Abiquim alerta: preço do gás e baixa taxa de importação estão destruindo as indústrias químicas brasileiras
FONTE: Petronotícias
Um novo estudo desenvolvido pelo Banco Mundial em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) desenhou uma perspectiva promissora para a energia eólica offshore no Brasil. Em um cenário ambicioso, os números que a fonte pode alcançar no país são surpreendentes: mais de 516 mil empregos gerados até 2050, valor agregado bruto de pelo menos R$ 900 bilhões para a economia brasileira, além de um potencial técnico superior a 1.200 gigawatts (GW) – o que representa quatro vezes a capacidade instalada atual do país. O relatório aponta também que o país pode ter a adição de entre 16 GW e 96 GW de capacidade de energia eólica offshore até 2050, dependendo dos diferentes cenários analisados (básico, intermediário e ambicioso).
Mas nem tudo são flores. O relatório elenca uma série de desafios que precisam ser superados para destravar a viabilidade econômica de projetos do tipo do país. Dado o histórico brasileiro de “nunca perder uma oportunidade de perder oportunidades”, os desafios elencados pela EPE mostram que o Brasil precisará agir logo caso tenha ambições de embarcar na caravana de países que querem liderar o mercado eólico offshore. “Dado o longo cronograma de desenvolvimento da energia eólica offshore, o Brasil deve agir rapidamente para concluir o mapeamento das sensibilidades ambientais e sociais e designar as zonas iniciais para o desenvolvimento da energia eólica offshore”, destaca o documento.
O secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral (foto principal), alega que a pasta não tem ficado parada em relação ao tema de eólicas offshore. “Estamos mobilizando um grupo de trabalho com vários entes da administração federal para que a gente possa pactuar ou pelo menos chegar num consenso no que diz respeito à eólica, de maneira que cada instituição que tem um papel a cumprir possa se enxergar e compreender o que precisa fazer. Assim, vamos conseguir sincronizar as ações de cada um e construir um mapa do caminho para a aprovação do nosso marco legal”, declarou durante a apresentação do estudo.
O documento destaca que, sem dúvida, os primeiros projetos eólicos offshore terão um custo inicial relativamente elevado, pois a indústria precisará criar as bases para o setor e “aprender fazendo”. Para eliminar essa lacuna de custos, o Brasil terá de explorar opções de financiamento concessional — tanto do setor público quanto do setor privado. O documento lembra ainda também que o país desenvolveu sua atual indústria eólica onshore principalmente graças ao papel robusto desempenhado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A indústria eólica offshore é diferente da indústria eólica onshore no caso de implantação em grande escala; isto é, trata-se de um setor que faz um uso muito mais intensivo de capital e exige estruturas financeiras complexas, além do envolvimento de muitos atores de instituições financeiras públicas e privadas.
Como sempre, a questão ambiental também é um ponto de atenção. As considerações ambientais e sociais (A&S) relacionadas à energia eólica offshore são diferentes daquelas da energia eólica onshore em termos de receptores e populações afetadas, que, no caso da energia eólica offshore, incluem a pesca, o tráfego marítimo e outros usos do mar. A pressão sobre a biodiversidade marinha, especialmente a avifauna, os mamíferos marinhos e as tartarugas, pode aumentar com o crescimento do tráfego marítimo.
No cenário 1 (base), os impactos seriam relativamente baixos, dado o uso limitado do leito marinho disponível. No cenário 2 (intermediário), os impactos seriam maiores, principalmente se o desenvolvimento se estender rumo ao Sul, pois o potencial de energia eólica offshore encontra-se, quase em sua totalidade, numa área marinha ecológica ou biologicamente significativa (EBSA). No cenário 3 (ambicioso), o uso do leito marinho (7,1%) seria suficientemente alto para gerar preocupações mais altas com sensibilidades socioambientais.
Na questão logística, o estudo destaca que o Brasil dispõe de uma infraestrutura portuária robusta, incluindo terminais e estaleiros ao longo de todo o litoral. No entanto, atualmente, nenhum desses portos é capaz de satisfazer as exigências de um projeto eólico offshore, principalmente do ponto de vista de construção e triagem (marshalling). Em paralelo, o país precisaria também de um investimento significativo na cadeia de fornecimento, para a entrega de turbinas maiores usadas para a geração de energia eólica offshore (15 MW+).
“Para viabilizar esse processo, será necessário estabelecer no Brasil um plano de ação para a cadeia de suprimentos mediante diálogos com a indústria. Recomenda-se que, inicialmente, sejam adotados requisitos limitados de conteúdo local (explícitos ou por meio de financiamento preferencial do BNDES para fabricantes qualificados), pois isso poderia elevar o preço dos primeiros projetos. À medida que o setor se consolidar, os incentivos ao conteúdo local podem ser aumentados”, destaca o relatório.
O Banco Mundial e a EPE lembra que o Brasil precisará agir rapidamente para aproveitar o interesse atual, especialmente à luz das condições de mercado que estão reduzindo o apetite dos investidores por mercados não essenciais. “Os investidores exigirão clareza sobre as rotas para o mercado, incluindo um processo para obter exclusividade dos leitos marinhos e a possibilidade de participar de leilões iniciais específicos para a energia eólica offshore”, complementou.