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Saneamento puxa crescimento do mercado livre de energia

FONTE: Portal Saneamento Básico

Mesmo não sendo um setor tão intensivo em energia, como cimenteiras, mineradoras e petroquímicas, o segmento de saneamento básico no Brasil tem ajudado a puxar a expansão do mercado livre de energia. Nos últimos 36 meses, entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022, essa foi a atividade econômica que obteve o maior crescimento de consumo em uma avaliação que considerou 15 segmentos produtivos.

Nos últimos três anos, empresas de água e esgoto lideraram aumento do consumo nesse mercado; levantamento que considera 15 segmentos produtivos

Os dados fazem parte de um levantamento feito pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) com informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Neste recorte temporal, a participação do setor de saneamento básico aumentou de 1,6% para 2,3% em relação ao total de energia demandada no mercado livre, atingindo cerca de 525 MW médios mensais. Em equivalências energéticas, isso é superior ao consumo comercial do Estado da Bahia.

Nesse período, entre 2020 e 2022, as empresas operadoras de água e esgoto aumentaram em 47% o consumo de energia elétrica no mercado livre. Por outro lado, em relação a 2021, os três segmentos que apresentaram o maior crescimento no consumo de energia elétrica no mercado livre foram serviços (17%), madeira, papel e celulose (13%) e saneamento básico (12%).

O que ajuda a explicar os dados é o crescente interesse de empresas de saneamento básico pelo ambiente Contratação Livre (ACL). Em 2022, o setor registrou a maior alta na quantidade de unidades consumidoras que migraram para o mercado livre em relação a 2021: 45%, atingindo aproximadamente 1.000 unidades consumidoras. Seguido por transporte, serviços e alimentos (18% cada).

Além da busca por custos menores e maior eficiência operacional em uma área em que a energia elétrica é um dos principais insumos, estas companhias têm buscado atender suas operações com energia renovável, segmento de geração que predomina no mercado livre.

Saneamento: Mercado Livre de Energia

Ao Valor, o presidente da Abraceel, Rodrigo Ferreira, nota que nenhum outro setor teve uma aceleração tão intensa como o de saneamento básico. Ele contextualiza que as atividades mais eletrointensivas já estão há anos comprando energia no mercado livre, enquanto que foi só a partir de a partir de 2020 que as operadoras começaram a migrar com mais intensidade para o mercado livre de energia, movimento que coincide com a sanção do novo marco regulatório do saneamento básico e a privatização de concessionárias de energia.

“É um mercado que está se modernizando. No passado, muitas das empresas de saneamento eram companhias relacionadas com o Estado e a maioria dos estados tinham suas empresas de distribuição de energia. Ao longo do tempo isso mudou. Não somente as empresas de saneamento não são mais estatais como também o mercado de energia elétrica não tem mais estatais de distribuição, a não ser Cemig, Copel e Celesc “.

A lei fortaleceu a segurança jurídica e ampliou investimentos privados nessa área. De acordo com o governo federal, entre 2020 e 2022, nove leilões de concessão realizados no setor de saneamento foram responsáveis por contratar R$ 70 bilhões de investimentos privados no longo prazo para universalizar o acesso aos serviços.

“Na elaboração de propostas competitivas, os proponentes buscam reduzir custos e aumentar a eficiência operacional, sendo que o custo da energia é um dos dois principais itens de custos nesse tipo de operação“, aponta Ferreira. “Sejam as empresas públicas ou privadas, o mercado livre de energia se tornou uma vantagem competitiva para atuar nesse novo ambiente regulatório, pois a eficiência operacional passa a ser crucial para ampliar investimentos e atender a população com preços módicos”, analisa.

A perspectiva é que empresas deste setor continuem migrando, já que a mudança na legislação promete transformar o setor no Brasil e tem a meta de levar água e esgoto para mais de 90% dos brasileiros, até 2033. Diante disso, as companhias terão que melhorar os níveis de eficiência.