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‘A situação está ficando dramática’, diz CEO da Gerdau sobre importações de aço da China
Werneck afirma que a empresa já demitiu 700 funcionários no país e está com três usinas paradas. “Vamos continuar sofrendo novos fechamentos de capacidade, se nada for feito”
FONTE: Valor Econômico
O presidente da siderúrgica Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou em coletiva de imprensa nesta terça-feira (7) que a situação dos produtores de aço no país “está ficando dramática”, devido ao aumento na importação de aço, a maior parte vinda da China.
O volume de aço importado pelo Brasil subiu 58% entre janeiro e setembro deste ano, afirmou Werneck, para 5 milhões de toneladas. Ao contabilizar também o aço que entra de forma indireta, a importação deve chegar a 10 milhões de toneladas.
Segundo o executivo, a China está “inundando” o mercado nacional com seu aço, que chega com preço abaixo do custo que se tem para produzir no Brasil. “É aço que não segue as recomendações e normas da Organização Mundial do Comércio”, afirmou Werneck.
A empresa pleiteia, juntamente com outros produtores, um aumento na tarifa sobre a importação do material, de 12% para 25%. Segundo o executivo, a taxa de 25% é a mesma implementada pelo México, que tem condições parecidas com o Brasil. “É urgente que o governo implemente medidas de curtíssimo prazo”, disse.
A entrada de aço estrangeiro já estaria causando demissões e redução de capacidade produtiva no Brasil. Werneck afirma que a Gerdau já demitiu 700 funcionários no país e está com três usinas paradas. “Vamos continuar sofrendo novos fechamentos de capacidade, se nada for feito”, disse.
Essas reduções foram feitas em usinas de todo o país, exceto na unidade de Ouro Branco (MG). Além dos desligamentos, há também turmas em férias e com suspensão temporária do emprego.
A Gerdau teve uma queda de 5,3% na venda de aço no Brasil no terceiro trimestre deste ano, sobre o mesmo período do ano passado. No acumulado até setembro, o recuo é de 8,5%, para 3,88 milhões de toneladas.
Já a produção ficou estável, com queda de 0,2% no trimestre, para 1,28 milhão de toneladas, mas caiu 9,1% no acumulado do ano, para 3,98 milhões de toneladas.
Werneck afirmou ainda que a média histórica de 25% de exportações do aço produzido pela Gerdau no país não está ocorrendo porque não há mercado que aceite comprar o produto nacional, “já que a China tem inundado o mundo com aço subsidiado”.