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Hidrogênio verde vai demandar 180 GW adicionais até 2040 no Brasil, diz McKinsey
Estudo da consultoria aponta que mercado brasileiro vai produzir 13 milhões de toneladas no horizonte de 20 anos, com receita de até US$ 20 bilhões
FONTE: Brasil Energia
O efeito a longo prazo dos vários investimentos anunciados em hidrogênio verde no país será um mercado com capacidade para produzir até 13 milhões de toneladas ao ano em 2040, com receita entre 15 e 20 bilhões de dólares que deve ainda ser ampliada para 200 bilhões ao se considerar toda a cadeia produtiva, que inclui pro exemplo geração adicional de energia, transmissão, eletrolisadores, infraestrutura associada para armazenagem, terminais de exportação e estrutura para produção de amônia verde.
A projeção é de estudo da consultoria McKinsey, apresentada no Encontro Nacional da Absolar, no começo de dezembro, pelo sócio João Guillaumon.
Segundo ele, ao chegar nesse patamar o mercado demandará uma capacidade de geração de energia renovável de 180 GW, um pouco superior a atual potência instalada no País, com todas as fontes de geração (178 GW).
“Será necessário um novo Brasil para chegar nessas 13 milhões de toneladas no horizonte de 20 anos”, disse Guillaumon. Os efeitos na descarbonização também serão grandiosos na projeção do estudo: 75 milhões de toneladas de emissões de CO2 evitadas.
Para esse cenário se concretizar, o Brasil conta com três fatores. O primeiro é o potencial para a geração de energia renovável do país, principalmente eólicas e solares, que são ainda mais competitivas ao serem associadas em usinas híbridas. Esse aspecto é fundamental ao se lembrar que 70% do custo de produção do H2V é oriundo da eletricidade.
O segundo fato é o Sistema Interligado Nacional, que hoje já tem 85% da sua energia vinda de fontes renováveis e, no horizonte de 20 anos do estudo, deve ultrapassar os 90%. Em análise da McKinsey, ao se comparar duas plantas iguais com eletrolisador e usinas híbridas solar-eólica, sendo uma delas isolada do SIN e outra conectada, a última teria uma redução de custo de produção da ordem de 10% a 30%.
Isso se daria primeiro porque a planta diminuiria o risco de falta de energia suficiente em momentos de pico de produção do H2V, em momentos de intermitência das renováveis, por estar conectada ao SIN. E segundo porque, ao ter energia excedente das usinas, poderia vendê-la na rede.
O terceiro fator favorável para a crença no mercado de 13 milhões de toneladas de hidrogênio verde em 2040 é o Brasil tem um setor industrial consolidado para consumir o novo insumo. Para a consultoria, 60% da produção será consumida pela demanda doméstica, principalmente para uso na indústria de ferro e aço verdes, para fertilizantes, metanol e outros produtos.
Por outro lado, há desafios em regulação técnica para garantia de eletricidade, combustível e para água suficiente para atender a indústria futura. De financiamento, já que o custo de capital é relativamente alto no país. E de infraestrutura, principalmente para acelerar processos de licenciamento para atender um ritmo de expansão elevado.