Operações do complexo da EuroChem em Serra do Salitre começam nesta quarta
Lula e Zema são presenças confirmadas na inauguração da fábrica de fertilizantes
FONTE: Diário do Comércio
Já foi dada a largada para o início da produção no Complexo Mineroindustrial do Grupo EuroChem, um dos líderes globais do segmento de fertilizantes, no município de Serra do Salitre, na região do Alto Paranaíba. A planta foi concebida para funcionar de forma integrada, ou seja, da extração da rocha fosfáltica à distribuição dos fertilizantes, o que deverá ocorrer, de fato, nas próximas semanas.
Antes, porém, uma cerimônia de inauguração ocorre hoje, com a presença do alto escalão dos governos federal e estadual, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Romeu Zema (Novo).
Também estão confirmados na cerimônia: o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o vice-governador do Estado Matheus Simões, e o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB).
O projeto integrado inclui uma mina de fosfato, fábricas de insumos e misturador | Crédito: Mara Bianchetti / DIÁRIO DO COMÉRCIO
De acordo com o diretor de Operações da Eurochem Salitre, David Crispim, mais do que o início das operações, a data representa um marco para a indústria de fertilizantes nacional e, consequentemente, para o agronegócio brasileiro. Isso porque são, ao todo, 19,7 milhões de metros quadrados de área em toda a extensão do complexo, 350 milhões de toneladas de reservas minerais e investimentos de mais de US$ 1 bilhão, que resultarão numa capacidade de produção instalada de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano.
“A produção no Complexo de Salitre vai representar o equivalente a 15% da produção brasileira de fertilizantes de alta qualidade. Além disso, a planta industrial também conta com capacidade de produção de 1 milhão de toneladas anuais de ácido sulfúrico e 240 mil toneladas de ácido fosfórico, subprodutos importantes no processo de produção do próprio fertilizante”, detalha.
No Brasil, são 21 unidades de mistura e distribuição de nutrientes, que neste ano, deverão produzir 7 milhões de toneladas do insumo, dos quais, 500 mil sairão do Complexo Salitre | Crédito: Mara Bianchetti / DIÁRIO DO COMÉRCIO
Para isso, o projeto integrado inclui uma mina de fosfato, fábricas de insumos e misturador. Na prática, segundo ele, algumas etapas do processo produtivo já foram testadas e estão aptas a rodar. Algumas, inclusive, já estão funcionando. Mas, a produção integrada, de uma ponta a outra da cadeia, ainda depende de alguns ajustes, que deverão ser equacionados nas próximas semanas.
A partir daí, terá início o processo de rump-up, com aumento gradual da produção. Neste primeiro ano de funcionamento, estão previstas 500 mil toneladas produzidas. Já o volume de 1 milhão deverá ser atingido ao longo de 2025.
Essa é a única unidade de mineração da EuroChem fora da Europa. A empresa possui outras quatro minas, além de nove plantas químicas com capacidade de produzir 20 milhões de toneladas de fertilizantes por ano. No Brasil, são 21 unidades de mistura e distribuição de nutrientes, que neste ano, deverão produzir 7 milhões de toneladas do insumo, dos quais, 500 mil sairão do Complexo Salitre”, explica.
Projeto traz alívio para mercado interno
O início das operações da nova planta da EuroChem promete alívio à indústria de fertilizantes nacional. É que a produção do empreendimento será exclusiva para o mercado nacional. Assim, a capacidade produtiva de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano vai elevar a produção nacional em 15% – contribuindo diretamente com a redução da dependência da agricultura brasileira à importação.
O projeto de mineração foi comprado em 2021 por US$ 450 milhões da norueguesa Yara Fertilizantes. Já a obra foi retomada em julho de 2022 pela EuroChem, que investiu cerca de US$ 500 milhões para concluir o empreendimento.
A mina de rocha fosfática da Serra do Salitre tem teor de fosfato de aproximadamente 4,5%. Depois da extração, a rocha passa por processo de beneficiamento em que é produzido um concentrado que tem 33% de fosfato.
“A mineração já estava em funcionamento desde 2018. Adquirimos e demos prosseguimento às operações, comercializando o concentrado fosfático para outras empresas, cerca de 400 mil toneladas anuais. Agora, com a integração das fábricas de insumos e do misturador, vamos elevar essa capacidade para 1,2 milhão de toneladas/ano”, explica o diretor de Operações da Eurochem Salitre, David Crispim.
Além do beneficiamento da rocha, o complexo conta com fábricas de ácido sulfúrico e fosfórico, que serão adicionados ao concentrado na unidade de mistura. Mas o misturador será o último braço a ser iniciado. Conforme o diretor, a estratégia da empresa inclui o abastecimento de unidades próximas localizadas no próprio Estado, como as de Araguari e Manhuaçu, por exemplo, e também em São Paulo, Goiás e, eventualmente, no Mato Grosso.
Sobre os empregos, durante a fase de construção, 3,5 mil pessoas trabalharam na obra, que já está sendo desmobilizada. Agora, com o início das operações, o complexo deve empregar 1,5 mil trabalhadores diretos e indiretos.
Sustentabilidade
O Complexo Mineroindustrial da EuroChem também conta com alguns quesitos a serem destacados na sustentabilidade. São eles:
- recirculação de 100% da água utilizada no processo produtivo
- recuperação de nascentes e monitoramento da qualidade da água em 65 pontos superficiais e subterrâneos
- reflorestamento e manutenção de Áreas de Preservação Permanente
- criação de Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) na região de Patrocínio
- geração de energia própria
*A jornalista viajou para Serra do Salitre a convite da Eurochem