Os programas de expansão da Galvani em Irecê, BA, e novo complexo em Santa Quitéria, CE, para produzir fosfato
FONTE: Revista OE.
Única produtora nacional de fertilizantes totalmente verticalizada, e líder na região de Matopiba – que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – a Galvani está investindo em expandir sua produção com novos projetos iniciados pelo país neste ano. O primeiro é a ampliação da Unidade de Mineração em Irecê (UMI), na Bahia, com obras iniciadas oficialmente no lançamento da pedra fundamental, realizado em maio. Com essa expansão, a previsão de produção inicial é de aproximadamente 150 mil toneladas de concentrado fosfático por ano, estimativa para o primeiro ano de operação. A meta é alcançar a capacidade total de 350 mil toneladas de concentrado fosfático e 600 mil toneladas de calcário agrícola até 2026, ano em que a companhia pretende iniciar a produção da unidade.
O segundo projeto é a implantação de uma unidade em Santa Quitéria, no Ceará, que envolve a lavra e o beneficiamento do minério denominado colofanito (associação de fosfato e urânio), visando a produção de derivados fosfatados (fertilizantes e produtos para alimentação animal). Esta planta, ainda em fase de licenciamento, é um projeto por meio do Consórcio Santa Quitéria, formado pelas empresas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e Fosfatados do Norte-Nordeste S/A. (FOSNOR), detentora da marca Galvani.
Este projeto é fruto de uma concorrência que a Galvani venceu em 2008, para explorar a jazida de Itataia, no município de Santa Quitéria. A companhia vai remunerar a INB, detentora dos direitos minerários, com o urânio extraído, e será a responsável pelo desenvolvimento dos estudos e processos, bem como pela futura implantação e operação e investimentos no projeto, os quais estão previstos R$ 2,3 bilhões. O total de aporte chega a R$ 3 bilhões até 2027 na região do Matopiba.
Irecê não vai gerar rejeitos
Segundo a Galvani, em nota enviada às revistas O Empreiteiro e Minérios & Minerales, as obras de expansão da Unidade de Mineração em Irecê (UMI) estão nos estágios finais da engenharia, na fase de aquisição de equipamentos e início da construção civil. No final de 2025, começarão as contratações operacionais para a nova unidade, que está prevista para iniciar suas atividades entre março e abril de 2026.
De acordo com a companhia, a planta industrial da UMI se destaca por suas inovações tecnológicas e sustentáveis. Com investimentos de R$ 340 milhões e apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre as principais inovações, destacam-se o processo inédito de calcinação de fosfato no Brasil, a ausência de barragens de rejeitos, o processo de separação de cálcio e magnésio, além do baixo consumo de água, com 100% de recirculação, e o aproveitamento integral do minério, gerando zero rejeitos. Do processo utilizado na antiga unidade, os armazéns, prédios administrativos e oficinas serão mantidos, juntamente com alguns equipamentos selecionados.
As obras na UMI ainda estão na fase inicial, tendo começado com a reforma dos prédios já existentes. Para o segundo semestre, serão erguidas as bases de concreto para os equipamentos pesados já adquiridos, como britadores e forno de calcinação– de 6m de diâmetro e 140m de comprimento. O projeto Irecê é uma obra de grande porte que irá gerar cerca de 900 empregos diretos e indiretos, sendo 600 durante a fase de construção.
Sobre a operação em Irecê
Em entrevista às revistas O Empreiteiro e Minérios & Minerales, o Diretor de Engenharia e Inovação, Laurence Galvani, detalhou sobre como será o funcionamento da unidade que passa por obras de expansão, e que seu produto final – concentrado de fosfato – abastecerá o complexo industrial de Luis Eduardo Magalhães da Galvani, localizado também na Bahia, que produz os fertilizantes fosfatos da companhia atendendo a região do Matopiba.
Sobre as áreas de lavra, Laurence contou que são baseadas em estudos de sondagem que fornecem informações para o plano de lavra. O teor médio do minério é de 11 a 12% P2O5, e a quantidade de ROM anual prevista é 1.230.000 t. Já sobre a frota necessária para a lavra ainda não está definida, pois segundo o diretor, ainda depende de negociações com a empresa a ser contratada que ainda está via licitação.
Quanto ao sistema de britagem, é composto por três britadores, um de mandíbulas e dois cônicos, duas peneiras e transportadores de correia. Já o pátio da UMI será formado por duas pilhas de 40.000 t cada, uma sendo empilhada e outra retomada. O minério é empilhado por correia transportadora móvel reversível e retomada com pá carregadeira.
Laurence ressalta, que todo o processo é fundamentado nas Normas Regulamentadoras de Mineração (NRM’s). “Toda escavação a céu aberto é conduzida conforme um plano de gerenciamento de estabilidade que consiste em normas mínimas a serem aplicadas nos projetos das escavações. Uma área de escavação e perfuração só poderá ser liberada após o responsável técnico pelo trabalho garantir que medidas de segurança tenham sido tomadas”, destacou.
O diretor complementa ainda, que a obra irá contar com um Plano de Fadiga, estabelecendo orientações e critérios, quanto às medidas de prevenção da fadiga e descanso para os colaboradores que executam atividades de condução de veículos leves, pesados, em trabalhos a céu aberto, com equipamentos móveis e trabalho em espaço confinado.
Já sobre o beneficiamento do minério, Laurence relata que o processo em Irecê iniciará na britagem feita em três estágios para que o minério fique todo abaixo de 19 mm. “Depois será empilhado no pátio de homogeneização em pilha tipo ‘Chevron’, a partir do pátio, o minério é alimentado em um forno de calcinação rotativo, onde será calcinado a 1000ºC por 1 hora para a formação de cal virgem, que em seguida é hidratado e então facilmente separado do fosfato por meio de hidrociclones, pois a cal hidratada fica toda na fração mais fina”, explica.
Após esse processo, o concentrado fosfático é então moído em moinho de bolas em circuito fechado com uma peneira de malha 1 mm. “Depois da moagem o material é filtrado por um filtro de esteira a vácuo, e então seco através de um secador rotativo. O concentrado seco é estocado no armazém para a expedição”, detalha Laurence.
O produto final desse processo em Irecê será um concentrado de fosfato com 32% P2O5 em granulametria única toda abaixo de 1 mm, que abastecerá o complexo industrial de Luis Eduardo Magalhães, também na Bahia.
Santa Quitéria está em fase de licenciamento
Em fase de licenciamento, o Projeto Santa Quitéria tramita atualmente em dois órgãos: o Licenciamento Ambiental junto ao Ibama; e o Licenciamento Nuclear, cujo regulamento é de responsabilidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Atualmente encontra-se em fase de obtenção da Licença Prévia (LP), e aguarda a análise das informações complementares apresentadas para o Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto de Meio Ambiente ao Ibama.
Já o Licenciamento Nuclear encontra-se em fase mais avançada, tendo obtido aprovações para a Instalação Mineroindustrial e aprovação Local para a Instalação de Beneficiamento de Urânio pela CNEN.
O projeto, que será realizado em parceria com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), consiste em um complexo mineroindustrial que envolve a lavra e o beneficiamento do minério denominado colofanito (associação de fosfato e urânio), visando a produção de derivados fosfatados (fertilizantes e produtos para alimentação animal). Como os derivados fosfatados devem estar aptos para comercialização, o projeto contará também com unidades para remoção de impurezas e para a produção de concentrado de urânio.
O projeto é considerado estratégico para diminuir a dependência brasileira de importação de fertilizantes, e com grande importância na segurança alimentar do país. Terá produção anual projetada de 1,05 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados (25% da demanda do Norte e Nordeste) e 220 mil toneladas de fosfatado bicálcico (50% da demanda do Norte e Nordeste), gerando 6.300 empregos diretos e indiretos durante a fase de construção, e na fase de operação com mais de 2.800 empregos diretos e indiretos.
Em nota enviada à revista Minérios & Minerales, a Galvani informou que estima que a Licença Prévia (LP) seja concedida até o fim de 2024. Em seguida, o próximo passo será o atendimento das condicionantes da Licença Prévia, para solicitação da Licença de Instalação que viabiliza a implantação do projeto (fase de obras).