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Eólica em alto-mar pode ampliar em 3,6 vezes capacidade de energia no Brasil, diz CNI
O Brasil tem cerca de 8 mil km de costa e o relatório mapeou uma faixa com as regiões com maiores oportunidades de exploração
FONTE: Valor Econômico
Um estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que a energia eólica gerada em alto-mar (offshore) pode ampliar em até 3,6 vezes a capacidade de energia no Brasil. O documento aponta que a consolidação dessa cadeia de valor pode impulsionar a economia e facilitar a retomada da industrialização, além de estimular o desenvolvimento tecnológico e científico e apoiar a promoção do hidrogênio de baixo carbono no país.
Denominado “Oportunidades e desafios para geração eólica offshore no Brasil e a produção de hidrogênio de baixo carbono”, a pesquisa foi lançada nesta terça-feira (12), em Brasília, no evento pré-COP28.
O Brasil tem cerca de 8 mil km de costa e o relatório mapeou uma faixa com as regiões com maiores oportunidades de exploração. No Nordeste, é observada uma grande área de viabilidade na costa entre o Estado do Piauí, do Ceará e do Rio Grande do Norte. Há também uma área de grande interesse no Sudeste, entre os Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Já na região Sul, observa-se uma área no Estado do Rio Grande do Sul, na Lagoa dos Patos.
“Temos no Brasil um potencial de 700 gigawatts (GW) totalmente inexplorado, mas que pode mudar radicalmente o panorama energético do Brasil, principalmente quando conectado com outras agendas, como o hidrogênio sustentável, o qual o Brasil tem grandes vantagens comparativas de produção e atendimento da demanda”, diz gerente-executivo de meio ambiente e sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.
Os setores da indústria que mais podem ser beneficiados com o hidrogênio de baixo carbono são a siderurgia e refinarias, além da produção de metanol e fertilizantes. Os agentes do setor preveem que as primeiras turbinas no mar brasileiro comecem a gerar energia em 2030. Globalmente, estima-se que 260 (GW) podem ser gerados até 2030, elevando o total global de instalações eólicas offshore para 316 GW ao fim desta década. Para isso, estão previstos investimentos na ordem de US$ 1 trilhão.
Esta modalidade de geração de eletricidade já é realidade na Europa, Ásia e América do Norte, mas depende de avanços na regulação no Brasil e aguarda dezenas de pedidos de licenciamento que se acumulam no Ibama e somam mais de 189 (GW) de capacidade instalada, potencial que ainda é inexplorado. O decreto 10.946, de janeiro de 2022, trouxe o regulamento sobre a cessão de uso de espaços físicos e o aproveitamento dos recursos naturais em águas para o desenvolvimento da energia eólica offshore. Entretanto, segundo o estudo, a natureza do ato não foi suficiente para trazer segurança jurídica aos investidores, daí a necessidade de um marco regulatório que traga previsibilidade e regras mais claras.