Petrobrás deve contratar construção de unidade de refino do Polo Gaslub no final do ano
FONTE: PetroNotícias
Uma licitação que vai mexer com o mercado nacional de óleo e gás. A Petrobrás deve contratar no final deste ano a construção da nova unidade de refino do Polo Gaslub, o antigo Comperj, em Itaboraí (RJ). Como se sabe, a petroleira decidiu retomar a ideia de desenvolver uma planta de refino no empreendimento no final do ano passado. O projeto básico de engenharia do novo escopo da área de refino do Gaslub já está em fase de conclusão. As informações estão na nova versão do formulário 20-F, depositado recentemente pela Petrobrás na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC). O documento é apresentado anualmente por empresas estrangeiras com ações negociadas nas bolsas de valores americanas.
O escopo do projeto considera a integração da refinaria do Gaslub com a Reduc (Refinaria de Duque de Caxias) e consiste em uma planta de hidrocraqueamento catalítico, hidrotratamento e hidrodesparafinação para produção de óleos lubrificantes básicos do Grupo II, que compreendem uma nova geração de óleos lubrificantes com maiores índices de viscosidade, melhor estabilidade à oxidação e melhor desempenho geral em relação aos óleos básicos do Grupo I.
As unidades também poderão produzir combustíveis de alta qualidade, e investimentos adicionais incluídos no Plano Estratégico da Petrobrás, juntamente com a integração com a REDUC, aumentarão a produção de diesel S-10 em 76 mil barris por dia. A petroleira também iniciou um estudo para avaliar a implementação de uma planta dedicada ao processamento de matérias-primas renováveis e à produção de combustíveis avançados como o biojet SAF e/ou diesel verde (HVO) aplicando a tecnologia de Ésteres Hidroprocessados e Ácidos Graxos e também produtos petroquímicos.
Além da área de refino, os projetos da Petrobrás para o Gaslub incluem também uma planta de processamento de gás natural (UPGN). Como noticiamos, foi assinado em março de 2023 um novo contrato de construção, gestão e comissionamento, que irá finalizar a construção e comissionamento da planta. A UPGN deverá iniciar operação comercial no segundo semestre de 2024 e será a maior do país, com capacidade de processamento de até 21 milhões de m³ por dia. O projeto visa ampliar a infraestrutura de escoamento e o processamento de gás do pré-sal da Petrobrás, que passará de 23 milhões para 44 milhões de m³ por dia. Além de gerar energia, o gás seria utilizado em veículos e indústrias.
Para lembrar, a tumultuada saga do Comperj, cheia de idas e vindas, teve início em 2006, quando o projeto foi oficialmente lançado durante o primeiro mandato do governo Lula. As obras efetivas começaram em 2008, com a previsão inicial de que o complexo entraria em operação em 2012, processando 150 mil barris diários de petróleo pesado do campo de Marlim. No entanto, o projeto se viu envolto em um escândalo de corrupção durante as investigações da Operação Lava Jato. Desde 2015, as obras da refinaria foram paralisadas e o polo petroquímico permaneceu apenas no papel.
Em 2020, a Petrobrás optou por mudar o nome do empreendimento para Polo Gaslub e reformulou o conceito do complexo, que passaria a abrigar uma planta de processamento de combustíveis e lubrificantes, juntamente com uma usina térmica. Agora, em 2023, com o retorno de Lula ao Palácio do Planalto, uma de suas promessas de campanha era exatamente a expansão da capacidade brasileira de produção de combustíveis.
Ao todo, o novo plano estratégico da Petrobrás, que compreende o período de 2024 a 2028, prevê um investimento de US$ 17 bilhões no segmento de Refino, Transporte e Comercialização. O planejamento objetiva o aumento de capacidade de processamento nas refinarias em 225 mil barris por dia (bpd) e da produção de diesel S-10 em mais de 290 mil bpd até 2029, suportado pela entrada de grandes projetos como o Trem 2 da RNEST, Revamps de unidades atuais e implantação de novas unidades de produção de diesel (HDT) na REVAP, REGAP, REPLAN, RNEST e GASLUB.