Fusão com 3R fortalece planos da Enauta para gás e energia, diz Oddone

FONTE: ABEGÁS

O CEO da Enauta, Décio Oddone, acredita que uma eventual fusão com a 3R Petroleum pode fortalecer os planos da companhia para o mercado de gás e energia, ainda que o foco principal da transação seja o ganho de escala na produção de petróleo.

A Enauta vem se reposicionando no mercado de gás, por meio de aquisições. No fim de 2023, a petroleira anunciou a compra dos campos de Uruguá e Tambaú, operado pela Petrobras no pós-sal da Bacia de Santos. Junto com as concessões, a Enauta adquiriu a infraestrutura de escoamento de gás que conecta os campos até a concessão de Mexilhão. Até então, a presença da empresa no setor de gás se resumia à fatia de 45% que detém em Manati, campo no litoral baiano que está em declínio, mas que tem perspectivas de desenvolvimento de estocagem subterrânea de gás no futuro. Manati e Uruguá-Tambaú, segundo Oddone, já posicionam estrategicamente a Enauta no mercado de gás. Os planos da petroleira independem, portanto, da fusão com a 3R. “Mas a combinação amplificaria o potencial desse negócio [gás e energia] para a companhia”, disse o CEO, na quarta-feira (8/5), durante teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados financeiros do 1º trimestre. A Enauta espera concluir até junho a diligência sobre a possível fusão com a 3R. Se avançar, a transação criaria uma companhia com cerca de 90% de suas reservas focadas em petróleo, mas com presença estratégica também no mercado de gás.

A 3R contribuiria, para a empresa combinada, com a Unidade de Processamento (UPGN) de Guamaré (RN) e a produção de gás nas bacias Potiguar e Recôncavo, em terra, e no campo de Peroá, no offshore do Espírito Santo. Para o diretor financeiro da Enauta, Pedro Medeiros, a fusão entre as petroleiras teria, como um “atributo distinto”, a montagem de uma carteira de gás essencialmente não associado ao petróleo e com presença na infraestrutura de gás (como processamento e escoamento). “Essa composição [gás não associado] permite avançar em certos aspectos da cadeia de gás e energia de maneira diferenciada”, disse. “A 3R conta, hoje, com ativos industriais, terminais que tem posicionamento estratégico importante dentro do contexto brasileiro. Faz parte do mérito da transação”, complementou.

Em paralelo às negociações com a Enauta, para uma fusão, o presidente da 3R Petroleum, Matheus Dias, afirmou que a companhia está aberta a discutir com a PetroReconcavo uma eventual parceria na UPGN de Guamaré. Na semana passada, a PetroReconcavo anunciou um acordo com a Enerflex, para estudar a viabilidade técnico-econômica de uma UPGN própria no Rio Grande do Norte. “Isso [parceria] é algo que devemos endereçar nos próximos meses, independentemente de qualquer fusão, eventual M&A que possa ser feito da 3R com terceiros. Entendemos que há uma sinergia completa com a PetroReconcavo. Aparentemente ambos os lados estão abertos a discutir”, comentou Dias.

A construção de uma UPGN própria no Rio Grande do Norte é encarada, dentro da PetroReconcavo, como uma alternativa à tentativa da petroleira de se associar à 3R – seja como sócia na UPGN, seja com uma possível fusão entre as duas. Até então, a 3R vinha sinalizando que estava confortável com a posição de prestadora de serviços de processamento. “A gente está bem satisfeito com o que tem no portfólio. A gente prestar serviços na UPGN funciona muito bem (…) Logicamente que, se for estudado um perímetro de transação que seja oportunístico e muito vantajoso para a companhia, certamente a gente vai estudar e seguir com uma análise”, afirmou Dias, em novembro de 2023, sobre uma eventual sociedade em Guamaré.

Fonte: Epbr