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Período seco termina com folga nos reservatórios
Os reservatórios do SE/CO estão com quase uma vez e meia o que tinham em novembro do ano passado, mas não dá para relaxar
FONTE: Brasil Energia
O período seco de 2022 termina na próxima quarta-feira, 30/11, com os reservatórios mais relevantes para o armazenamento de energia do SIN em situação de conforto que não alcançavam, no conjunto, desde 2011. Na quarta-feira, dia 23, o armazenamento do subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO) estava em 47,32%, o maior para a mesma data desde 2011 (57,80%). O subsistema SE/CO representa 70% da capacidade de acumulação do SIN.
Na comparação com o dia 23 de novembro do ano passado, quando o país começava a respirar aliviado da crise hídrica que obrigou a um racionamento via preço e quase obriga ao racionamento físico, fica evidente o tamanho da crise vivida em 2021. Os reservatórios do SE/CO, mesmo tendo desfrutado de um final de período seco favorável, estavam com 19,34% de armazenamento, quase uma vez e meia menos do que a acumulação atual.
Quando se olha os principais reservatórios do ponto de vista do equilíbrio do sistema, a mudança é ainda mais evidente. Furnas, Emborcação, Nova Ponte e Itumbiara estavam ontem com, respectivamente, 56,21%, 41,51%, 40,10% e 40,61% de volume útil. Na mesma data do ano passado os números respectivos eram 21,42%, 12,66%, 12,65% e 16,59%.
A contribuição de São Pedro, tanto no período úmido 2021/2022 quanto no período seco de 2022, quando as chuvas estiverem, em geral, perto da média histórica, foi decisiva, especialmente alimentando constantemente os pequenos reservatórios do Sul para que a região contribuísse fortemente,o tempo todo, para o suprimento da carga.
Mas a mudança de percepção quanto às condições climáticas de médio e longo prazo também teve papel importante no conforto que foi conseguido para que se possa encarar o período úmido que está chegando com tranquilidade, mesmo que ele não venha a ser dos melhores.
A crise de 2021, que se seguiu à de 2014, parece ter convencido as autoridades setoriais de que não se pode mais trabalhar com expectativas de armazenamento se renovando naturalmente a cada período úmido, como ocorria anteriormente. O planejamento da ANA para a recuperação dos reservatórios este ano, seguido rigorosamente, demonstra essa preocupação.
Tudo indica que as dúvidas sobre os efeitos das mudanças climáticas sobre a hidrologia, e as afluências, estão cada vez mais minoritárias no planejamento da operação do Sistema. Diante do convencimento cada vez maior quanto à nova realidade, não é mais possível esbanjar água ao longo do período seco como se fazia no passado, na certeza do resgate de dezembro a abril. Para minimizar os riscos, o planejamento tem que ser ano a ano.
A expectativa de parte dos especialistas de que o Verão que se aproxima será quente no SE/CO e com chuvas não necessariamente concentradas nas áreas mais favoráveis aos reservatórios serve de alerta para que a perspectiva de um segundo ano consecutivo de conforto não seja motivo de relaxamento.
Como ilustração, ainda que muito embrionária e pouco representativa do que está por vir, os números de novembro deste ano estão com sinalização inversa em relação aos do mesmo período do ano passado.
No dia 31 de outubro de 2021 o armazenamento no SE/CO era de 18,22%, com 18,27% em Furnas, seu principal reservatório. No dia 23 de novembro os números eram, respectivamente, 19,34% e 21,42%. Este ano, no dia 31 de outubro o subsistema SE/CO estava com 49,61% de acumulação e caiu para 47,32% em 23 de novembro. Em Furnas, a redução foi de 58,77% pata 56,21%. Tudo sob controle, mas não custa ficar alerta.