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AES vê hidrogênio verde chegar ao Brasil antes da eólica offshore

“É pauta importante para acontecer nos próximos meses e anos, mas eu diria que está um passo atrás do hidrogênio”, avalia a CEO da AES Brasil, Clarissa Sadock

FONTE: Brasil Energia

A CEO da AES Brasil, Clarissa Sadock, previu hoje, 04/11, durante conferência de apresentação dos resultados do terceiro trimestre deste ano para analistas do mercado, que a primeira onda de investimentos em hidrogênio verde no país virá antes do desenvolvimento da geração eólica offshore, embora ambos estejam no radar das empresas e da própria AES.

“O offshore é algo que vimos discutindo internamente e no mundo como um todo, mas eu diria que vejo uma primeira onda de hidrogênio acontecendo antes do offshore”, afirmou. Sadock explicou que o Brasil ainda possui uma capacidade “bastante relevante” de energia solar e eólica onshore a desenvolver, e essa capacidade deverá, em um primeiro momento, inibir a expansão do offshore.

É baseada nessa análise que a AES vem procurando estar na vanguarda das tratativas para a produção de hidrogênio verde no Brasil. No final do ano passado a elétrica assinou um memorando de entendimento para a instalação de uma planta no Porto de Pecém, no Ceará, tendo avançado este ano para um pré-contrato prevendo a produção de 2 GW de hidrogênio verde ainda sem cronograma definido.

A executiva vê na exportação o principal mercado para o hidrogênio verde brasileiro nessa esperada primeira onda, dada a localização favorável do país para atendimento à demanda externa, especialmente da Europa, abrindo uma nova porta para o crescimento da produção de energia no Brasil, hoje condicionada, basicamente, ao crescimento do PIB.

Em relação ao offshore, Sadock considera que ainda há importantes discussões para acontecer, do ponto de vista regulatório e de licenciamento ambiental. “É pauta importante para acontecer nos próximos meses e anos, mas eu diria que está um passo atrás do hidrogênio”, avaliou.

Mesmo em relação ao hidrogênio verde, a CEO da AES Brasil disse que a fase atual é embrionária, de busca de parcerias, não só com o Porto de Pecém, e de definições de rumos a serem tomados. Sadock ressaltou que o hidrogênio verde ainda é um produto caro, com preço estimado entre US$ 3 e US$ 3,5 por quilo, enquanto o de origens não ecológicas sai praticamente pela metade desse preço.

Originalmente focada na geração hidrelétrica, da qual o principal ativo é a UHE Água Vermelha (1.396,2 MW), a AES vem investindo na expansão do seu parque gerador de fontes variáveis (eólica e solar), devendo alcançar, quando os parques eólicos de Tucano (322,4 MW), na Bahia, e de Cajuína (695 MW), no Rio Grande do Norte ficarem prontos no próximo ano uma capacidade total de 5,2 GW, quase o dobro da hidrelétrica (2,7 MW).

A empresa fechou o terceiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 102,6 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 103,1 milhões no9 mesmo período do ano passado. O efeito da melhora hidrológica sobre a produção energética da empresa teve papel decisivo nessa reversão, já que o terceiro trimestre de 2021 foi o auge da crise hídrica no país.