VirtuGNL destina R$ 5,7 bi para novo corredor de gás

Primeiros passos incluem implantação de duas centrais e aquisição de 150 caminhões movidos a GNL

FONTE: Valor Econômico

A VirtuGNL deu início a seu plano de investir R$ 5,7 bilhões até 2030 na implantação de um corredor de descarbonização de transportes, com o uso da tecnologia de gás natural liquefeito (GNL) como parte de seu modelo de negócios. A empresa, que já atua no transporte de GNL, vai passar a movimentar – a partir de agosto – cargas em caminhões movidos também pelo insumo e não mais por óleo diesel.

O começo do plano se dará no Maranhão, onde serão instalados dois postos de abastecimento para caminhões movidos a GNL. A empresa já adquiriu os primeiros 150 caminhões que serão utilizados no negócio. Para essa primeira etapa, os investimentos somam cerca de R$ 180 milhões, entre aquisição de veículos e construção das centrais.

Os investimentos se inserem no momento em que o país debate alternativas de descarbonização da matriz de transportes. O gás natural é considerado por especialistas como combustível de transição porque, embora seja fóssil, não tem componentes químicos poluentes encontrados no diesel.

Em paralelo, há uma discussão no mercado de gás brasileiro sobre como monetizar as reservas. Cerca de metade do gás produzido no país é reinjetado nas jazidas por falta de infraestrutura. O transporte de gás por rodovias é visto como uma alternativa aos gasodutos tradicionais.

A VirtuGNL presta o serviço de transporte, por rodovias, do gás extraído do campo de Azulão (AM), da Eneva, para a térmica Jaguatirica (RR), num trajeto de 1.100 quilômetros. O gás é liquefeito num terminal da Eneva no próprio campo, transportado e regaseificado nas instalações da termelétrica. A VirtuGNL passará a transportar, a partir de maio, o GNL da Bacia do Parnaíba, também da Eneva, para as instalações da Vale, em São Luís, e da Suzano, em Imperatriz (MA), ambas com planos de descarbonizar as respectivas operações.

A Eneva é a principal parceira da VirtuGNL na joint venture GNL Brasil, que fará o transporte do gás para Vale e Suzano. Para atender a esse contrato, a VirtuGNL fechou acordo com a Scania para aquisição de 30 caminhões.

Se eu levo gás a nosso cliente, por que não agregar à cadeia de valor” — José de Moura Jr.

De olho no potencial de negócios com GNL, a empresa decidiu seguir em um novo caminho: monetizar o gás que transporta como combustível para abastecimento de caminhões, de acordo com o presidente da VirtuGNL, José de Moura Junior. O modelo, porém, vai além da venda de gás e envolve a locação dos caminhões para potenciais clientes, como transportadores de grãos, granéis sólidos e líquidos, e voltados para a mineração, entre outros segmentos.

“Se eu levo gás para fazer o processo industrial para nosso cliente, por que não agregar mais à cadeia de valor? Daí nasceu nosso projeto”, disse Moura. Verticalizado, o negócio é fornecer solução completa de caminhões movidos a GNL para as transportadoras que precisam descarbonizar as operações.

Os primeiros passos se deram com a assinatura de um contrato com o Porto do Itaqui para a instalação dos dois primeiros postos de abastecimento, de um total de 39 unidades, denominadas “centrais de descarbonização”, que totalizam R$ 180 milhões de investimentos. As centrais serão instaladas nos municípios maranhenses de Presidente Dutra e Balsas. Essa fase, com início em agosto, contará com 150 caminhões.

O acordo envolve o escoamento de produtos pelo Porto do Itaqui, de olho na região batizada de “Matopiba”, um cinturão agropecuário dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O plano da VirtuGNL é de comprar 5,3 mil caminhões até 2030.

Para colocar de pé as rotas de abastecimento, o plano de investimentos conta com parcerias com a própria Eneva e com outros fornecedores de gás natural – nesses casos, a VirtuGNL atua como comercializadora do insumo. O executivo disse que as centrais de descarbonização não funcionarão, nesse primeiro momento, como postos de combustíveis para venda de GNL a terceiros. Eles vão atender somente à frota da companhia, devido a questões regulatórias.