FONTE: PetroNotícias

O Brasil possui um relevante potencial de produção de biogás a partir dos resíduos da agropecuária e da agroindústria. A constatação faz parte de uma nova publicação divulgada nesta semana pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Segundo o trabalho, estima-se que em 2031 o potencial técnico brasileiro poderá superar os 97 bilhões de Nm³ por ano – valor que representa um crescimento de cerca de 24% em comparação com o potencial técnico registrado em 2021. Adicionalmente, os resídulos sólidos e efluentes urbanos também podem ser aproveitados para a obtenção do combustível.

Se o potencial técnico fosse economicamente viável, equivaleria a 25% da demanda energética nacional. Convertido em eletricidade, equivaleria a mais de 20% da geração elétrica total. Já no caso de ser convertido em biometano, o biogás de resíduos equivaleria a cerca de 80% da demanda dos transportes. “A decisão de se investir nesse recurso energético depende da escala do empreendimento, de condições de mercado e de políticas públicas que removam as barreiras atuais”, avalia a EPE.

A empresa estatal de planejamento energético também publicou um trabalho sobre o potencial do Brasil na produção de hidrogênio e ureia associados ao biogás de resíduos. Na biodigestão anaeróbia, o uso de biodigestores de dois estágios permite obter hidrogênio (primeiro estágio, acidogênese) e biogás (segundo estágio, metanogênese). O metano contido no biogás pode, posteriormente, passar pelo processo de reforma a vapor e produzir mais hidrogênio. Todo esse hidrogênio pode ser convertido em amônia, através do processo Haber-Bosch. Da mesma forma, o dióxido de carbono do biogás também pode ser aproveitado para a produção de ureia, através do processo Bosch-Meiser.

“O hidrogênio é a aposta nas discussões sobre a transição energética. É especialmente importante para contribuir na mitigação de emissões de carbono em setores onde o abatimento é mais difícil, tais como siderurgia, cimento etc. Para um país que é grande produtor de alimentos, mas dependente de importações de fertilizantes, a produção de fertilizantes nitrogenados é uma oportunidade estratégica para o desenvolvimento da cadeia do hidrogênio. Também nos transportes e no sistema elétrico, o hidrogênio pode desempenhar um papel importante”, aponta a EPE.

Ainda de acordo com a empresa de planejamento, os potenciais técnicos brasileiros de produção de hidrogênio e ureia a partir do biogás de resíduos correspondem a 23% do consumo mundial de H2 em 2021; e entre 23% e 13% da demanda mundial, de acordo com os cenários da Agência Internacional de Energia. IEA (2022), em 2030. Entre 2021 e 2031, o potencial técnico de produção de ureia a partir do hidrogênio da biomassa residual é maior que 30 vezes a demanda de ureia agrícola do Brasil.

A ureia agrícola desempenha um papel crucial no crescimento saudável das plantas. Tipicamente encontrada na forma de grânulos sólidos, esse fertilizante contém entre 20% e 40% de nitrogênio em sua composição, tornando-o o adubo mais concentrado nessa substância. Quando as plantas têm uma quantidade pequena de Nitrogênio acabam perdendo um pouco do seu vigor. Geralmente, é possível perceber através da sua aparência que existe uma deficiência de Nitrogênio.