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‘Estou extremamente preocupado’ com a situação do setor siderúrgico, diz Jorge Gerdau
Com a estrutura atual de alíquotas de importação no mundo, que se movimentou em busca de proteção contra a China, boa parte da produção do país asiático tem sido deslocada para a América do Sul e inundado o mercado brasileiro, explicou o empresário
FONTE: Valor Econômico
O empresário Jorge Gerdau Johannpeter disse nesta quarta-feira (27) que está “extremamente preocupado” com a crescente oferta de aço chinês no mercado brasileiro e indicou que pode haver redução expressiva nas taxas de operação do setor se nenhuma medida para conter o avanço das importações for adotada. “Se não conseguirmos esses 25% [de alíquota de importação], há risco de a China bombardear o Brasil e nos obrigar a reduzir a capacidade em 10%, 20% ou 30%”, afirmou.
Com a estrutura atual de alíquotas de importação no mundo – que se movimentou em busca de proteção contra a China -, boa parte da produção do país asiático tem sido deslocada para a América do Sul e inundado o mercado brasileiro, explicou.
“O problema não é conjuntural, é estrutural. E receio que, pelos nossos processos históricos [de negociação com o governo], não vamos conseguir os 25% de alíquota de importação”, afirmou, durante o Congresso Aço Brasil 2023. O setor já levou ao governo um pedido de elevação da alíquota, em caráter emergencial, mas ainda não teve sucesso. Setores consumidores de aço alegam que a indústria quer usar o aumento de imposto para elevar os preços de seus produtos.
“É preciso se conscientizar de que se não houver pressão política maior junto a congressistas, não vamos conseguir”, afirmou. O empresário disse ainda que, pela primeira vez em décadas de vivência no setor, avalia que os métodos históricos de negociação adotados pelo setor, agora para atingir os 25% de alíquota de importação e acompanhar o resto do mundo, não devem funcionar.
“Não vejo capacidade decisória pelos processos burocráticos convencionais. Estou sentindo insegurança do processo decisório governamental”, afirmou. “Provavelmente vamos ter de mudar nossa atitude política”.