Arke Energia quer construir 2ª térmica de olho em leilão de 2024
FONTE: Revista OE
A joint venture formada por Pátria Investimentos, Shell e Mitsubishi, Arke Energia, proprietária da UTE Marlim Azul de 565 MW, inaugurada nesta quarta-feira, 22, em Macaé (RJ), mal iniciou a operação de uma termelétrica já anuncia interesse em outra. A empresa estuda a viabilidade de um novo empreendimento para o próximo leilão de energia, que ocorreria no primeiro trimestre do ano que vem. A iniciativa para o investimento, segundo a empresa, foi motivada após o apagão de 15 de agosto, que causou desligamento de até sete horas em quase todos os Estados, e na recente onda de calor, com dois dias de demanda recorde de energia elétrica.
“Acredito que o leilão de capacidade deve ter demanda relevante”,disse o presidente da Arke Energia, Bruno Chevalier, que é responsável pelo portfólio de geração de energia do Pátria. O executivo lembrou que as térmicas entraram em operação para garantir a estabilidade do sistema elétrico.
A recém-inaugurada Marlim Azul é a primeira termelétrica do país que utiliza o gás natural extraído de reservas do pré-sal. Com 565 megawatts (MW) de potência instalada, a térmica em Macaé, no Norte Fluminense, é também a primeira com gasoduto dedicado, reconhecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) como parte do empreendimento. Sua operação comercial começa no sábado, dia 25.
A perspectiva da joint venture é de que a segunda usina, Marlim 2, seja semelhante à primeira, com potência um pouco superior, de 650 MW. Segundo Chevalier, a nova usina depende da realização de um leilão de contratação de longo prazo, de modo que se possa viabilizar o financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou com outras fontes que exijam lastros contratuais que garantam receita mais longeva.
O certame previsto para o ano que vem é um leilão de capacidade, no qual se contrata a potência da usina e a disponibilidade do sistema. Neste modelo, a usina tem menor chance de gerar energia a partir de ordem do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), mas possui tarifas mais elevadas, que garantem uma receita fixa atrativa. Em paralelo, o empreendimento pode vender energia nos momentos em que não estiver gerando para o sistema. Esse modelo de leilão já foi realizado uma vez pelo governo e difere do que contratou Marlim Azul.
Chevalier conta que a usina inaugurada em Maceió negociou energia no leilão de energia A-6 de 2017, que determinou a operação comercial a partir de janeiro de 2023. Nesse leilão, a energia foi contratada por distribuidoras de energia, por prazo de 25 anos.
Segundo entrevista publicada no Valor, em setembro, o presidente havia contado que o Pátria estuda sair do controle da usina, pois o modelo de negócios da empresa é de aplicar recursos de fundos em projetos com prazos mais longos de retorno. No caso de Marlim Azul, porém, o fundo que aportou recursos foi o Pátria III, criado em 2015, com prazo de 12 anos, diferente de outros fundos que não têm prazo. Agora, Chevalier disse que a empresa ainda avalia se permanece ou não no negócio, pois considera a implantação da segunda usina. “Podemos sair antes de expandir a usina ou não. Não temos pressa”, disse.
De acordo com o presidente, o Pátria teria sido procurado por empresas interessadas em participar do projeto, que por ser movido a gás natural do pré-sal, com modelo de operação e despacho ao longo do ano e receita fixa por longo prazo, é considerado atrativo.