.

Mitsui prepara nova investida no mercado de distribuição de gás

Japonesa pretende exercer direito de preferência por ações da Compass em cinco distribuidoras do Nordeste

FONTE: EPBR

PIPELINE | Mitsui pretende exercer direito de preferência por ações da Compass em cinco distribuidoras do Nordeste.

TAG NTS devem concluir interconexão em 2024. ZEG Biogás planeja usina de biometano no Açu.

UMA NOVA INVESTIDA  Mitsui Gás prepara seu 3º grande movimento de aquisição no mercado de distribuição de gás natural no Brasil. A japonesa, segundo fontes, pretende exercer o direito de preferência sobre as ações da Compass, detidas por meio da Commit (ex-Gaspetro), em cinco concessionárias do Nordeste.

A Compass, do grupo Cosan, tem acordo para venda de sua participação indireta na Algás (AL), Cegás (CE), Copergás (PE), Potigás (RN) e Sergas (SE), para a Infra Gás e Energia – empresa do grupo Infra SA, com histórico de atuação em obras públicas.

Sócia da Compass na Commit, no entanto, a Mitsui Gás, bem como os estados, tem direito de preferência na aquisição desses ativos.

E conforme antecipou o político epbr, serviço premium de informações sobre política energética da agência epbr, a Mitsui já começou a avisar os governos dos estados da intenção de exercer a opção – o que deve frear a entrada da Infra Gás no mercado.

Se concretizada e aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a operação pode desencadear uma nova onda de reorganização societária do setor.

DANÇA DAS CADEIRAS É mais um capítulo da rearranjo do mercado de distribuição de gás pós-privatização da Gaspetro – vendida pela Petrobras para a Compass em 2022, por R$ 2 bilhões.

Relembrando… A venda do controle da Gaspetro pela Petrobras resultou na criação da Commit – uma sociedade entre a Compass (51%) e Mitsui (49%).

Controladora da Comgás (SP) e Sulgás (RS), a empresa do grupo Cosan se comprometeu, no rito de aprovação da aquisição da Gaspetro pelo Cade, a vender sua participação em 12 distribuidoras herdadas da antiga subsidiária da Petrobras.

O plano da Compass é se concentrar no Centro-Sul: Sulgás (RS), SCGás (SC), Compagas (PR), MSGás (MS), CEG Rio (RJ) e Necta (ex-GasBrasiliano/SP).

Nessa reacomodação do mercado, a Termogás, do empresário Carlos Suarez, comprou fatias da Commit na Goiasgás (GO), Gaspisa (PI), Gasap (AP), Rongás (RO) e CEBGás (DF); e os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba e o Distrito Federal exerceram seus respectivos direitos de preferência na aquisição de fatias adicionais na Algás, Bahiagás, Cegás, PBGás e CEBGás.

Infra Gás, por sua vez, fechou acordo com a Compass para ficar com as cotas remanescentes em cinco estados do Nordeste. A empresa se queixa, no Cade, sobre a demora na conclusão do negócio – que depende, justamente, da posição da Mitsui sobre o negócio.

A nova investida da companhia japonesa reforça sua participação (seja direta ou indireta) no capital das cinco concessionárias em jogo, mas não muda o controle dessas distribuidoras – todas elas sociedades de economia mista controladas pelos estados.

A Mitsui já possui participação direta (e também indireta, via Commit) na Algás, Cegás, Copergás e Sergas. Na Potigás, a japonesa possui apenas uma fatia indireta, por meio da Commit.


O NOVO PASSO DA MITSUI Se concretizado, este será o 3º grande movimento de aquisição da Mitsui no setor.

A japonesa fincou os pés no mercado de distribuição de gás no Brasil em 2006, por meio da compra da Gaspart – que detinha fatias minoritárias em sete distribuidoras. Era o espólio da Enron, que havia entrado, anos antes, em concordata.

Em 2015, a Mitsui fez um novo movimento importante, com a aquisição de 49% da Gaspetro – na época, a Petrobras, sob a gestão de Aldemir Bendine, não tinha a intenção de vender o controle da subsidiária, como veio a acontecer sete anos depois.

Antes disso, em 2014, a japonesa também havia comprado, num negócio mais pontual, as ações do grupo Taquari na Cegás.

Foi assim que a Mitsui construiu o seu portfólio: são 13 distribuidoras, que, juntas, respondem por 44% do mercado não-termelétrico. 

Sem controlar nenhuma dessas companhias, a Mitsui possui participações diretas na:

  • Algás
  • Bahiagás
  • Cegás
  • Compagas
  • Copergás
  • PBGás
  • SCGás
  • Sergas

E participações indiretas, via Commit, na:

  • Algás
  • Cegás
  • CEG-Rio
  • Compagas
  • Copergás
  • MSGás
  • Necta
  • Potigás
  • SCGás
  • Sergas
  • Sulgás

A presença já consolidada da Mitsui no segmento, inclusive, é encarada, nos bastidores, como um facilitador para a transição de governança nas distribuidoras, segundo fontes –  evitando, assim, a necessidade de se negociar com um sócio inédito nessas concessionárias.

Em nota, a diretora-presidente da Potigás (RN), Marina Melo, confirmou estar ciente do interesse da Mitsui em exercer o direito de preferência.

 “As questões burocráticas para a transferência das ações serão resolvidas no momento oportuno. Vemos como positiva essa aquisição porque a Mitsui já detém participação na empresa desde 2017 e pela reconhecida credibilidade da multinacional no mercado de gás”, afirmou.

Procuradas, Mitsui, Commit, Compass, Infra Gás e Copergás preferiram não comentar. Algás, Sergas e Cegás não responderam até o fechamento desta edição.

GÁS NA SEMANA

TAG e NTS esperam concluir interconexão no 1º semestre de 2024. Além das obras físicas para a ligação entre as malhas, o acordo de interconexão vai precisar passar pelo aval da ANP. Hoje, os pontos de ligação entre os gasodutos das transportadoras passam pelas instalações da Petrobras.

Opinião: Penalidades, custo do transporte e preço do gás inibem o crescimento do mercado. Contratos criam uma verdadeira camisa de força, imposta pelos transportadores, que resultam em um gás natural mais caro, escreve Marcelo Menezes

UTE Marlim Azul entra em operação ainda em 2023. A usina de 565 MW, parceria entre Pátria Investimentos, Shell e Mitsubishi Power, está em fase final de testes. Projeto venceu leilão da Aneel realizado em 2017 e prevê a utilização de gás natural do pré-sal..

Gás de Vaca Muerta é competitivo, diz Pan American Energy. Para Alejandro Dupuy, diretor da maior produtora privada de gás na Argentina, mesmo com a necessidade de ampliação nas redes de gasodutos, gás de Vaca Muerta pode chegar ao Brasil de forma competitiva por sua escala.

ZEG Biogás planeja usina de biometano no Açu. Empresa assinou memorando de entendimentos com a Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro) e o Porto do Açu para a implantação de uma planta com capacidade inicial de produção de 5 milhões de m3/ano para 2025

BNDES aprova R$ 99,7 milhões para biometano no RS. Dinheiro ajudará a financiar projeto da Biometano Sul, união da Solví com a Arpoador Energia no aterro sanitário em Minas do Leão (RS), da CRVR, coligada ao grupo Solví. A planta, de 66 mil m3/dia, deve ser inaugurada no 2º semestre de 2024.

Nos EUA, Democratas pedem moratória contra gasodutos de CO2. Grupo de 12 parlamentares cobra do presidente Joe Biden uma ordem executiva estabelecendo uma moratória sobre qualquer autorização federal para novos dutos e infraestruturas relacionadas ao negócio de captura e armazenamento de carbono (CCS) até que a regulamentação da segurança seja concluída.