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Após um ano operando, Acelen quer atuar como companhia de energia

Primeiro ano da empresa do fundo Mubadala foi marcado por investimentos de R$ 1,1 bilhão em modernização e diversificação da produção

FONTE: Valor Econômico

Primeiro ativo de refino da Petrobras a ter a privatização concluída, a antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, passou a ser operada em dezembro de 2021 pela Acelen, controlada pelo fundo Mubadala, de Abu Dhabi. O primeiro ano foi marcado por investimentos na produção, com a diversificação da linha de produtos. Ao mesmo tempo, a empresa procurou se manter alinhada ao mercado global de combustíveis em um ano marcado pela guerra na Ucrânia, que aumentou a volatilidade do petróleo e derivados. No Brasil, esse cenário, combinado com o calendário eleitoral, acentuou as discussões sobre a defasagem nos preços da Petrobras.

Ao fim de dezembro, a companhia passa a operar com 1.200 funcionários. O presidente da Acelen, Luiz de Mendonça, diz que o foco dos trabalhos no primeiro ano foi nas melhorias operacionais da unidade. Agora a companhia quer se consolidar como uma empresa de energia, não apenas uma refinaria.

“A gente tem um grupo dentro da Acelen que está estudando novos projetos. Estamos mapeando oportunidades que possam estar aí, no próprio mercado”, diz Mendonça. Em operação desde a década de 1950, a Refinaria de Mataripe é um dos projetos de refino mais antigos do país.

A Acelen comprou o ativo por US$ 1,8 bilhão. Ao todo, o primeiro ano de operação envolveu investimentos de R$ 1,1 bilhão na modernização e no aumento da confiabilidade e eficiência operacional da planta. Desse valor, R$ 60 milhões foram destinados a programas ambientais.

Dona de 14% da capacidade nacional de refino, a unidade ampliou a gama de produtos oferecidos ao mercado este ano. Passou a entregar solventes especiais e o gás propano, além de se tornar a primeira produtora no Brasil de butano, gás de alta pureza usado em mistura com outros gases para aplicações em diversos produtos, como espumas de barbear, fogareiros, chantilly e instrumentos de cozinha. “Quando a Acelen recebeu a refinaria de Mataripe das mãos da Petrobras, a unidade possuía 60% de utilização média, com produção da ordem de 200 mil barris por dia. Atualmente, a média de produção é de 260 mil barris diários chegando a 290 mil barris por dia em alguns momentos”.

O executivo avalia que o Brasil tem uma trilha a seguir, com oportunidades que outros países não possuem, com alto índice de adoção de combustíveis renováveis, e que a tendência vista no exterior, de maior eletrificação e de mudança na matriz energética precisa ser vista no mercado brasileiro. Para que isso ocorra, porém, ele ressalta a importância de mais celeridade na regulamentação de incentivos a novos mercados, como o de combustíveis menos poluentes. “O que eu acho que precisa ocorrer no Brasil é [a criação de] um arcabouço regulatório. Existem oportunidades com os combustíveis renováveis. Os Estados Unidos têm incentivos muito claros, a Europa também, com mercados de créditos de carbono bastante desenvolvidos. Essas são oportunidades que o Brasil não pode perder” disse.

Para Mendonça, o mercado global de combustíveis vai permanecer com oferta e demanda apertados, em especial no caso do diesel. No entanto, não vê problemas de abastecimento no Brasil. “Na região em que temos maior impacto, não vemos problemas para enfrentar toda a demanda. Acho que nossos mercados estão bem balanceados”, afirmou. Ele aponta, no entanto, que vai ser importante que o país explore a diversidade de fontes para manter a segurança energética. “No curto prazo, creio que o desengargalamento das unidades de produção vai ser suficiente para fazer frente à demanda. No futuro, se o Brasil souber explorar toda essa diversidade energética que tem, vai estar muito bem posicionado.”