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BBF contrata biorefinaria e vai gerar 15 mil empregos
FONTE: Revista OE
Em entrevista à Revista O Empreiteiro e Site Amazônia Sustentável, o CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels), Milton Steagall, não economizou nos elogios ao potencial do óleo de palma no país e uso do mesmo como matéria-prima para a produção de biocombustíveis. A companhia anunciou uma biorrefinaria, que está em fase de implantação na Zona Franca de Manaus, e terá capacidade para 500 milhões de litros anualmente – e 1,3 milhão de litros diariamente – para produção do Diesel Verde e do Combustível Sustentável de Aviação (SAF). O empreendimento está previsto para ser inaugurado em 2026.
Segundo Steagall, o processo de produção dos biocombustíveis de segunda geração da biorrefinaria utilizará o hidrotratamento (HEFA), uma tecnologia definida pela companhia. “Para entender melhor, imagine o óleo de vegetal – matéria-prima principal – como uma longa corrente de moléculas. Durante o processo de hidrotratamento, essa corrente é “quebrada” ou “craqueada” com a ajuda do hidrogênio. Esse processo transforma o óleo vegetal em biocombustível “drop in”, sem a necessidade de adaptação nos motores ou abastecimento, com características semelhantes aos combustíveis tradicionais “fósseis”, mas com a vantagem de ser sustentável e renovável”, explica o executivo.
Com 2,2 bilhões de investimentos – não detalhados na entrevista, por cláusulas de confidencialidade, segundo o CEO -, a nova biorrefinaria promete gerar cerca de 15 mil empregos diretos adicionais por conta da produção dos biocombustíveis de segunda geração. “Em sua maioria serão postos de trabalho para a área agrícola (cultivo sustentável da palma, principal matéria-prima para produção dos inéditos biocombustíveis) e industrial (extração do óleo e produção do Diesel Verde e SAF), com foco nos estados de Roraima, Pará e Amazonas”, conta Steagall.
Atualmente, o Grupo BBF gera cerca de 7 mil empregos diretos e 21 mil indiretos nos estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. “Vale destacar que cerca de 29,6 milhões de pessoas vivem na região amazônica, segundo o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE). Para o Grupo BBF é fundamental criar oportunidades de emprego e renda para a população amazonense. Só assim vamos conseguir desenvolver economicamente e socialmente a Amazônia e manter a floresta em pé”.
O “pré-sal” do presente e futuro
Milton Steagall enfatiza a importância do óleo de palma para a economia e conservação ambiental na região amazônica. Para ele, “a cadeia produtiva da palma brasileira é sustentável ambientalmente e socialmente”.
“Muito da pecha negativa com o cultivo da palma vem por conta dos problemas relacionados ao desmatamento e trabalho escravo, oriundos do modelo adotado pelos países asiáticos. No Brasil, temos a legislação mais severa do mundo. O Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo, definido pelo decreto 7.172 do Governo Federal de maio 2010, determina que o cultivo desta planta seja feito apenas em áreas antropizadas até dezembro de 2007. A legislação proíbe a derrubada de floresta e foi embasada em um trabalho amplo e robusto conduzido pela Embrapa, que identificou mais de 31 milhões de hectares de áreas degradadas na Amazônia e aptas ao cultivo da palma”, justifica o CEO.
“Uma vantagem competitiva que só o Brasil possui, um verdadeiro ‘pré-sal verde’, com potencial de produzir mais de 240 bilhões de litros de óleo de palma anualmente, número 30% superior ao volume de petróleo extraído pela Petrobras em 2022 – que foi de cerca de 175 bilhões de litros. Vejam o tamanho da oportunidade, para produzirmos biocombustíveis com baixo custo e sem derrubar uma árvore sequer de floresta nativa, gerando milhares de empregos na região Amazônica”, compara o executivo.
“Vale destacar que o Governo Federal está bastante empenhado em construir um marco regulatório robusto para o SAF e Diesel Verde no país. Temos participado de vários encontros nesse sentido e acredito que esse será tema central no último trimestre deste ano. Nossa expectativa é começar a fornecer em escala o SAF e o Diesel Verde um ano antes do início do mandato regulatório proposto pelo governo, contribuindo com o protagonismo do Brasil na agenda global de transição energética”, salienta Steagall..
Cultivo de palma incentiva agricultura familiar
Além da geração de emprego, o CEO do BBF contou que o Grupo mantém um Programa de Agricultura Familiar no Estado do Pará, incentivando mais de 400 agricultores rurais especializados no cultivo sustentável da palma. “Só no primeiro semestre deste ano, cerca de 19 mil toneladas de frutos da palma de óleo (dendê) foram compradas pela empresa dos agricultores familiares parceiros, safra que já é aproximadamente 20% superior à do mesmo período de 2022. Ao todo, as famílias parceiras tiveram receita de mais de R$ 16 milhões pela comercialização dos frutos de dendê para a companhia”.
O executivo também destaca, que o Grupo BBF já realizou mais de 950 assistências técnicas em visitas aos agricultores parceiros, com o fornecimento de mudas, auxílio para crédito bancário, estímulos à melhoria contínua e garantia de compra dos frutos a preços competitivos com o mercado.