Exclusivo: Âmbar e Eneva estão na segunda fase da venda de térmicas da Eletrobras

Fazem parte do portfólio à venda as termelétricas Mauá 3, Aparecida, Santa Cruz, conjunto do Complexo Interior (Anamã, Caapiranga, Codajás e Anori)

FONTE: Valor Econômico

A empresa de energia Âmbar, do grupo J&F — dos irmãos Batista da JBS — e a Eneva chegaram à segunda fase do processo de vendas das usinas térmicas da Eletrobras, um processo estimado para alcançar entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões, apurou o Valor. Haveria ainda, segundo fontes, outras empresas que teriam interesse na disputa final pelo ativo à gás da ex-estatal.

O banco americano Morgan Stanley foi contratado no ano passado para estruturar o processo de venda. Fazem parte do portfólio à venda as termelétricas Mauá 3, Aparecida, Santa Cruz, conjunto do Complexo Interior (Anamã, Caapiranga, Codajás e Anori), além dos direitos de reversão, em 2025, do Complexo PIEs (Cristiano Rocha, Tambaqui, Manauara, Ponta Negra e Jaraqui) e o projeto de Rio Negro, com capacidade total de 2 GW.

Após ser privatizada, em 2022, a Eletrobras já demonstrava a intenção de mudar a estrutura da companhia e anunciou no seu Plano Estratégico 2023-2027 que tinha o plano de se tornar referência em energia limpa e simplificar sua estrutura societária, além da reestruturação de sua carteira de ativos, fortalecendo objetivos ambientais e sociais. Hoje a companhia está sob o comando de Ivan Monteiro, posto que assumiu após a saída de Wilson Ferreira Jr, ainda em 2023.

Referência em geração térmica a gás, a Eneva chega na disputa em um contexto de alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, um pouco alta, de 4,22 vezes no terceiro trimestre de 2023, por conta de três grandes aquisições realizadas pela companhia em 2022 — a incorporação da Focus por R$ 936 milhões, a compra da Celse por R$ 6,1 bilhões, além da aquisição da Termofortaleza por R$ 489,8 milhões. Em paralelo, a companhia também fez, no ano passado, proposta de fusão com a Vibra, processo esperado para voltar à mesa das companhias, segundo interlocutores.

Por outro lado, a empresa concluiu em 2023 as obras nas termelétricas de Jaguatirica e Parnaíba V e melhores resultados agora começam a se materializar com os ativos gerando energia e contribuído para os resultados, o que daria um pouco mais de fôlego para uma nova aquisição das usinas da Eletrobras.

Já a Âmbar vem atuando de maneira agressiva com um forte crescimento inorgânico, com importantes aquisições nos últimos anos. A controlada do grupo J&F entrou em dezembro de 2023 no setor de óleo e gás com compra da Fluxus, de Ricardo Savini, em uma transação que não teve o valor divulgado.

No mesmo período, a empresa arrematou da Copel 81,2% da termelétrica a gás natural Araucária (Uega) por R$ 320,7 milhões, após uma disputa pelo ativo que envolveu também a New Fortress. A usina tem 484,15 megawatts (MW) operando em ciclo combinado com duas turbinas a gás e uma turbina a vapor.

A Âmbar é uma cliente de longa data da Eletrobras. Em 2023, ela adquiriu a usina termelétrica Candiota, localizada no Rio Grande do Sul, por R$ 72 milhões. Com uma capacidade instalada de 350 megawatts (MW), a Candiota representava o único ativo de geração movido a carvão no portfólio da Eletrobras. Simultaneamente, a Eletrobras anunciou a aquisição de 51% das participações da Âmbar em dois ativos de transmissão, nos quais a Eletrobras já era sócia, por um montante de R$ 574 milhões.

Procuradas, a Eletrobras e a Eneva não quiseram se manifestar. A Âmbar não respondeu até o fechamento da reportagem.