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Nova Ferroeste: estudo de viabilidade para ramal entre PR e SC

FONTE: Revista OE

Em 2021, a TPF Engenharia participou dos Estudos de Viabilidade Técnica-Operacional, Econômica – Financeira, Ambiental e Jurídica (EVTEA-J) da Nova Ferroeste, ferrovia interestadual brasileira com 1.285 km de extensão que corta parte do Mato Grosso do Sul e do Paraná. O novo corredor ampliará a capacidade de escoamento de carga em sua área de influência, que abrange também Santa Catarina e regiões do Paraguai e Argentina. Além de ampliar a capacidade logística, a Nova Ferroeste também reduzirá custos de transporte e impactos no meio ambiente (o empreendimento atende os critérios do Climate Bonds Initiative).

O potencial do projeto chamou a atenção de produtores da região oeste de Santa Catarina, um dos líderes do país na produção de proteína animal. A demanda de insumos para ração no estado é historicamente maior do que a sua produção interna. O crescimento da indústria de alimentos e de proteína animal catarinense tem elevado esse déficit, que segue tendência de crescimento. Nesse cenário, o milho e a soja do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná são estratégicos para a expansão da indústria pecuária do estado. Hoje, a maior parte desse volume é transportado através do modal rodoviário, que tende a ter maiores custos de transporte e maior transit time, além de oferecer mais riscos de acidentes quando comparado ao modal ferroviário.

Diferentes representantes do setor produtivo, liderados pela Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), enxergaram na Nova Ferroeste uma oportunidade para garantir maior eficiência ao transporte de ração que abastece a região. Várias associações empresariais se uniram e contrataram a TPF Engenharia para elaborar o Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE) de um ramal ferroviário entre as cidades de Chapecó (SC) e Cascavel (PR) – polo onde há conexão com a Nova Ferroeste. O estudo foi possível graças ao mecanismo de autorizações do Novo Marco Ferroviário (Lei 14.273/21), que permite a livre iniciativa no mercado de ferrovias.

Com a construção do ramal, o milho e a soja que abastecem a região serão transportados pela Nova Ferroeste até o Novo Terminal Ferroviário de Cascavel, de onde as cargas seguirão até Chapecó, passando por diversos municípios de Santa Catarina. A ferrovia terá uma extensão total de 263 km, uma velocidade máxima de operação de 80 km/h e um investimento previsto (Capex) de R$ 6,6 bilhões. Um dos parâmetros de engenharia estabelecidos para o ramal foram os trilhos em bitola larga, que permitem plena integração à estrutura da Nova Ferroeste e garantem maior capacidade de carga (double stack). O ramal também será uma infraestrutura com selo verde, pois atende os padrões de emissão de CO2 para certificação de títulos ligados ao clima (Climate Bonds).

O traçado entre Cascavel e Chapecó foi definido de forma criteriosa, com o apoio da inteligência artificial. Aplicamos a tecnologia de machine learning a uma grande massa de dados (big data) para determinarmos as melhores opções de rota entre esses dois polos de carga. Treze variáveis relacionadas a fatores físicos, logísticos, socioeconômicos e socioambientais compuseram a matriz multicritério que resultou na determinação de um corredor de favorabilidade (faixa com as melhores condições para a implantação da linha férrea). Esse rigor técnico confere ao projeto a robustez esperada de um investimento dessa magnitude, que promete, junto com a Nova Ferroeste, revolucionar a cadeia logística dos maiores produtores agropecuários do Brasil.

TPFE OE 2022 – Foto 4 Matéria