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Sergipe pode se tornar hub de gás regional a partir de 2024

Para a diretora-técnica da Agrese, Regina do Rosário, novos empreendimentos podem fazer com que o mercado livre de gás prospere no estado; já para o deputado federal e senador eleito Laércio Oliveira, as dificuldades da migração para o ACL estão relacionadas à imaturidade do mercado nacional

FONTE: Brasil Energia

Sergipe passa por uma fase de otimismo quanto ao mercado de gás natural. Novos emprendimentos no estado, como a interligação do terminal de GNL, a exploração de novos campos pela ExxonMobil e a transferência do Polo Carmópolis da Petrobras para a Carmo Energy podem atrair novos investidores e aumentar a oferta do insumo na região.

A opinião é da diretora-técnica da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Sergipe (Agrese), Regina do Rosário, para quem os epreendimentos também podem fazer com que o mercado livre de gás prospere de forma significativa.

Em entrevista ao EnergiaHoje, a executiva disse acreditar que os consumidores esperam a implementação da mudança para o barateamento do gás e a atração de mais fornecedores. Atualmente, a Agrese conversa com duas distribuidoras que têm interesse em migrar para o ambiente livre. Ambas já têm proposta dos produtores e aguardam o momento mais adequado para efetivar a ação.

“Querendo ou não, essa migração do mercado cativo para o livre tem um risco, como do próprio negócio e da segurança. Então, o consumidor precisa ter certeza de que ele tem uma oferta e um contrato que sejam interessantes tanto do ponto de vista financeiro quanto da gestão”, destacou Regina.

Para o deputado federal e senador eleito Laércio Oliveira, as dificuldades da migração para o ACL estão relacionadas à imaturidade do mercado nacional de gás. A insegurança de suprimento e as dificuldades burocráticas para contratação são barreiras que o cliente encontra ao optar pela mudança.

Além disso, a invasão russa à Ucrânia restringiu a oferta de combustíveis neste ano e resultou tanto na elevação dos preços quanto na dificuldade de suprimento. “A evolução das regulações estaduais, a simplificação da contratação do transporte e uma maior número de ofertantes do gás no mercado são fatores determinantes para que o número de consumidores livres possa crescer”, explicou Laércio.

Tarifa ainda é alta

Sergipe é um dos estados com maior tarifa no Nordeste, em decorrência do volume das distribuidoras. Quanto maior o volume de gás natural, menor o preço pelo combustível e vice-versa. A região tem capacidade atual de 250 mil m³/dia.

“Quando há uma chamada pública, os ofertantes vão olhar para os estados e comparar os volumes. Se ele estiver entre uma Bahia com [volume] 2 milhões de m³/dia ou Sergipe com 250 mil m³/dia, obviamente ele vai preferir os dois milhões”, explicou a diretora-técnica da Agrese.

Regina afirmou que o ideal era que a distribuidora tivesse um volume de 350 mil m³/dia para conseguir “respirar com calma” e trabalhar com o gás. Com a exploração de novas empresas e as possíveis descobertas para 2023, ela acredita que os campos podem ser usados integralmente pela distribuidora ou por um consumidor livre. O esperado é um “boom” da oferta entre 2024 e 2026.

A tendência é que os preços continuem em alta pelos próximos dois anos mas, de acordo com o Laércio, o mercado estará mais estável com o escoamento de novos volumes de gás nacional offshore. Além do aumento da produção onshore, incremento do biometano e estabilização do suprimento da Europa a partir de novas fontes.

PL de escoamento do gás

O deputado federal estuda um projeto de lei para estimular o escoamento de volumes de gás reinjetado e ampliar a oferta. O documento ainda é tema de debates e serão ouvidas sugestões de agentes do mercado. A expectativa é receber novas contribuições nos próximos dias e apresentar a proposta consolidada ainda este ano.

“O nosso propósito não é criar ônus aos produtores nem criar barreiras à atratividade das oportunidades de investimentos que o país oferece aos produtores, por entender que não podemos retardar mais as atividades de pesquisa e exploração das nossas riquezas de petróleo e gás, sob pena de ficarem guardadas no subsolo para sempre, por conta do processo de transição energética”, ressaltou.

Além disso, o projeto busca maneiras de estimular a interiorização do gás, por meio do GNL e GNC, em locais que não há viabilidade de atendimento por gasoduto. A ideia é implementar redes estruturadas isoladas que podem ser conectadas ao sistema rodoviário no futuro.

O deputado federal lembrou do projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP), da Petrobras. A ideia é escoar 18 milhões de m³/dia de gás por meio de uma rota de 100 quilômetros no mar e 28 quilômetros na terra, a partir de 2 FPSO’s. O insumo será processado nas unidades flutuantes e escoado já especificado.

A mesma solução também será adotada pela Equinor, no projeto Pão de Açúcar, no campo BM-C-33. Com operação prevista para 2026, o trecho de águas ultraprofundas e profundas do gasoduto será formado por linhas de 24”; enquanto a etapa de água rasas contará com dutos de 22” de diâmetro.