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São Martinho investe R$ 250 milhões em primeira planta de biometano

Unidade terá capacidade para produção de 15,6 milhões de metros cúbicos do combustível

FONTE: Globo.com

São Martinho anunciou ontem seu próximo passo no segmento de produtos renováveis, que pode ser crucial para a redução na pegada de carbono da empresa: a construção de sua primeira planta de biometano. A companhia vai fazer um aporte de R$ 250 milhões na unidade.

À reportagem, o principal executivo da São Martinho, Fabio Venturelli, disse que a empresa pretende comercializar o produto nesse mercado, que está em franca expansão, e, além disso, no futuro, substituir o diesel por biometano em suas operações.

“O projeto é também uma melhora significativa na nossa pegada de carbono”, afirmou o executivo. Atualmente, o uso de diesel é o principal limitador de emissões de créditos de descarbonização (Cbios), um quadro que pode mudar com o avanço paulatino do uso de biometano em caminhões em larga escala, “o que vai ser uma revolução para o nosso setor garantir o futuro”, acrescentou o CEO.

De acordo com o executivo, a unidade representa ainda uma inovação no processo produtivo, já que a empresa vai operar em um modelo em que é proprietária de 100% da molécula de biometano a ser gerada, com autonomia de produção e comercialização.

Para ele, isso dá independência para utilização da molécula da melhor forma possível e permitirá, por exemplo, dar continuidade ao desenvolvimento de testes e pesquisas voltadas à substituição do diesel em sua frota própria, principalmente em caminhões que exigem alta potência e torque quando submetidos às condições de uso da operação canavieira. Esses testes estão em andamento na São Martinho desde 2016.

A nova planta ficará anexa à usina Santa Cruz (USC), localizada na cidade de Américo Brasiliense (SP), de onde sairá a matéria-prima para a fabricação do gás natural renovável. O principal insumo para a produção será a vinhaça (100% do volume produzido na USC), material proveniente do processo de fabricação do etanol de cana-de-açúcar.

Venturelli disse que havia uma preocupação de se utilizar a vinhaça sem que ela deixasse de cumprir sua função de fertilização no campo. “Depois da biodigestão, ela seguirá sendo utilizada como adubo orgânico nos canaviais da unidade, como era feito antes com a vinhaça in natura”, comentou o executivo.

A unidade terá capacidade para produção de 15,6 milhões de metros cúbicos de biometano durante período de moagem. Com esse volume, ao substituir o consumo de gás natural fóssil, a São Martinho calcula que o uso do biometano tem o potencial para evitar a emissão de até 32 mil toneladas equivalentes de gases de efeito estufa, volume compatível com 91 mil viagens de caminhão entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro por ano, ou 250 viagens por dia.

“A produção do biometano tem início com 20% do nosso potencial, conectado ao sistema de distribuição via gasoduto e capaz de oferecer uma alternativa renovável a uma região com alto consumo de combustível fóssil”, ressaltou Venturelli.

O executivo citou ainda a possibilidade de a companhia atender clientes por meio da venda de biometano pressurizado ou injetado a partir de rede de distribuição de gás na região de Araraquara, no Estado de São Paulo.

início da operação está previsto para o segundo semestre de 2025, com aproximadamente 40% da capacidade da planta entregue na safra 2025/26. A entrega de 100% está prevista para a temporada seguinte, de 2026/27.

O projeto recebeu a aprovação do Conselho de Administração da empresa. O colegiado também aprovou a tomada de um financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, com prazo médio de oito anos.

Ao todo, 30% do desembolso ocorrerá na safra atual. Outros 60% entrarão na próxima temporada, e o restante, em 2025/26. “Esse projeto dando certo, a gente consegue rapidamente alavancar para outras usinas”, completou o CFO e diretor de Relações com Investidores da São Martinho, Felipe Vicchiato.