda dos campos for concluída com sucesso, o valor das ações da Brava pode chegar a algo entre R$ 40 e R$ 50 por ação. Este é um valor que ainda pode variar dependendo dos ajustes finais no acordo de venda e do preço do petróleo no momento da transação.

Para os investidores, o monitoramento do processo de diligência e a análise das ofertas não vinculantes serão cruciais para entender o impacto final da venda no mercado. Caso a transação aconteça conforme o esperado, a Brava poderá fortalecer sua posição no mercado, alavancando novos projetos de exploração e gestão de ativos de petróleo.

A venda dos campos onshore da Brava Energia é uma estratégia estratégica que pode gerar grandes implicações para o mercado de petróleo e gás, além de impactar diretamente os investidores da empresa. As propostas em análise são um reflexo da demanda crescente por ativos de petróleo, especialmente em um cenário de valorização crescente do petróleo no mercado internacional. As pesquisas feitas, utilizando conceitos como reservas 1P, 2P e 3P, são essenciais para entender o valor real desses campos e o impacto potencial dessa transação.