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Produção brasileira de químicos cai ao menor nível desde 2007 e ociosidade supera 40%

Já as vendas internas cresceram 2,32% em julho e 7,97% em agosto, em relação aos meses anteriores, de acordo com Abiquim

FONTE: Valor Econômico

As estatísticas mais recentes da indústria química brasileira trouxeram uma nova rodada de más notícias, e o setor voltou a alertar para o risco de fechamento de unidades produtivas no país. Com o menor nível de produção e de vendas internas de químicos de uso industrial desde 2007, a ociosidade nas fábricas superou a marca de 40%.

Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, entidade que representa a indústria, a elevada ociosidade mostra que a indústria local teria condições de aumentar a produção no curto prazo, sem necessidade de novos investimentos, se houver retomada da demanda. “Por outro lado, o resultado da manutenção desse quadro difícil e desafiador pode ser o fechamento de plantas do setor químico”, disse, em nota. A executiva lembra que esse movimento vem acontecendo há três décadas.

Conforme relatório de acompanhamento conjuntural da associação, na comparação anual, a produção de químicos de uso industrial no país declinou 17,45% em julho e 15,54% em agosto, no pior desempenho mensal desde 2007. Já as vendas internas cresceram 2,32% em julho e 7,97% em agosto, em relação aos meses anteriores.

A Abiquim destaca que, apesar dessa melhora, o patamar médio de vendas entre julho e agosto, a exemplo do que se verificou com a produção, foi o pior desde 2007, uma vez que o fôlego recente não foi capaz de compensar a queda dos meses anteriores.

O nível de utilização da capacidade instalada tocou o menor nível da história, com apenas 59% em agosto, abaixo dos 62% vistos em julho. Na comparação anual, a queda foi de nove pontos percentuais.

Já as importações, depois de subirem 31,1% em julho, recuaram 8,8% em agosto na comparação mensal, com retração da demanda interna (medida pelo consumo aparente nacional) de 15% frente ao mesmo mês de 2022. Com isso, a participação do produto importado na demanda local chegou a 45% nos oito primeiros meses do ano.

Conforme a diretora da Abiquim, as perspectivas não são animadoras, sobretudo se considerada a aproximação do inverno no Hemisfério Norte, que deve afetar em especial o mercado europeu com custos altos dos energéticos.

“Os preços do gás no Brasil antes do conflito representavam três vezes o valor do hub americano, mas esses valores estão sendo pressionados e atualmente a diferença é bem maior”, afirmou. Enquanto no país o milhão de BTU é negociado a US$ 16, o preço nos Estados Unidos gira em torno de US$ 3.

Nesse ambiente, a indústria segue pleiteando junto ao governo medidas emergenciais, seja de estímulo ao consumo, seja de contenção das importações a preços predatórios.