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Braskem e Veolia inauguram térmica renovável
Objetivo é substituir o gás natural, de origem fóssil, por vapor gerado a partir da queima de madeira de eucalipto e outros resíduos
FONTE: Valor Econômico
A Braskem vai substituir o gás natural, de origem fóssil, por vapor gerado a partir da queima de madeira de eucalipto e outros resíduos para atender a demanda térmica de uma planta de PVC em Alagoas. A petroquímica fechou um acordo com a Veolia, que investiu mais de R$ 400 milhões em uma usina de biomassa para viabilizar a mudança.
A planta fica localizada em Marechal Deodoro, onde a Braskem tem um complexo industrial para produção de PVC. Essa inovação está projetada para resultar em uma redução de 30% das emissões diretas e indiretas na compra de energia da petroquímica no Estado. O impacto estimado é redução anual de 150 mil toneladas de CO2 eq a partir de 2025.
O CEO da Veolia Brasil, Pedro Prádanos, e o diretor de Energia e Descarbonização Industrial da Braskem, Gustavo Checcucci, contam que a nova planta terá cerca de 210 funcionários diretos, possui quatro caldeiras com capacidade instalada de gerar 160 toneladas/hora de vapor na usina e integra-se ao lado do complexo industrial da Braskem dedicado à produção de PVC.
“Desenhamos o projeto em função das necessidades específicas que a Braskem tem e com critérios nas áreas ambiental e econômica, além de criar valor e impacto. A planta vai ser dedicada 100% ao consumo da Braskem. Nós da Veolia vamos fornecer 900 mil toneladas de vapor por ano para a Braskem”, diz Prádanos.
O fornecimento de energia térmica tem um contrato de 20 anos. O projeto começou a ser gestado em 2017 e, segundo os executivos, é o primeiro projeto da região a substituir a energia térmica, anteriormente gerada por combustíveis fósseis, por uma fonte de energia limpa.
“Este é um claro processo de transição energética. Se fala muito do dilema do tripé energético, pois precisamos de uma energia competitiva, confiável e sustentável. (…). Quando falamos de fontes térmicas é mais complexo este projeto e este projeto permite isso. A Braskem tem uma percepção clara de que precisa de parcerias para acelerar o processo de descarbonização. O futuro de seis anos atrás chegou hoje”, diz Checcucci.
O executivo mantém sigilo sobre a competitividade financeira entre o uso da biomassa e o gás natural, deixando em aberto parte do desafio nesse trajeto rumo a uma matriz mais sustentável e equilibrada. À Veolia caberá ainda o gerenciamento do projeto, incluindo a plantação e gestão de mais de 5 mil hectares de eucalipto e produção de vapor.
A Braskem enfrenta, justamente em Alagoas, desgaste financeiro e de imagem relativos aos danos provocados pela mineração de sal-gema em Maceió. Mais de 17 mil imóveis tiveram de ser desocupados por causa do problema geológico, que foi relacionado à antiga extração de sal-gema pelo Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) em relatório divulgado em 2019.
Até meados deste ano, a petroquímica havia desembolsado R$ 8,2 bilhões em diferentes ações e iniciativas relacionadas ao afundamento do solo e tinha outros R$ 6 bilhões provisionados.