Biorrefino em avaliação, mais óleo em Campos e atraso na oferta de gás; os destaques do plano da Petrobras

Plano 2025-2029 inclui o retorno ao mercado de etanol, além da continuidade dos investimentos em biorrefino

FONTE: Eixos.com

BRASÍLIA E RIO – O Plano de Negócios da Petrobras 2025-2029 e o Plano Estratégico 2050, apresentados pela diretoria na sexta (22/11), apontam as estratégias corporativa e financeira da companhia para os próximos anos, com o amadurecimento da proposta da petroleira para a atuação em biocombustíveis.

Ao todo, a estatal pretende investir US$ 111 bilhões nos próximos cinco anos, sendo a maior parte para o segmento de exploração e produção de petróleo, que vai receber US$ 77 bilhões. Outros US$ 20 bilhões vão para o refino, transporte e comercialização e US$ 11 bilhões para gás e energias de baixo carbono, sendo o restante (US$ 3 bilhões) para atividades corporativas.

Do valor total do plano, US$ 98 bilhões serão destinados a projetos já em implantação, com o restante (US$ 13 bilhões) para empreendimentos ainda em avaliação.

O plano inclui o retorno ao mercado de etanol, além da continuidade dos investimentos em biorrefino, com plantas dedicadas a produzir diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF), além coprocessamento de óleo vegetal nas refinarias (Diesel R).

A diversificação de negócios inclui, ainda, os setores de fertilizantes e petroquímica, com investimentos em projetos que já haviam sido antecipados nos últimos meses.

A atuação da Petrobras em outros setores ocorre em paralelo à contínua expansão dos investimentos em petróleo. A presidente da companhia, Magda Chambriard, reforçou que a exploração e produção persistem como foco da companha.

“Esse segmento é a nossa prioridade em alocação de capital”, afirmou.

Implantação vs avaliação: biorrefino e a carteira 2030+

Desde o plano anterior, a Petrobras passou a publicar dois valores de investimento no plano de negócios que cobre um período de cinco anos. Adiciona também os valores sancionados, isto é, o percentual de aportes em implantação que já chegaram a aprovação final de investimentos.

Inclui também os investimentos “2030+”, isto é, cujos aportes e entrada em operação excedem o período do plano (2025-2029) e entram como uma sinalização de longo prazo.

Implantação. Até 2029, são US$ 98 bilhões em implantação, sendo que dois terços estão sancionados. É aqui que o E&P se destaca, com US$ 77 bilhões (78%) para explorar e produzir, principalmente, mais petróleo.

  • A meta é chegar em 2029 com uma produção própria de 3,2 milhões de barris de óleo e gás equivalente (boe) por dia (+14%, em relação a 2025). Será o pico de produção da estatal.

Avaliação. Outros US$ 13 bilhões estão na carteira em avaliação, sendo US$ 8 bilhões (61%) no “gás e energias de baixo carbono”, que incluem produtos, mas também a mitigação de emissões. Assim, toda a carteira de biorrefino está em análise de viabilidade técnica e econômica.

A estatal pretende ofertar 44 mil barris/dia de SAF e HVO ao mercado, dos quais 15 mil barris/dia virão do projeto de bioQAV da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC); 19 mil barris/dia da planta de bioQAV do Complexo Boaventura; e 10 mil barris/dia da planta de SAF da Replan.

  • Até 2029, inclui a UFN-III , fábrica de fertilizantes nitrogenados em Três Lagoas (MS), que teve suas obras interrompidas hás uma década e tem entrada em operação prevista para 2028. E os investimentos em biorrefino na RPBC, em Cubatão (SP).
  • No “2030+”, estão a planta de biorrefino no Boaventura, em Itaboraí (RJ) e o gasoduto de 18 milhões de m³/dia em Sergipe.
PNG 2024-2028 – cronograma de investimentos em gás e combustíveis (Petrobras, novembro de 2024)

Projetos de baixo carbono

Ao todo, são US$ 16,3 bilhões no conjunto de investimentos classificados como “baixo carbono”, aumento de 42% em relação ao plano anterior. Do valor total:

  • US$ 5,3 bilhões (33%) serão para mitigar emissões (escopos 1 e 2) da produção de petróleo, refino de óleo e processamento de gás e geração de energia;
  • US$ 4,3 bilhões (26%), para geração de energia solar e eólica (onshore).
  • US$ 4,3 bilhões (26%), para biocombustíveis e biorrefino;
  • O restante vai para novas tecnologias, sendo US$ 0,9 bilhão (6%) para captura de carbono, eólicas offshore e venture capital (aquisições de risco); US$ 0,5 bilhão (3%) para hidrogênio; e US$ 1 bilhão (6%) para pesquisa e desenvolvimento.

“O petróleo vai ser o dono da conta a pagar pela transição energética, nós estamos cientes disso. Nós vamos enfrentar o desafio do suprimento de energia desse país e é por isso que eu digo que vamos fazer isso com o petróleo que tem uma menor pegada de carbono e fornecer derivados cada vez mais limpos e renováveis”, disse Chambriard.

A empresa espera uma taxa de retorno interno (TIR) para o segmento de gás natural e energia de baixo carbono de 10%, em função da entrada no segmento de etanol. A projeção supera os 8% do plano anterior. A TIR é um indicador financeiro que mede a rentabilidade de um investimento e o retorno de um projeto ao longo de sua vida útil.

Retorno ao mercado de etanol

O novo plano de negócios da Petrobras prevê mais de US$ 2 bilhões de investimentos em etanol no período de 2025 a 2029.

De acordo com o diretor executivo de Transição Energética, Maurício Tolmasquim, a previsão é chegar a uma produção anual de 2 bilhões de litros de etanol ao ano. “A ideia é começar grande, não é partir do zero”, disse o diretor em entrevista coletiva.

  • Em conferência com investidores, Chambriard complementou que o investimento em etanol era mandatório para a companhia e que tem conversado “com umas quatro ou cinco empresas” para iniciar o negócio com um projeto de grande porte.
  • “Não tinha explicação para nós estarmos fora do etanol, o principal competidor da gasolina. Estávamos no etanol desde a década de 70, com toda a infraestrutura montada. Temos que fazer algo compatível com o porte da Petrobras. Não dá para ter uma empresa deste tamanho lidando com um monte de negocinhos irrelevantes”, acrescentou.