Mineradoras buscam descarbonizar clientes
Maior desafio é reduzir as emissões no escopo 3, notadamente na siderurgia
FONTE: Valor Econômico
A COP28 terminou na quarta-feira (13) em Dubai sem indicar data para o abandono dos combustíveis fósseis, mas trouxe no texto final a manutenção do compromisso de limitar o aumento da temperatura em 1,5 ºC, como diz o Acordo de Paris. O documento aprovado em Dubai fala em fazer a transição – “transitioning away” no original. Na mineração, as empresas já se debruçam sobre esse processo de transição, eletrificando frotas e buscando soluções para descarbonizar operações de clientes, notadamente as siderúrgicas, que representam ao menos 8% das emissões industriais globais.
O processo de descarbonização apresenta diferentes etapas. No escopo 1 estão compiladas as emissões referentes ao próprio processo produtivo, enquanto no escopo 2 estão incluídas aquelas referentes à produção da energia elétrica consumida pela empresa.
O escopo 3 é onde são consideradas as emissões dos clientes, notadamente as siderúrgicas no caso da indústria de mineração.
A Vale, por exemplo, aposta em soluções tecnológicas para auxiliar a descarbonização de seus clientes. Na terça-feira (12), em Vitória, ela inaugurou a primeira unidade produtora de briquetes, aglomerado de minério de ferro desenvolvido pela companhia.
Serão 2,5 milhões de toneladas no ano que vem e 6 milhões de toneladas em 2025, em duas unidades no Porto de Tubarão, em Vitória. O objetivo é erguer outras oito unidades para fabricar briquetes e atingir metade de uma produção prevista de 100 milhões de toneladas/ano de aglomerados de minério de ferro após 2030.
O briquete pode levar a uma redução de até 10% na emissão de gases de efeito estufa (GEE) na fabricação de aço em altos-fornos.
Vale vai produzir 2,5 milhões de toneladas de briquetes ano que vem em Vitória
As metas da Vale para os escopos 1 e 2 são de redução de 33% até 2030, tendo 2017 como base, e emissão líquida de carbono zero até 2050. As emissões de escopo 3 representam 98% do total da companhia e o objetivo é reduzir em 15% até 2035, tendo como base 2018. A meta de escopo 3 será revisada em 2025 e a cada cinco anos.
A Anglo American é outra a apresentar metas ambiciosas de redução de emissão. O Plano de Mineração Sustentável da companhia traz o objetivo de reduzir 30% das emissões de GEE dos escopos 1 e 2, até 2030. Em 2040, a companhia quer ser neutra em emissões nesses dois escopos. Para o escopo 3, a ambição da Anglo é reduzir 50% das emissões até 2040.
A empresa estuda novos produtos para redução direta ou para rotas siderúrgicas de aço de baixo carbono. Contudo, os estudos ainda estão em estágio de validação pela companhia, que já produz pellet feed de alta concentração e baixos contaminantes, além de “direct reduction pellet feed”, material importante para as rotas de redução direta. No Brasil, o portfólio de produtos em minério de ferro já é de baixa emissão, desde a concepção do projeto. O Minas-Rio produz, aproximadamente, 70% de pellet feed com teor médio de 67% de ferro, e 30% de “direct reduction” com teor médio de 68%.
A BHP Billiton também apresenta metas públicas de menor emissão. Nos escopos 1 e 2, o objetivo é reduzir os gases de efeito estufa em pelo menos 30% em 2030, com base nos volumes de 2020, e atingir emissão zero em 2050. No escopo 3, as metas variam segundo o setor dos clientes. Para a siderurgia, a meta é desenvolver tecnologias capazes de reduzir em 30% a emissão nas usinas integradas entre 2020 e 2030, com adoção generalizada esperada para o pós-2030.