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Tupy cresce e se diversifica ao assumir MWM
Fabricante de motores e geradores de energia, foco em descarbonização e distribuidora de peças foi adquirida por R$ 865 milhões
FONTE: Valor Econômico
A fundição Tupy, fabricante líder de blocos e cabeçotes de motores, considera que consolidou nesta quarta-feira (30) novo passo em sua estratégia, abrindo novas avenidas de crescimento que incluem a transição para uma economia de baixo carbono e tecnologias de eficiência energética. A empresa finalizou a aquisição da MWM Brasil, após os aval antitruste, em um negócio de R$ 865 milhões, anunciado em abril.
A companhia catarinense, sediada em Joinville e que gera 73% da receita no mercado externo, aposta alto na complementariedade de operações – a MWM é tradicional fabricante de motores – e nos negócios que envolvem distribuição e reposição de peças, soluções diversas para o segmento marítimo e de geração de energia, biogás/biometano e descarbonização. “Isso tudo nos atraiu na MWM”, disse Fernando de Rizzo, presidente da Tupy.
Em comunicado, Tupy e MWW destacaram que a transação “está alinhada à estratégia de crescimento de ambas as empresas tanto nos negócios atuais [das duas companhias], pela agregação de valor aos produtos, quanto na promoção de soluções viáveis para a descarbonização”.
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Aos 84 anos, a Tupy se especializou em componentes estruturais aplicados em transporte de carga, em todos os modais, máquinas agrícolas, infraestrutura e geração de energia. Por sua vez, a MWM, que faz 70 anos de Brasil em 2023, fabrica motores de terceiros sob contratos de manufatura, abrangendo usinagem, montagem, calibração, validação técnica e serviços de engenharia.
A MWM – disse em entrevista José Eduardo Castro Luzzi, presidente da companhia, com carreira de quase quatro décadas na empresa – está há 30 anos na fabricação de motores para terceiros. Por exemplo, Toyota, GM, Caterpillar e outras fabricantes de veículos. Desde 2011, tem exclusividade cm a MAN, marca de caminhões do grupo Volkswagen.
“Essa exclusividade deixa de existir ao passar ao controle da Tupy”, explicou Rizzo. A empresa passará a atender todas as montadoras e clientes de motores, cabeçotes e blocos de motores. A MWM será uma empresa 100% controlada da Tupy, com gestão independente, focando nos seus negócios. Luzzi, informou o CEO da companhia de fundição, vai continuar à frente da gestão.
O executivo da MWM informou que 50% da receita da empresa – que, anualizada, supera a marca de R$ 3 bilhões – vem da fabricação de motores para terceiros e própria e os outros 50% com as demais operações – geradores de energia, reposição de peças, segmento marítimo e atividades de produção de biogás e biometano.
No início da noite, a Tupy informou em Fato Relevante sobre a conclusão do negócio que a receita líquida acumulada da MWM de novembro de 2021 a outubro de 2022 alcançou aproximadamente R$ 3,2 bilhões, com margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 6,5%, e retorno sobre capital investido (ROIC) superior a 20%. Destacou que isso reflete o mix de produtos e características do modelo de negócios da empresa, que agora se incorpora à estratégia da Tupy.
A companhia catarinense, com isso, salta para uma receita anualizada na casa de R$ 13 bilhões, Ebitda da ordem de R$ 1,5 bilhão e 20 mil funcionários. Passa a ter fábricas no Brasil (Joinville, São Paulo e Betim-MG), no México e em Portugal, exportando para mais de 30 países. “A MWM veio para agregação de valor aos produtos da Tupy e diversificação, São duas empresas que se conectam muito bem”, disse Rizzo.
Segundo o executivo, a Tupy olha para um mundo que será multienergético e o Brasil tem enorme potencial em vários combustíveis – biogás, biometáno, etanol, hidrogênio verde e energias renováveis (solar e eólica). “A combinação abre oportunidades para as duas companhias”, destaca Luzzi, engenheiro mecânico, que entrou como estagiário na MWM.
O executivo informa que as inciativas na área de energia e de descarbonização, com projetos ligados ao agronegócio para geração de biogás, biometano e energia em fazendas, não era foco do antigo controlador da empresa, um grupo internacional.
Seu potencial para crescer, afirma Rizzo, foi grande atrativo para a Tupy no negócio. “Há muita tecnologia empenhada e desenvolvida pela MWM, que trouxe especialistas em diversas áreas, como biofertilizantes”. Nesse processo, motores a diesel podem ser substituídos, nas mesmas especificações e igual torque de potência, por motores movidos a biometano, diz o CEO da MWM. “O CO2 sai como subproduto do biometano, tendo utilizações, por exemplo, na indústria de cosméticos”.