Coamo anuncia investimento de R$ 3,5 bilhões e usina de etanol de milho no PR
Iniciativa tem por objetivo incrementar a verticalização do milho
FONTE: Globo Rural
A Coamo Agroindustrial, maior cooperativa agrícola do país, investirá R$ 3,5 bilhões nos próximos três anos. Desse total, R$ 1,67 bilhão serão destinados a primeira usina de etanol exclusivamente de milho no Paraná, mais especificamente, em Campo Mourão, onde fica a sede da cooperativa.
A iniciativa tem por objetivo incrementar a verticalização do milho para agregar mais valor e renda aos 31 mil associados da Coamo. Hoje, a cooperativa industrializa 40% da soja recebida em cada safra e cerca de 30% do trigo. A expectativa é que 20% do milho recebido dos cooperados virem biocombustível.
“Hoje, usamos apenas 2% do milho que recebemos para produção de ração e o restante é comercializado em grão. A indústria de etanol de milho é um sonho antigo, fizemos vários estudos de viabilidade e agora chegamos ao momento certo do investimento porque o uso de biocombustíveis não para de crescer”, disse ao Valor o presidente executivo da Coamo, Airton Galinari.
Anteriormente, contou, a Coamo estudou projetos como o uso de milho para a produção de amido por exemplo, mas não ser mostraram viáveis.
A usina terá capacidade de processamento de 1,7 mil toneladas de milho por dia, o que renderia cerca de 250 milhões de litros de etanol ao ano. A unidade usará lenha de reflorestamento para produção de energia e a expectativa é que o sistema tenha potência de cogeração de 30 megawatts (MW). “Essa energia vai atender não só a usina de etanol, mas todas as indústrias do parque de Campo Mourão”, contou Galinari.
A Coamo tem na mesma região uma indústria de processamento de soja, uma de refino e envase de óleo, moinho de trigo, produção de margarinas, hidrogenação de gorduras, fiação de algodão, indústria de ração, além da sede.
O Estado do Paraná já abriga uma usina de etanol de cana que também processa milho – ou seja, em modelo flex -, criado pela Cooperativa Agroindustrial Vale do Ivaí, em Jandaia do Sul.
Demais investimentos
Os investimentos da Coamo para o próximo triênio contemplam ainda ampliações e modernização em 75% das unidades da empresa espalhadas pelo Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. O restante já foi modernizado entre 2021 e 2023, quando a cooperativa também investiu cerca de R$ 1 bilhão por ano.
A Coamo deve encerrar 2023 com receita de R$ 30 bilhões, 11% mais que no ano passado. “Teríamos chegado a R$ 37 bilhões se o preço das commodities tivesse se mantido nos patamares de janeiro”, lamentou o executivo. Ele também reclamou que a fila de navios no porto de Paranaguá (PR) impedirá alguns carregamos de serem faturados este ano.
Estoques
A queda no preço médio dos grãos – que no caso da soja foi de 11,9% e do milho 28,3% -, faz com que agora a cooperativa tenha o maior estoque da sua história para o período, com cerca de 3,5 milhões de toneladas de um total entregue de 10 milhões. Usualmente, o estoque de grãos na passagem entre os ciclos fica entre 1 milhão de toneladas e 1,5 milhão de toneladas. “Notamos recentemente uma movimentação maior do produtor para a venda, o que é ótimo para não termos gargalos com a entrada da safra 2023/24”, afirmou Galinari.
Do total recebido nesta temporada, 6 milhões de toneladas foram de soja, quase o dobro das 3,3 milhões de toneladas recebidas em 2022/23; cerca de 3,5 milhões de toneladas foram de milho, volume estável; e 730 mil toneladas de trigo, na comparação com 600 mil toneladas um ano antes.
Sobre os problemas nos portos, além de prever investimentos na armazenagem local, a Coamo buscou em 2023 diversificar os destinos, mandando mercadorias para Rio Grande (RS), Antonina (PR), Santos (SP) e São Francisco do Sul (SC).