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Entidades empresariais levam ao governo propostas de política para o GN na indústria

Grupo Coalizão pela Competitividade do Gás propõe recuperar a competitividade da indústria química e de fertilizantes e tirar o país da incômoda posição de importador de produtos que custam US$ 65 bilhões à balança comercial

FONTE: Brasil Energia

Em um encontro em Brasília realizado no dia 18 de janeiro, oito entidades empresariais apresentaram ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, um leque de propostas de uso do gás natural na indústria, que vai além do uso na geração de energia.

Entre as sugestões, a redução do nível de injeção do gás aos parâmetros da média mundial de 20%, a implementação de infraestrutura necessária para levar esse gás até o litoral e o fomento à construção de novas UPGNs, unidades industriais que craqueiam o gás bruto em metano, etano, propano, butano e outras correntes aproveitáveis, mais ricas e líquidas.

Fonte CCGNMP (Clique na imagem para ampliar)

De acordo com o Grupo Coalizão pela Competitividade do Gás Natural como Matéria Prima (CCGNMP), a indústria química deve fechar 2022 com déficit de US$ 65 bilhões na balança comercial, sendo que quase metade desse valor decorre da importação de fertilizantes, especialmente os nitrogenados (amônia e ureia) que poderiam ser produzidos internamente com o gás nacional.

O Brasil, ainda segundo a entidade, é o maior importador mundial de fertilizantes, superando outros grandes produtores agrícolas como os EUA, China, Rússia e Índia. Pior, essa dependência cresce em um ritmo duas vezes maior que a média mundial.

Balança comercial comparada- US$ bilhões FOB – Acumulado nos últimos 12 meses – Fonte CCGNMP (Clique na imagem para ampliar)

O Grupo Coalizão também pediu apoio à aprovação do PL 3507/21, do deputado Laercio Oliveira (PP/SE), que institui o Profert (Programa de Desenvolvimento da Indústria de Fertilizantes), o fomento à implantação de gasodutos de transporte e distribuição orientados para abastecer as indústrias químicas e de fertilizantes e a infraestrutura para permitir maior uso do GNV nos transportes.

O CCGNMP é formado por sete associações industriais e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Sergipe. A Abemi (Associação Brasileira de Engenharia Industrial) lidera o CCGNMP, do qual participam ainda a Abegás, Abdib, Abiquim, a Confederação Nacional de Transportes (CNT), o Sinprifert (Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas para Fertilizantes) e a TGBC (Transportadora de Gás Brasil Central).

Repercussões

Sensível ao tema, o ministro Silveira determinou a criação de um grupo de trabalho integrado por técnicos do MME e indicados pelo Grupo Coalizão. Este, por sua vez, também anunciou que está em vias de contratar estudo com a PUC-RJ para que identifique os gargalos e proponha soluções para o uso do gás em volumes e preços competitivos, com foco em questões de logística e infraestrutura, regulação complementar e dispositivos fiscais, tributários e ambientais.

Após o encontro, o presidente da Abemi, Joaquim Maia, comentou que “o gás tem um peso de 80% nos custos de produção dos fertilizantes. Se a reinjeção de gás for reduzida aos padrões mundiais para cerca de 20%, e a diferença em gás for internalizada, o Brasil poderá ter fortes impactos macroeconômicos”, através das oportunidades geradas entre fornecedores de produtos e equipamentos, de engenharia industrial e serviços técnicos especializados.

Em coro, o presidente da Abiquim, André Cordeiro Passos, afirmou que, com o equacionamento da oferta e do preço de gás natural no Brasil, “a indústria química pode voltar a investir em um patamar de US$ 5 bilhões/ano, reduzir o déficit comercial de químicos de US$ 65 bilhões para US$ 30 bilhões, aumentar rapidamente a produção de químicos, reduzindo a capacidade produtiva ociosa de 30% para 10%, caminhar na direção de elevar a utilização de energias e matérias-primas renováveis e investir fortemente em processos produtivos circulares e com emissão zero de carbono”.

Em jogo, segundo ele, a solução desse tema pode gerar mais de R$ 100 bilhões em investimentos, R$ 400 bilhões em produção e renda, 2,8 milhões de empregos e mais de R$ 9 bilhões em arrecadação tributária extra.