ArcelorMittal vai paralisar produção de unidade em Juiz de Fora

Empresa ajusta produção à importação de aço no Brasil

FONTE: Diário do Comércio

A ArcelorMittal anunciou, nessa sexta-feira (17), que vai prolongar a parada técnica programada da produção de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, entre novembro e dezembro. Na cidade, a empresa produz diversos produtos siderúrgicos como vergalhões, fio-máquina e barras. A decisão faz parte dos esforços da companhia para ajustar sua produção diante de uma baixa demanda no mercado nacional e de um crescimento significativo das importações de aço no Brasil.

A suspensão temporária das operações também vai atingir as unidades de Piracicaba, em São Paulo, e de Resende, no Rio de Janeiro. Especificamente na planta fluminense, cerca de 400 empregados vão entrar em férias coletivas ou farão compensação do banco de horas durante a paralisação. No caso de Juiz de Fora e da usina paulista, os colaboradores não serão afetados.

Em nota, a ArcelorMittal disse que “o aumento recorde da importação direta e indireta de aço tem tido impacto, cada vez maior, nas vendas internas e na produção das siderúrgicas no Brasil”. Previsões do Instituto Aço Brasil dão conta de que o setor deve encerrar o ano com quedas de 5% no volume produzido e 6% no montante negociado internamente, enquanto a quantia importada deve alcançar uma marca histórica, de aproximadamente 5 milhões de toneladas ou mais.

Como reflexo desse cenário, a maior produtora de aço no País está projetando fabricar 1,3 milhão de toneladas a menos neste ano, em comparação com 2022. À imprensa, o presidente da ArcelorMittal Brasil, Jefferson de Paula, se mostrou, mais uma vez, preocupado com a situação e ressaltou que o plano de investimento de US$ 2,4 bilhões ao ano anunciado pelo setor, entre 2023 e 2027, está ameaçado. Ainda em setembro, o executivo já havia sinalizado os possíveis riscos.

Para não ter paralisações como a de Juiz de Fora, a empresa defende um aumento da taxação de importados

Diante de uma concorrência, a qual chama de desleal, com países que fornecem aço a preços subsidiados, a ArcelorMittal “defende a elevação temporária da alíquota do produto importado para 25%, até que a situação se normalize no mercado interno”. Hoje, a tarifa adotada no País é de 9,6%, exceto para alguns itens específicos. O governo federal já recebeu do setor um pedido para que aumente o imposto, no entanto, até o momento não tomou medidas sobre o assunto.

Além da ArcelorMittal, a Gerdau e a Usiminas sofrem com os impactos da importação

Além da ArcelorMittal, outras siderúrgicas com plantas pelo Brasil estão sofrendo impactos das altas importações de aço, principalmente, vindos da China. A Gerdau, por exemplo, já demitiu 700 colaboradores e está com três usinas paralisadas no País devido à preocupante situação do setor. Ao mesmo tempo, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) informou que deixou de contratar 600 funcionários em razão da concorrência com o mercado asiático.

No caso da Gerdau, as demissões não afetaram as unidades de Minas Gerais. Porém, apenas a planta de Ouro Branco (região Central) está produzindo normalmente, visto que, em Barão de Cocais (Central) e Divinópolis (Centro-Oeste), a empresa está operando com capacidade reduzida. Conforme o CFO da companhia, Rafael Japur, a competição com os chineses pode até mesmo mudar o destino da produção mineira de aço, que não é voltada para exportação.

“Nossa ideia não é exportar a produção de aço de Minas, mas produzir para o mercado doméstico. O Brasil tem que fazer uma escolha: se quer exportar minério para a China, para que ele volte como aço subsidiado, gerando emprego e renda na China, ou se o aço será produzido no Brasil, gerando emprego e renda aqui. É uma escolha que cabe a todos nós”, enfatizou o dirigente durante a divulgação dos resultados da Gerdau no terceiro trimestre deste ano.

Já a decisão da Usiminas de não aumentar o quadro de pessoal, teve impacto sobre a usina de Ipatinga, no Vale do Aço, uma vez que algumas oportunidades seriam abertas na unidade, segundo o CEO da empresa, Marcelo Chara. A maioria das contratações, no entanto, de acordo com ele, seria destinada para a usina de Cubatão, localizada em São Paulo.