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Aporte de R$ 35 bi em Suape até 2027 vai gerar mais de 17 mil empregos
FONTE: Revista OE
Após dois anos de grandes dificuldades impostas pela pandemia da covid-19, o Complexo Industrial Portuário de Suape retomou com fôlego, em 2021, a rota do desenvolvimento econômico e sustentável, com a atração de expressivos investimentos, melhoria da infraestrutura do atracadouro e início de novos projetos socioambientais. Somente este ano, o Governo de Pernambuco fechou importantes negociações que resultarão em um aporte que ultrapassará, até 2027, os R$ 35 bilhões em Suape. Os projetos vão gerar mais de 17,5 mil empregos nos próximos anos. Atualmente, 224 empresas estão instaladas no complexo e áreas adjacentes, mantendo mais de 40 mil postos de trabalho.
Com a retomada da economia, os números saltaram dos R$ 18,8 milhões em 2020, para R$ 69,9 milhões, em 2021. Entre 2014 e 2022, o maior investimento atraído para o complexo foi a fábrica da Aché, que teve sua pedra fundamental lançada em 2018. A unidade foi erguida numa área de 25 hectares (250 mil m2), no Cabo de Santo Agostinho, com investimento de R$ 500 milhões e a geração de 3.000 empregos diretos e indiretos.
Após finalizar o seu centro de distribuição em 2019, a Aché teve que adiar a entrega do seu parque fabril previsto para 2021. As obras da segunda fase, que será destinada à fabricação de medicamento, estão em ritmo acelerado. Quando estiver completa, a planta vai produzir, embalar e distribuir remédios para todo o Nordeste. Com a segunda etapa, a instalação vai produzir os medicamentos sólidos. Com investimento de R$ 292 milhões, a nova operação será iniciada no primeiro semestre de 2022 e vai gerar 3 mil novos empregos.
Mesmo com a parada para manutenção obrigatória que a Petrobras precisou realizar na Refinaria Abreu e Lima (Rnest) no ano passado, que resultou em queda na movimentação geral em Suape, o porto manteve a liderança no ranking das operações de granéis líquidos entre todos os atracadouros do Brasil. Ao todo foram 14,9 milhões de toneladas movimentadas em 2021, contra 14,3 milhões do Porto de Santos, o segundo colocado. Os granéis líquidos representam 67,8% de toda a carga movimentada em Suape. Outro destaque dos números foi a navegação por cabotagem. Das 22,1 milhões de toneladas movimentadas por Suape no ano passado, 13,9 milhões tiveram como origem ou destino outros portos do Brasil. Assim como nos granéis líquidos, a vice-liderança do ranking nacional ficou com o Porto de Santos (SP), com 13,1 milhões de toneladas.
Contêineres e outras cargas
Na movimentação de contêineres, o porto consolidou como o principal hub da carga nas regiões Norte/Nordeste. Em 2021, foram 518.581 TEUs (medida de um contêiner de 20 pés), recorde absoluto da história do porto pernambucano, que completou 43 anos em novembro passado. O acréscimo no volume em relação a 2020, em Suape, foi de 7,1%.
Outras cargas tiveram desempenho significativo em 2021. A movimentação de veículos registrou acréscimo de 20%, de 39.922 unidades para 47.841. A carga geral solta, que inclui produtos e materiais não conteinerizados, como chapas de aço, açúcar ensacado, veículos, pás eólicas, entre outros, obteve incremento de 22%, para 492.927 toneladas. Já os granéis sólidos (trigo e coque) cresceram 22,3%, atingindo 719.174 toneladas.
Hub de veículos se consolida
Desde novembro de 2021, milhares de automóveis de passeio e utilitários desembarcam em Suape, para depois seguir a outros destinos internacionais. As unidades, fabricadas no Uruguai e na Argentina, por ora, são transportadas para países como Colômbia, República Dominicana, Costa Rica, México e Estados Unidos.
No início de abril deste ano, a embarcação Canadian Highway, de bandeira panamenha, chegou a Suape para realizar a maior operação de transbordo já registrada na história do porto. Dos 1.652 veículos movimentados na operação do navio, 690 passaram por transbordo. Esse é o nome dado ao processo onde as mercadorias entram no território aduaneiro de um país, são transferidas para outro navio e depois deixam o porto em direção a um novo destino.
Em outras palavras, é a transferência direta de mercadoria de uma embarcação para outra, fazendo uma espécie de pit-stop. Nessa operação específica, os veículos são oriundos da Argentina, aguardaram embarque no Pátio Público de Veículos 2B (PPV2B), antes de seguir em outra embarcação para México e Colômbia.
Apesar da queda na movimentação registrada em 2021, em virtude da manutenção obrigatória que a Petrobras realizou na Rnest, o faturamento de Suape em 2021 foi 12% maior do que o registrado no ano anterior.
Novos projetos incluem tancagem de GLP
O Complexo Industrial Portuário de Suape deu início à terceira e última etapa das obras de recuperação do molhe do atracadouro, que serve como barreira de proteção para cais e píeres, onde são realizadas as operações de carga e descarga de mercadorias. A intervenção é parte de um pacote de obras que vai ampliar a segurança da infraestrutura portuária. Entre serviços de manutenção e investimentos, Suape planeja investir até R$ 71 milhões em melhorias ao longo de 2022.
Deste valor, R$ 63 milhões já estão empenhados em contratos firmados. A obra do molhe será concluída no primeiro semestre do próximo ano e o valor do investimento nesta última etapa é de R$ 37 milhões. As fases anteriores foram concluídas com investimentos de R$ 24,3 milhões. As duas etapas da obra de reforço do molhe são do mesmo projetista e construtora, a INFINITO ENGENHARIA e a CONSTRUTORA VENÂNCIO, respectivamente.
A estrutura permite que as operações, sobretudo no porto externo, onde ocorrem movimentações de granéis líquidos e produtos químicos, sejam realizadas com menor interferência de correntes marítimas e ondas. Nesta etapa, um trecho de 1.690 metros será recuperado, com a colocação de blocos de pedras que variam de 300 kg a 12 t.
Suape vai receber um investimento de R$ 1,2 bilhão para tancagem de GLP. O novo terminal, que será instalado pelo Grupo Edson Queiroz/Copagaz, vai contar com infraestrutura de 90 mil m3 de tancagem, além da implantação de dutos para movimentar a matéria-prima e fazer as conexões logísticas. O diferencial está na tecnologia, na qual o gás é armazenado refrigerado, ocupando volume reduzido, o que permite ampliar a capacidade de estoque. A previsão é de que o terminal, de 60 mil m2, comporte, anualmente, cerca de 1,5 milhão de toneladas de GLP. A execução da obra está prevista para começar no segundo semestre de 2022, com investimentos previstos de R$ 1,2 bilhão e criação de 1.000 empregos no decorrer da implantação.
Terminal de regaseificação
Suape tem se posicionado como um porto estratégico para implantação de hub de GNL Norte/Nordeste. Geograficamente, Pernambuco tem localização privilegiada no meio das principais capitais do Nordeste com a maior concentração de PIB da região e vai além de um Porto Organizado, porque está inserido num complexo Industrial onde há diversas empresas em busca de soluções energéticas, face à crise no setor que se agravou nos últimos anos.
Baseado nessas informações e dado o planejamento do porto, Suape prevê a implantação de um Terminal de Regaseificação, que vai transformar o GNL para otimizar a distribuição via dutos para a região e fortalecer a capilaridade do setor, que já conta com boa conectividade à malha de distribuição nacional. A estrutura utilizada será composta por um navio indústria que vai regaseificar o GNL para posterior distribuição através de dutos.
A implantação do Terminal de Regaseificação (Regás) vai gerar investimentos de R$ 1,5 bilhão para o estado pernambucano. A administração iniciou as negociações para modelagem do contrato que vai assegurar a implantação do terminal e deve ser realizada licitação ainda em 2022. Com a atracação permanente de um navio para essa operação, o Cais de Múltiplos Usos (CMU) terá uso ininterrupto, gerando, anualmente, cerca de R$ 4 milhões em tarifas portuárias. Quando as obras começarem, ainda este ano, vão gerar 500 empregos.
Terminal de granéis sólidos
Em 30 de março deste ano, o consórcio SUA Granéis, formado pelas empresas Agemar, Loxus e Marlog, virou o novo arrendatário do Terminal de Granéis Sólidos de Suape (TGSS) e vai explorar o equipamento por um período de 25 anos. O TGSS está localizado na retroárea do Cais 5, em um espaço de 72 mil m2. O projeto vai render, nos próximos meses, investimentos da ordem de R$ 59,8 milhões ao atracadouro pernambucano.
O edital de licitação foi anunciado no início de março pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O espaço foi projetado para movimentar e armazenar granéis vegetais e minerais, e carga geral. A celebração do contrato está prevista para este ano e o início das operações, em 2024. A área está localizada no porto interno de Suape, na margem oposta ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS).
A empresa arrendatária vai realizar investimentos para que o terminal seja dotado de capacidade estática mínima total de 12 mil toneladas, além da aquisição de sistemas de recepção rodoviária, sistema transportador de correias e equipamentos equivalentes para garantir a produtividade (prancha média geral) de 549 t/h e 128 t/h, para a movimentação de coque de petróleo e açúcar ensacado, respectivamente.
Planta de hidrogênio verde
O projeto para produção de hidrogênio verde prevê a implantação de uma planta de produção do combustível do futuro no complexo. O projeto é da empresa Qair Brasil, de origem francesa, e tem como principal atividade a produção independente de energia elétrica a partir de fontes alternativas. A iniciativa, nomeada de Planta de Hidrogênio Verde Pernambuco, prevê a instalação de quatro conjuntos de eletrolisadores de água em áreas localizadas no porto, em quatro etapas.
Quando consolidado, o empreendimento pode vir a se transformar no segundo maior da história do Estado. Com alto potencial para geração de energia sem emissão de gás carbônico, o hidrogênio verde (H²V) é obtido a partir da usina de eletrólise, que separa o oxigênio e o hidrogênio da água. Ele é chamado de verde porque a usina que o produz funciona a partir de fontes de energia 100% renováveis.