Também é preciso valorizar os servidores que fazem trabalho de campo na ANP

A situação de um grupo particular de técnicos da agência é pouco conhecida e merece uma atenção particular, escreve Décio Oddone

FONTE: epbr

Como cidadão e veterano da indústria, tenho duas preocupações em relação à operação padrão e a uma possível greve dos servidores da ANP. Uma é o possível impacto na produção de petróleo e gás, na arrecadação e no abastecimento de combustíveis.

Outra é a situação dos servidores da agência. Eles desempenham um papel fundamental para o bom funcionamento do setor, mas tiveram perdas salariais ao longo dos últimos anos. O seu trabalho precisa ser valorizado e reconhecido, através de uma remuneração justa, que não seja corroída no tempo pelo efeito da inflação.

Apesar de todos concordarem sobre a importância do trabalho da agência e a necessidade de manter os servidores motivados, a situação de um grupo particular de técnicos é pouco conhecida e merece uma atenção particular.

São os que executam atividades de campo, na inspeção de sondas de perfuração, plataformas de produção, refinarias e instalações que lidam com petróleo, gás natural e biocombustíveis e na fiscalização de postos de gasolina e revendas de GLP.

Trata-se de um grupo muito restrito de profissionais que atua em atividades essenciais, de risco, exposto a condições que não são enfrentadas por quem atua em escritório.

Quem exerce esse tipo de trabalho nas empresas conta com adicionais que buscam reconhecer o esforço adicional que essas pessoas fazem, tornando essas funções mais atraentes.

Não é o caso dos servidores que desempenham essas funções na ANP. Até 2010 eles recebiam diárias quando iam ao campo. Desde então, operam expostos a situações e ambientes mais hostis, sendo reconhecidos e remunerados como se atuassem no escritório.

Esse é um tema que me chama a atenção desde quando fui Diretor-Geral da Agência, de 2016 a 2020, e que precisa ser resolvido. Naquela época, não foi possível. Agora, quando a novidade introduzida pelo teletrabalho diminuiu a atratividade da ida ao campo, também deve ser endereçado.

Décio Oddone é presidente da Enauta e foi diretor-geral da ANP, de 2016 a 2020.