.

Grupo Lara pretende instalar URE de R$ 1,5 bilhão em Mauá

Usina deverá receber 3 mil toneladas de resíduos sólidos por dia e terá capacidade instalada de 80 MW, segundo o CEO do grupo, Daniel Sindicic

FONTE: Brasil Energia

O Grupo Lara pretende investir R$ 1,5 bilhão na construção de uma usina de recuperação energética em Mauá, na região metropolitana de São Paulo. A empresa busca captar investidores para viabilizar a instalação da unidade por meio de contratação no mercado regulado ou no mercado livre de energia.

A URE está projetada para funcionar 24 horas por dia, em três turnos de oito horas cada, por aproximadamente 340 dias no ano. A unidade deverá receber 3 mil toneladas de resíduos sólidos por dia e terá capacidade instalada de 80 MW.

De acordo com o CEO do Grupo Lara, Daniel Sindicic, o projeto foi pensado para proporcionar um empreendimento de longa operação. “Não adianta eu ficar pensando daqui a cinco ou 10 anos, pois essa produção de lixo não vai parar dentro desse período. Apesar do aterro sanitário ter entre 20 a 25 anos de vida útil, esse tempo passa rápido”, disse ao EnergiaHoje.

A construção vai ocupar uma área de 90 mil m² e ficará dentro de um aterro sanitário controlado pelo Grupo Lara. Em dezembro de 2019, a prefeitura de Mauá (SP) realizou audiência pública para apresentar o projeto da URE da Lara Central de Tratamento de Resíduos, que opera o aterro há mais de 20 anos.

As usinas de recuperação energética usam o rejeito do lixo para geração de energia, aquela parte que não é possível aproveitar para outra finalidade. Quando chega nos aterros, o rejeito está misturado a materiais orgânicos. Para fazer a limpeza, Sindicic explicou que o lixo vai percorrer um circuito dentro da usina para secagem e o vapor vai passar por um filtro para evitar cheiro.

O projeto tem unidade de recebimento, com capacidade para 12 caminhões simultaneamente. Após esta etapa, os resíduos são encaminhados para tratamento mecânico e biológico, responsável pelo processo de separação, compostagem e secagem do material.

Depois do pré-tratamento, os resíduos vão para queima, onde o calor é aproveitado em caldeiras para gerar vapor e eletricidade nas turbinas. Sindicic destacou que as caldeiras também vão usar o excesso de biogás, que atualmente é queimado em flare, para aumentar a eficiência energética.

No âmbito dos equipamentos, ele acredita que cerca de 90% dos materiais serão de fornecimento nacional. Já a grelha e a caldeira serão disponibilizadas pela empresa alemã Baumgart, que, segundo o executivo, é detentora de diversas plantas de recuperação energética no mundo.

A URE Mauá recebeu o licença ambiental pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). “Quando se fala em grandes volumes, é muito difícil pensar em uma tecnologia segura que não seja um aterro sanitário bem elaborado. Esse foi um trabalho que fizemos por anos, de buscar minimizar o uso do aterro”, ressaltou.

Agora, o Grupo Lara espera fechar os contratos de compra de energia elétrica para seguir no desenvolvimento do empreendimento.

Leilões

Os leilões de energia nova A-5 e A-6 deste ano incluíram a geração de energia a partir de resíduos sólidos urbanos. Foram dez projetos cadastrados no A-5, somando 180 MW, e nove cadastrados no A-6, com um total de 176 MW. Ao todo, foram 19 projetos de RSU e 356 MW – suficientes para abastecer cerca de 1,2 milhão de residências.

O leilão A-6 foi cancelado em agosto por falta de demanda por parte das distribuidoras de energia. Já o leilão A-5 teve baixa adesão, com participação de apenas duas distribuidoras. Apenas uma usina movida a resíduos sólidos urbanos venceu o certame, a de Barueri (SP), com 20 MW de potência e 16 MWmed de GF.

O executivo destacou que o preço de cerca de R$ 600/MW foi interessante, mas a demanda por distribuidora ainda foi muito baixa. Para o projeto do Grupo Lara participar, o leilão precisaria de uma demanda de, pelo menos, 80 MW. “Isso vai ser melhor nos próximos anos, em que esperamos um crescimento do país”, comentou.

Sindicic acredita que o empreendimento conseguirá concluir a etapa de leilão de energia em 2023. Após aprovação, a planta deverá ser construída em 36 meses.

Além disso, a empresa investe em outra URE, de 14 MW, na cidade de Pimpri Chinchiwad, na Índia. Esta usina está em fase mais avançada de implementação e terá capacidade para queima de 900 toneladas de resíduos por dia. A energia gerada será usada na operação da estação de tratamento de água e esgoto da região.