Auditorias para venda da Braskem avançam

Adnoc fez em novembro nova oferta não-vinculante de compra do controle da Braskem, detido pela antiga Odebrecht, por R$ 10,5 bilhões

FONTE: Valor Econômico

As duas auditorias prévias (“due dilligence”) que correm em paralelo na Braskem, uma conduzida pela Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc) e outra pela Petrobras, avançaram e devem ser concluídas em duas ou três semanas, apurou o Valor. Com isso, o processo de venda da Braskem pode ir para uma nova fase, segundo fontes.

A “due diligence” da Petrobras, segunda maior acionista da petroquímica brasileira com 36,1% do capital total, começou antes que o da Adnoc, mas ambos “seguem acontecendo”, disse uma fonte com conhecimento do assunto. A expectativa é que esta etapa seja concluída até o início de março.

Antes de apresentar sozinha uma oferta pela Braskem, a Adnoc estava junto com a gestora Apollo na disputa pelo ativo e uma auditoria prévia chegou a ser iniciada. A Apollo deixou as negociações entre agosto e setembro do ano passado, após ter enfrentado resistências a sua participação no negócio.

Os processos de auditoria foram tratados na reunião entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o presidente da Adnoc, Sultan Al Jabber, que também é ministro da Indústria e Tecnologia dos Emirados Árabes Unidos, nesta semana. Prates esteve em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.

Na rede social X (antigo Twitter), Prates disse ontem que o encontro com o ministro de Estado e chefe da Adnoc foi de “continuidade das tratativas iniciadas no ano passado” sobre análises conjuntas de oportunidades para exploração e produção de gás natural offshore, refino, petroquímica e combustíveis, além da análise das contas da Braskem.

Enquanto a Petrobras avalia se permanece no capital da petroquímica, se eleva participação ou se vende suas ações, a Adnoc fez em novembro nova oferta não-vinculante de compra do controle da Braskem, detido pela antiga Odebrecht, por R$ 37,29 cada, ou R$ 10,5 bilhões. A fatia total da Novonor é de 38,3%.

A proposta foi apresentada ainda a credores da controladora — Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) — que detêm as ações da Braskem em garantia a dívidas de cerca de R$ 14 bilhões.

Para que a venda da petroquímica evolua, a Adnoc precisa apresentar, após a “due diligence”, uma oferta vinculante (com compromisso de compra). Neste momento a Petrobras poderá indicar qual será a sua posição na transação. Procuradas, Adnoc e Novonor não comentaram o assunto.

Em outra postagem no X, Prates disse que a visita a países do Golfo Arábico termina nos próximos dois dias no Qatar, quando a comitiva da Petrobras se encontrará com a Qatar Energy e visitará um dos maiores terminais de gás natural liquefeito (GNL) do mundo.

A Petrobras vem negociando a reentrada na refinaria de Mataripe com o fundo Mubadala, passo considerado pelo mercado como uma revisão da abertura do mercado de combustíveis. Também tem comentado sobre um eventual retorno à distribuição de combustíveis, sem que isso signifique uma recompra da Vibra Energia, antiga BR Distribuidora.

Antes, Prates havia se reunido com executivos da Aramco, ocasião na qual os executivos da Petrobras falaram sobre a possibilidade de juntar esforços “na concepção de uma nova visão do mercado revendedor e distribuidor de combustíveis e lubrificantes”. De acordo com Prates após reunião com o presidente da Aramco, Amin Nasser, até março será construído um calendário de entendimentos e visitas mútuas entre Petrobras e Aramco.