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Empresas investem R$ 510 milhões em tecnologia para descomissionar barragens em MG
Joint venture desenvolveu uma usina móvel, onde é feita a transformação dos rejeitos da mineração em polpa para posterior reprocessamento na planta de concentração magnética
FONTE: Valor Econômico
As empresas mineiras Gaustec – Tecnologia Magnética e PST Holding e a chinesa Jingjin Equipment – maior produtora de filtros prensa do mundo – formarão uma joint venture para investir R$ 510 milhões nos próximos cinco anos em tecnologia voltada para o descomissionamento de barragens de mineração. O anúncio foi feito em Pequim pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), onde cumpre agenda com empresários chineses.
Juntas, as empresas desenvolveram uma usina móvel de concentração magnética. Essa unidade pode ser instalada próxima das barragens e nela é feita a transformação dos rejeitos da mineração em polpa para posterior reprocessamento na planta de concentração magnética. No processo industrial, o rejeito é beneficiado por concentração magnética na própria área da barragem, com previsão de início de operação em até oito meses. Há reaproveitamento dos rejeitos, que têm de 40% a 50% de concentração de ferro. O restante pode ser transformado em areia para construção civil.
Além disso, 95% da água drenada pode ser reutilizada pela mineradora. O resíduo que resulta dessas ações é empilhado a seco, dispensando a necessidade da barragem.
Do valor total, R$ 360 milhões serão investidos na construção de dez módulos de produção em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. Outros R$ 150 milhões serão usados na implantação de um centro de montagem e distribuição de equipamentos e peças sobressalentes para atender os setores de mineração, saneamento, indústria química e alimentos. A expectativa das empresas é gerar 600 empregos diretos com o empreendimento.
O diretor executivo da Gaustec, Cláudio Henrique Ribeiro, destacou que essas usinas móveis podem ser realocadas em outras barragens, quando ocorrer o fim do descomissionamento de uma barragem. Essa tecnologia é usada atualmente em duas barragens no Quadrilátero Ferrífero. A Gaustec atende mineradoras como Vale, Vallourec, Itaminas, Herculano Mineração, LGA Mineração e Siderurgia e Mineração Serra da Moeda (MSM).
“Para um Estado como Minas Gerais, que sofreu tanto com duas tragédias, Mariana e Brumadinho, esse investimento é emblemático. Estamos recebendo este investimento, que sanará para sempre essa questão da necessidade de construirmos barragens de mineração. A maioria das empresas daqui por diante passará a usar esse processo que é o da filtragem e fará com que o material resultado seja empilhado e não a construção de barragens”, afirmou Zema.
O governador considerou positivo o balanço da sua missão à Ásia, que começou no dia 1 e vai até o dia 18, envolvendo cidades da China e do Japão. “Deixamos claro aqui para os investidores e para diversas empresas chinesas que Minas Gerais é uma porta de entrada no Brasil e um Estado que tem crescido mais do que a economia brasileira. Estamos levando um grande volume de investimentos e com certeza vamos colher bons frutos em 2024, quando investidores vão definir o local de instalação de investimentos no Brasil ou na América do Sul”, afirmou.
Durante a visita à China, o governador apresentou a empresários e investidores a região Norte do Estado e o Vale do Jequitinhonha com reservas de lítio, batizadas como Vale do Lítio. A intenção de Zema é atrair pelo menos R$ 30 bilhões em investimentos para a região nos próximos anos em projetos de extração e beneficiamento do lítio na região.
Na quinta-feira, o governador assinou em Xuzhou protocolo de intenções de investimento de R$ 270 milhões com a chinesa XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group Co. Ltd.) para ampliação do complexo industrial da empresa em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, para montagem de caminhões de elétricos, além da criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento.
No início da semana, em Xangai, o governador assinou um despacho autorizando a construção de uma unidade industrial da Celer Biotecnologia em parceria com a chinesa Guangzhou Wondfo Biotech, em Montes Claros, no norte do Estado. A unidade vai produzir exames para diversas finalidades. O projeto terá investimento de R$ 17 milhões entre 2023 e 2026 e deve gerar 100 postos de trabalho.