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Exclusivo: InterCement contrata BTG para buscar investidor ou vender ativos, dizem fontes
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), de Benjamin Steinbruch, já teria sinalizado interesse pelo ativo local
FONTE: Valor Econômico
A cimenteira InterCement, do grupo Mover (ex-Camargo Corrêa), contratou o BTG Pactual para buscar alternativas de capitalização, o que pode incluir a venda de sua operação no Brasil, apurou o Valor. O mandato também pode incluir a venda da Loma Negra, operação do grupo na Argentina, mas o negócio é visto com mais dificuldade dado contexto político e econômico do país.
Com pesadas dívidas, a InterCement tem sido pressionada a buscar uma solução ao seu balanço. A companhia ganhou fôlego neste ano ao vender seus ativos na África, mas ainda há vencimentos relevantes em 2024, e a ideia seria buscar uma solução definitiva.
Uma fonte disse que o mandato do BTG é amplo e que todas as alternativas serão avaliadas, desde a venda do ativo no Brasil, como a busca de um investidor, fusão com outro grupo ou até mesmo uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), caso haja reabertura da janela para esse tipo de operação.
Um dos interlocutores disse que a situação financeira está resolvida para 2023, já que a companhia negociou dívidas e conseguiu vender ativos, mas há uma dívida externa (“bonds”) de US$ 550 milhões com vencimento na metade do ano que vem.
Segundo uma fonte, parte da família controladora da empresa, hoje na terceira geração, já se decidiu a encontrar um desfecho para o problema e por isso defende a decisão de se vender a operação brasileira, a IC Brasil. A Houlihan Lokey está assessorando o grupo no processo de reestruturação de seus passivos e tem mantido a negociação com os credores. A assessoria jurídica, por sua vez, está com o escritório E. Munhoz. No Brasil, a família ainda é dona de uma fatia relevante da CCR e de ativos imobiliários (HM e CCDI).
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), de Benjamin Steinbruch, já teria sinalizado interesse pelo ativo local. Além dela, a Votorantim Cimentos estaria em busca de montar um grupo com outras cimenteiras menores no intuito de fazer uma oferta. O objetivo, nesse caso, seria dividir o ativo entre as empresas e evitar questionamento por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), visto que a Votorantim é líder do mercado com uma participação aproximada de 35%. No entanto, a visão é de que mesmo assim seria difícil um aval do órgão antitruste para um crescimento inorgânico do conglomerado.
Já a CSN Cimentos possui hoje cerca de 20% de market share, fatia que cresceu após as aquisições de Elizabeth e Lafarge Holcim. A IC Brasil produz cerca de 8,7 milhões de toneladas de cimento, diante de uma capacidade de produção de 12,2 milhões de toneladas.
No mês passado, a InterCement chegou a fechar um acordo com credores detentores de suas debêntures, formado pelos bancos Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil, para postergar o pagamento.
A ICP têm pela frente, até 2027, mais de US$ 1,5 bilhão de dívida líquida. Desse valor, que inclui essas debêntures encarteiradas, o maior volume de pagamento vence em maio de 2024 — uma Senior Note de US$ 548 milhões (R$ 2,73 bilhões, ao câmbio atual).
Desde o ano passado a companhia tem buscado a alternativas de captação, visto que seu principal plano, de abrir capital na bolsa brasileira, foi uma saída frustrada. A companhia chegou perto de realizar seu IPO em 2021, mas recolocou os planos na gaveta diante de maior aversão ao risco por parte dos investidores e da pressão para redução do preço da empresa na oferta. Na época a intenção da empresa era realizar uma oferta de R$ 3,3 bilhões.
Procurados, InterCement e BTG não comentaram.