.
Shell e Raízen vão converter etanol em hidrogênio verde
Projeto inclui construção de duas unidades de produção e uma estação de abastecimento veicular no campus da USP; Hytron e Senai completam a parceria
FONTE: Brasil Energia
A Shell Brasil, Raízen, Hytron, Universidade de São Paulo (USP) e o Senai Cetiqt anunciaram, na quinta-feira (01/09), a assinatura de um acordo de cooperação para produção de hidrogênio verde a partir do etanol. A iniciativa prevê a construção de duas unidades dimensionadas para produzir 5 kg/h de hidrogênio e, posteriormente, a implementação de uma planta dez vezes maior, de 44,5 kg/h.
O acordo inclui também uma estação de abastecimento veicular no campus da USP, na capital paulista. Um dos ônibus utilizados pelos estudantes e visitantes da Cidade Universitária deixará de utilizar diesel e os tradicionais motores a combustão interna para começar a utilizar hidrogênio produzido a partir do etanol e motores equipados com células a combustível.
Com o início da operação prevista para 2023, a iniciativa pretende viabilizar uma solução de baixo carbono para transporte pesado e inaugurar o primeiro posto a hidrogênio de etanol do Brasil e do mundo.
O hidrogênio a partir de etanol será produzido com o biocombustível fornecido pela Raízen e a tecnologia desenvolvida e fabricada pela Hytron, que pertence ao grupo alemão Neuman & Esser Group.
O projeto será financiado pela Shell Brasil, por meio da cláusula de Pesquisa e Desenvolvimento da ANP, com investimento de aproximadamente R$ 50 milhões, e vai contar com suporte do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras do Senai Cetiqt.
Atualmente, o hidrogênio tem uso predominante na indústria química e é produzido em unidades industriais próximas a refinarias a partir do gás natural. Há a expectativa de que, no futuro, o hidrogênio produzido a partir de energia elétrica renovável, como solar e eólica, contribua para a descarbonização de vários setores.
Porém, segundo comunicado pelas entidades que formam a parceria, o transporte deste produto é complexo, pois exige a compressão ou liquefação para armazenamento em cilindros ou em carretas, encarecendo a logística. Neste cenário, a produção do hidrogênio via conversão do etanol representa um avanço na disponibilidade de combustíveis renováveis por meio de uma nova rota tecnológica para expansão de soluções sustentáveis.
“A produção local, descentralizada e de baixo investimento de hidrogênio renovável por meio da reforma do etanol, é uma alternativa interessante para setores como o de transporte pesado, que tem uma perspectiva de crescimento expressiva na utilização dessa solução, cuja disponibilidade e escalabilidade são essenciais. Além de transporte pesado, neste momento, estamos buscando parceiros que possuem interesse em aplicar esta tecnologia para a descarbonização de outros setores”, afirmou o diretor de Transição Energética e Investimentos da Raízen, Mateus Lopes.
Já o gerente de Tecnologia em Baixo Carbono da Shell Brasil e vice-diretor executivo do RCGI, Alexandre Breda, disse que “a tecnologia pode ser facilmente instalada em postos de combustíveis convencionais, o que não exigiria mudanças na infraestrutura de distribuição, garantindo que o hidrogênio estará pronto para abastecer os veículos de forma rápida e segura”.
Montadoras de veículos já vêm investindo em projetos de veículos elétricos movidos a célula de hidrogênio, inclusive com uso de etanol.