Com bancos, 3R e PetroReconcavo iniciam as tratativas para potencial fusão

União de negócios onshore foi sugerida pela Maha Energy e agora será discutida por empresas

FONTE: Pipeline | Valor Econômico

PetroReconcavo e 3R vão iniciar as negociações para uma potencial fusão, provocada pela Maha Energy, agora com seus respectivos assessores financeiros. A 3R contratou o Itaú BBA e a PetroReconcavo tem conversado com a Lazard e Morgan Stanley, e deve fechar o assessor até o início da semana.

“As companhias estão abertas a negociar, as conversas estão avançando”, diz uma fonte próxima ao negócio. A Maha é acionista da 3R e propôs uma união das operações onshore, o que seria tocado pelo atual management da PetroReconcavo, enquanto a administração da 3R segue com a operação offshore após o carve-out.

A 3R vale hoje em bolsa R$ 6,9 bilhões, somando on e offshore, e a PetroReconcavo vale R$ 6,77 bilhões. Na incorporação, cada parte teria 50% do negócio onshore, de acordo com a proposição da Maha. Mas agora é que a conversa fica ‘oficial’. “A proposta veio de um acionista minoritário, agora a companhia tem que fazer sua própria avaliação”, diz uma fonte da 3R. A companhia pode mandar uma proposta ajustada ou redesenhá-la em conjunto com a PetroReconcavo.

A avaliação inicial é que pode haver algum ajuste na relação de troca sugerida pela Maha, mas marginal. Alguns analistas consideraram que a balança parece menos equilibrada para PetroReconcavo, mas isso desconsideraria o acesso à infraestrutura da 3R, com UPGN (refinaria de gás natural) e terminal, rebate uma fonte próxima à 3R.

No fim do ano, a PetroReconcavo teve que interromper temporariamente a produção de petróleo e gás natural no Rio Grande do Norte porque o ativo industrial de Guamaré, da 3R, não estava recebendo produção. Guamaré é da 3R e atende também a parceiras. “Essa infraestrutura é importante para a PetroReconcavo também”, diz um gestor.

Nesta semana, a 3R anunciou a emissão de dívida no exterior no montante de até US$ 500 milhões. Com o bond, a 3R espera estender o prazo médio de sua dívida de 3,7 anos para cinco anos, com a quitação de um empréstimo sindicalizado.

O bond tem um colateral que permite fazer a separação dos ativos offshore, já que a proposta com a PetroReconcavo é apenas para os ativos onshore – mas a 3R pode precisar do consentimento dos bondholders se houver mudança de controle acionário num processo de incorporação.

Com o reperfilamento da dívida e o aumento esperado do Ebitda para 2024, a 3R vai conseguir reduzir sua alavancagem, o que ajuda na conversa com a PetroReconcavo, que é menos endividada. A companhia deve reduzir a alavancagem financeira de 2,5 vezes o Ebitda/dívida líquida para 2 vezes no fim de 2024 e 1,5 vez no fim do ano que vem. Na PetroReconcavo, a alavancagem em 12 meses era de 0,56 ao fim do terceiro trimestre.

A expectativa de executivos envolvidos na operação é que até o fim de março possa haver um acordo sobre os termos. A Maha detém cerca de 5% da 3R, por meio de derivativos.