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Urca prevê investir R$ 500 milhões para manter a liderança
Companhia estima receita de R$ 1 bilhão em 2023 com aquisições e novos projetos de bioenergia
FONTE: Valor Econômico
O grupo Urca Energia vai investir R$ 500 milhões para a expansão da oferta de biometano, de novos negócios e para aquisições de projetos de geração distribuída, entre outras iniciativas. Todas essas ações visam consolidar a companhia como uma das líderes no segmento, que vem atraindo a atenção de players e consumidores cada vez mais interessados em soluções verdes.
Para marcar o processo, a Urca Energia realizou o primeiro redesenho da sua marca a fim de ressaltar a posição de liderança da companhia, dona de 47 biodigestores e dez plantas de biogás e biometano, além de usinas com capacidade instalada total de 40 megawatts (MW). A perspectiva é que, com os projetos em andamento e com novos negócios, a receita, que deve fechar este ano com R$ 500 milhões, chegue a R$ 1 bilhão em 2023, disse o diretor-executivo da companhia, Marcel Jorand.
Parte dos investimentos será destinada para a realização de aquisições pela Eva Energia, braço de geração distribuída da empresa, em fase de negociação. A empresa colocou em operação comercial, recentemente, duas centrais de 5 megawatts (MW) cada e tem uma carteira de clientes considerada promissora pela Urca Energia, especialmente no segmento do agronegócio – a Eva atua basicamente com produção de biogás de rejeitos animais.
Eva Energia terá recursos para fazer aquisições a fim de garantir espaço na geração distribuída
“A Eva tem uma curva crescente de produção muito importante. As aquisições são só o início do crescimento dela”, disse Jorand. Além da aquisição de outras empresas para a Eva, a Urca Energia também vai colocar parte dos recursos em operações logísticas, com a compra de carretas e equipamentos de compressão e liquefação do biogás.
Outra fatia dos recursos deve ser direcionada para a expansão das operações da empresa em Seropédica (RJ) e em duas novas usinas de biometano – biogás com maiores graus de pureza, cuja composição é regulamentada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A empresa deve fechar o ano com produção de 140 mil metros cúbicos (m3), provenientes da usina localizada em Seropédica. A unidade vai ter a capacidade de produção ampliada para até 200 mil m3 por dia. Além disso, nos próximos dias, a Urca vai pedir averbação das licenças ambientais das novas usinas de processamento em Nova Iguaçu e São Gonçalo, ambas no Rio de Janeiro, que inicialmente geravam energia elétrica e que serão transformadas para produzir o biocombustível.
Nova Iguaçu deve produzir 100 mil m³ ao dia, elevando a produção paulatinamente até chegar ao teto de 160 mil m3 – volume que a coloca como a segunda maior central produtora de biometano no país. Já São Gonçalo deve ter uma capacidade um pouco menor, de 60 mil m3 ao dia. O aumento da produção, portanto, é mais que esperada pela Urca Energia. “São movimentos importantes no curto prazo”, afirmou Jorand. As novas unidades, incorporadas no grupo com aquisição da Gás Verde, mais a ampliação da capacidade da usina de Seropédica, vai colocar o grupo com capacidade de produzir entre 400 mil e 420 m3 ao dia.
Totalmente contratada, São Gonçalo, conta Jorand, teve antecipado o início da operação comercial prevista para entre os últimos meses de 2023 e os primeiros de 2024. Agora, a expectativa é de que a usina inicie no segundo trimestre do ano que vem. Nova Iguaçu também tem expectativa de antecipar para o fim de 2023.
A Urca Energia também se prepara para entrar de cabeça em 2023 no negócio de comercialização de gás natural no mercado livre. Para isso, segundo o executivo, a empresa ainda aguarda definições como acesso à molécula para chegar a clientes em mercados hoje não atendidos pela empresa.
Atualmente, a empresa mira a interiorização do gás, de olho em mercados que ainda não contam com malha de gasodutos, via carretas, que podem transportar de forma comprimida tanto o gás fóssil quanto o biogás.
Os novos negócios da companhia incluem a recém iniciada comercialização de CO2 verde, produto com alta procura por quem busca imprimir mais sustentabilidade nas atividades produtivas. A demanda é tão intensa, segundo ele, que fez com que o proprietário do aterro sanitário onde a usina de Seropédica se localiza adquirisse terrenos no entorno da planta, que inicialmente tinha capacidade de processar 70 toneladas de CO2 por dia, e que foi elevada para 100 toneladas ao dia. É por meio do processamento dos resíduos que se dá a obtenção do CO2 verde. A comercialização do produto permitirá que clientes alcancem suas metas de ESG.
Responsável por 50% do mercado de biometano após a compra da Gás Verde, o grupo Urca não descarta abrir o capital da empresa, mas a empreitada, projeta, somente ocorreria em 2024, uma vez que a empresa não vê uma janela favorável para realizar a oferta primária de ações (IPO, na sigla em inglês) nos próximos dois anos. Por enquanto, os investimentos na expansão das operações serão bancados com capital próprio e com instrumentos disponíveis no mercado financeiro.
Um dos caminhos em estudo é o do Fundo Clima, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), voltado para apoio a projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa. “Já estamos avançando na fase de enquadramento dos projetos”, conclui Jorand.
Em paralelo, a Gás Verde, do grupo Urca, lançou na semana passada o BIORec, certificação que comprova o atributo ambiental da produção, do tratamento e da distribuição do biometano adquirido pelos clientes.