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Noruega defende transição energética com gás natural, CCS e hidrogênio azul
Ministro norueguês de Petróleo e Energia, Terje Aasland, alerta para o risco no corte antecipado de investimentos em energia fóssil
FONTE: EPBR
Durante discurso na Conferência de Energia entre a Noruega e a União Europeia, nesta terça (24/10), o ministro norueguês de Petróleo e Energia, Terje Aasland, reiterou a importância do país no fornecimento do gás natural para a garantia da segurança de abastecimento durante a transição energética.
A Noruega é o maior exportador de petróleo e gás natural da Europa Ocidental e se tornou o principal fornecedor de gás natural para a Europa, em 2022.
Segundo o ministro, as empresas norueguesas aumentaram a produção em 8% de 2021 a 2022, em resposta às consequências da invasão da Rússia à Ucrânia. Apesar da queda da produção de gás natural no primeiro semestre deste ano, ele afirma que haverá uma alta no restante do ano e nos seguintes.
“Esperamos manter uma produção elevada e estável durante os próximos três a quatro anos. Depois disso, a produção começará a diminuir gradativamente. Essa diminuição irá acelerar na década de 2030, a menos que descubramos e desenvolvamos novos recursos”.
Aasland destaca a necessidade de apoio à exploração de novos recursos naturais que garantam a segurança energética para Europa, e alertou para o risco no corte antecipado de investimentos em energia fóssil, que poderiam multiplicar os preços da eletricidade.
“Fiquei feliz em saber que a UE apoia a exploração contínua e os investimentos da Noruega para trazer gás para o mercado europeu. O meu governo fará tudo o que puder para facilitar que a plataforma continental norueguesa continue a ser uma fonte fiável de gás para a Europa”.
Lobby pelo hidrogênio azul
O ministro também apontou para a necessidade de investimentos em projetos de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS), e de hidrogênio azul, feito a partir da reforma de gás natural com CCS.
O país vem realizando uma forte pressão na União Europeia para flexibilização em relação às rotas de produção de hidrogênio, para maior aceitação do hidrogênio azul como forma de descarbonização.
“Na minha opinião, a CCS também é crucial para lançar uma cadeia de valor para o hidrogênio com baixas emissões. Antes de termos um excedente de energia suficientemente grande para produzir hidrogênio verde em grande escala, o hidrogênio azul pode contribuir para estabelecer a oferta e a procura de que necessitamos”.
Em julho, a Alemanha recuou em sua estratégia de hidrogênio, que era exclusivamente dedicada ao hidrogênio verde – via eletrólise com energia renovável –, e incluiu a possibilidade do uso de hidrogênio azul e laranja (a partir de biomassa).
A mudança veio quase três meses depois de um acordo entre a alemã RWE e a norueguesa Equinor para a construção de um gasoduto dedicado que, até 2038, vai transportar 10 gigawatts de hidrogênio azul produzidos na Noruega para alimentar centrais elétricas na Alemanha. No longo prazo, o plano é fornecer hidrogênio verde de origem 100% limpa.
“A Noruega tem uma cooperação estimulante com a Alemanha em relação ao hidrogênio, que espero continuar a acompanhar”, disse Aasland.
O governo norueguês também é responsável por um dos maiores projetos de CCS do mundo, o Longship, que inclui o Northern Lights.
Encabeçado pela Equinor, em conjunto com a Shell e TotalEnergies, o Northern Lights prevê a construção de uma infraestrutura de transporte de CO2 dos locais de captura – em polos industriais – até seu armazenamento permanente, feito em um reservatório a 2.600 metros abaixo do leito marinho.
“CCS é uma das chaves para o sucesso. A Noruega pode armazenar permanentemente CO2 na plataforma continental norueguesa”, pontuou o ministro.