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Produção de aço na América Latina é impactada importações chinesas

Aumento do consumo de aço na América Latina é impulsionado por importações extra-regionais, enquanto a produção local diminui

FONTE: Diário do Comércio

O consumo de laminados de aço deve aumentar 2,4% em relação ao ano anterior, atingindo 71Mt, enquanto a produção local tem previsão de queda de 7,5%, totalizando 58Mt. As estimativas são da Associação Latino-Americana de Aço (Alacero), que reuniu a cadeia de valor do aço na América Latina na última semana, durante o Alacero Summit.

Segundo os dados divulgados, o aumento do consumo será impulsionado pelo crescimento da participação das importações extra-regionais, que em 2022 representou 31% (21,2 Mt) e deve ser de 34% (24,3 Mt) em 2023, um crescimento de três pontos percentuais. Em relação a 2022, o volume de exportações deve apresentar uma redução de 2,6 Mt, registrando 7,9 Mt, enquanto o volume de importações aumentará 2,1 Mt, totalizando 26,5 Mt.

Os números mostram que ainda há forte atividade extrarregional na cadeia. De 2015 a 2023, 88% do aço consumido na América Latina veio de importações extra-regionais, devido a assimetrias competitivas que impactam a oferta local. Sendo assim, a Alacero destaca o risco iminente em relação ao comércio desleal proveniente do mercado chinês. Com uma representação de 29%, a China continua a ser a principal origem do aço extra-regional importado, o que reflete no número de ações antidumping abertas na LATAM ao longo do primeiro semestre de 2023: 63% são dirigidas contra a China.

“Na América Latina, produzimos aço com uma pegada de carbono 15% inferior à média global e 30% inferior à da China. Porém, hoje, boa parte do aço consumido na região vem direta e indiretamente do país, em condições que não são de mercado justo, substituindo empregos de qualidade e afetando o meio ambiente”, reforça o diretor executivo da Alacero, Alejandro Wagner.

De acordo com os dados levantados pela Alacero e pela worldsteel, a quantidade média global de CO2 emitida por tonelada de aço bruto produzido em 2022 foi de 1,91t, enquanto a da China foi de 2,24t e a da América Latina foi de 1,55t, o que significa uma queda de 7% em relação ao ano anterior. Com progressos constantes para aplicar medidas que reduzam a pegada de carbono, a associação defende que as empresas que produzem aço na América Latina precisam de uma transição justa, com vantagens em termos de recursos naturais, mas também prioridades sociais e econômicas que os países desenvolvidos já resolveram.

“Temos uma matriz produtiva sofisticada, com um tecido industrial robusto de grandes empresas e PMEs. No entanto, uma maior estabilidade econômica e política e regimes fiscais e laborais modernos são essenciais para gerar mais incentivos ao investimento, ao emprego e, acima de tudo, à competitividade. Condições tão fundamentais quanto básicas para enfrentar o enorme desafio que temos pela frente”, concluiu Wagner.

Confira mais detalhes sobre o consumo de laminados de aço na América Latina

Os dados apresentados durante o Alacero Summit mostram também o consumo aparente de laminados por país em 2022 e a expectativa para 2023. O Brasil fechou 2022 com -10,6% e deverá fechar 2023 com -1,5%. O México, por sua vez, registrou -2% no ano passado e atinge estimativa de 9,7% para este ano. A Argentina encerrou 2022 com 1,2% e planeja fechar 2023 com 0,7%, enquanto a Colômbia registrou -13,7% em 2022 e 2,4% em 2023.

Entre os segmentos que mais consumiram aço ao longo deste ano, a construção segue à frente com 48,5%; seguido pelo automotivo com 17,5%; produtos de metal com 14,5%; máquinas mecânicas com 13,3%; equipamentos eletrônicos com 2,9%; uso doméstico com 2,5% e outros transportes com 0,9%.

O evento também destacou como a promoção da indústria impacta o desenvolvimento econômico dos países. O setor siderúrgico na América Latina é um importante motor de criação de empregos, agregando 1,4 milhão de funcionários em 2022, sendo 230 mil diretos e 1,15 milhão indiretos. Ou seja, para cada emprego na indústria, são criados outros cinco na cadeia de valor. Esse é mais um dos motivos pelos quais os executivos salientam que, para que o mercado continue com o seu potencial de criação de oportunidades, é cada vez mais essencial tomar medidas contra o domínio chinês e a favor da valorização da produção e dos empregos locais.