Trackfy desenvolve tecnologia de monitoramento para aumentar segurança em zonas explosivas do setor de óleo e gás
FONTE: Petronotícias.
A empresa baiana Trackfy atua no desenvolvimento de tecnologias para ampliar a segurança em plantas industriais e grandes canteiros de obras. De olho na diversificação de seu campo de negócios, a companhia agora ingressou no setor de óleo e gás com o lançamento de uma solução específica para o monitoramento de zonas explosivas. A tecnologia já recebeu a certificação do Inmetro e expande a capacidade de atuação da Trackfy para zonas industriais de maior risco. “Essas áreas são altamente sensíveis porque podem ter gases inflamáveis suspensos no ar. Então, mesmo uma pequena faísca pode resultar em uma explosão”, explicou o fundador e CEO da Trackfy, Túlio Cerviño, nosso entrevistado desta segunda-feira (4). “Por isso, nosso equipamento passou por todos os testes e certificações do Inmetro, assegurando que ele não apresenta risco de gerar uma explosão. Com isso, conseguimos monitorar com segurança as atividades nessas áreas mais sensíveis”, acrescentou. O executivo se mostra otimista com os negócios no segmento de óleo e gás, com possibilidade de expansão ao longo de toda a cadeia do setor. “Observamos que o mercado está demandando mais essa tecnologia de monitoramento digital para aumentar a segurança e a conformidade nas operações, o que nos traz excelentes perspectivas para os próximos anos”, concluiu.
Para começar, seria importante contextualizar para os nossos leitores um pouco sobre a criação da empresa e também como se dá a atuação da Trackfy no setor de óleo e gás.
Eu sou engenheiro mecânico de formação e meu sócio é cientista da computação. Trabalhei bastante com P&D, pesquisa e desenvolvimento, desde o começo da minha carreira, focado em criar produtos novos. Inclusive, passei um tempo na Alemanha trabalhando com P&D. Sempre gostei desse processo de transformar desafios técnicos em soluções de engenharia.
Nas plantas industriais, principalmente no setor de óleo e gás, você lida com um ambiente de altíssimo risco, com um grande número de pessoas atuando diariamente em atividades estratégicas, como manutenção, processos e segurança. Essas atividades são fundamentais para o funcionamento da indústria e representam uma parte significativa do orçamento anual. São operações que envolvem alto risco e têm impacto direto na produção, disponibilidade e segurança da fábrica.
Quando cheguei nesse setor, percebi que, apesar da importância dessas atividades e dos altos investimentos envolvidos, grande parte da gestão dessas operações de campo ainda era feita de forma manual e com observação visual. Isso representa um enorme desafio, tanto financeiro quanto de segurança e bem-estar dos trabalhadores.
Com o avanço da tecnologia, especialmente na área de IoT e sistemas mais robustos, percebi que finalmente havia uma oportunidade de desenvolver uma solução que fornecesse dados e visibilidade das operações em tempo real. Assim, nasceu a Trackfy, unindo minha experiência de campo e criação com a expertise do meu sócio em internet das coisas, inteligência artificial e desenvolvimento de software. Nossa solução combina equipamentos para coleta e transmissão de dados em tempo real com um software que transforma esses dados em informações estratégicas para os gestores.
Agora, seria interessante especificar um pouco mais sobre a tecnologia da Trackfy. Você mencionou que é uma combinação de equipamentos com software. Como ela funciona exatamente e quais são as aplicações no ambiente de uma plataforma ou planta industrial de óleo e gás?
Nossa solução engloba o fornecimento de equipamentos para coleta de dados, bem como o software que transforma essas informações em visão em tempo real e inteligência para os gestores. Para a área de segurança, por exemplo, temos alertas, dashboards e comunicações automáticas via e-mail, informando o que está acontecendo na planta para que o time de emergência possa agir rapidamente.
Basicamente, nossa solução monitora tanto pessoas quanto máquinas móveis por meio de wearables – dispositivos que chamamos de “tags”. Estas tags podem ser usadas no formato de crachá, que é o mais utilizado atualmente no setor de óleo e gás, ou instaladas diretamente no capacete do trabalhador. Somos parceiros da maior fabricante de EPIs do mundo, então já temos capacetes que saem da fábrica com nossa tecnologia integrada.
No setor de óleo e gás, o crachá é preferido, pois ele inclui um ‘botão de pânico’. Caso o colaborador esteja em uma situação de emergência, ele pode pressionar esse botão, que dispara um alerta automático no sistema, enviando notificações por e-mail e SMS para as equipes de emergência.
Quais são as outras soluções?
Além das tags, temos nossos captadores, que são pequenas caixas instaladas nas áreas monitoradas. Elas detectam a presença dos trabalhadores e enviam os dados para a nuvem usando nossa própria conectividade. Esses captadores só monitoram as áreas industriais permitidas, em total conformidade com a LGPD, legislação trabalhista e algumas práticas ESG da ONU. Banheiros, por exemplo, não são monitorados. Para áreas classificadas como explosivas, desenvolvemos um captador específico, que recentemente obteve certificação para operar nesses ambientes e já teve a patente registrada. Esses captadores recebem o sinal das tags e enviam os dados para a nuvem, onde eles são transformados em informações acessíveis ao usuário final.
Isso permite configurar alertas personalizados. Em um projeto recente no setor de óleo e gás, que envolvia a construção em uma área de movimentação de guindastes, apenas pessoas autorizadas podem entrar. Se equipes não autorizadas acessarem a área, um alerta é enviado automaticamente para a equipe de emergência. Ainda dentro do setor de óleo e gás, em trabalhos em altura em Pipe Racks, é possível monitorar as equipes. A tecnologia também ajuda a reduzir o tempo de evacuação em situações de emergência. Em casos reais, conseguimos uma redução de mais de 30% no tempo médio de evacuação, o que pode salvar vidas em minutos.
Além disso, a implementação da nossa tecnologia trouxe benefícios financeiros. Em uma planta industrial de um de nossos clientes, o aumento da segurança nas atividades de campo resultou em uma redução nos prêmios de seguro, gerando economia direta, ao mesmo tempo em que protege vidas.
Gostaria de entender um pouco mais sobre o equipamento específico para as zonas explosivas. Quais são as certificações e por que é necessária uma tecnologia diferenciada para essas áreas?
Quando falamos de zonas explosivas, existem diversas normas, legislações e certificações que o equipamento precisa atender para operar com segurança. Nessas áreas, tudo é diferente, desde a iluminação até os painéis elétricos e cabeamento, pois tudo precisa de uma camada de segurança extra para evitar qualquer tipo de faísca que possa provocar uma explosão.
Essas áreas são altamente sensíveis porque podem ter gases inflamáveis suspensos no ar. Então, mesmo uma pequena faísca pode resultar em uma explosão. Por isso, nosso equipamento passou por todos os testes e certificações do Inmetro, assegurando que ele não apresenta risco de gerar uma explosão. Com isso, conseguimos monitorar com segurança as atividades nessas áreas mais sensíveis.
Para finalizar, como estão as expectativas da Trackfy para o setor de óleo e gás? Pode falar um pouco sobre as perspectivas de novos contratos e o crescimento da empresa no setor?
Entramos no setor de óleo e gás efetivamente em 2024. Até então, atuávamos em refinarias e plantas industriais. Contudo, o mercado de plataformas e FPSOs, que são plantas onde há espaços confinados e muito regulados, ainda estava fechado para a nossa empresa. Com esse novo equipamento para áreas classificadas, conseguimos acessar esses novos mercados.
Estamos crescendo na cadeia completa do setor: upstream, midstream, downstream, estaleiros, navios e em ambientes offshore de forma geral. Observamos que o mercado está demandando mais essa tecnologia de monitoramento digital para aumentar a segurança e a conformidade nas operações, o que nos traz excelentes perspectivas para os próximos anos.