Enel Green Power investe R$ 2,5 bi em novo parque eólico na Bahia

FONTE: Valor Econômico

Unidade terá capacidade instalada de 348 MW e construção vai gerar 1.200 empregos diretos

A Enel Green Power, braço de energia verde da italiana Enel, iniciou as obras de um parque eólico de 348 megawatts (MW) na Bahia, parte de seu plano de investimentos em energia verde, já com a previsão de, no futuro, tornar o empreendimento híbrido. Localizado nos municípios de Umburanas, Morro do Chapéu e Ourolândia, o parque eólico terá investimentos da ordem de R$ 2,5 bilhões e será composto por 81 aerogeradores, todos já contratados com a Nordex Acciona.

A produção de energia será destinada ao mercado livre. Tornar-se híbrido, porém, ainda depende da definição de regulamentação técnica para a modalidade – no ano passado, foram aprovadas regras para a instalação de parques híbridos – mas a Enel já está pronta para este passo, de acordo com Roberta Bonomi, responsável pela Enel Green Power no Brasil.Pronta também está a empresa para expandir-se caso a demanda por energia no mercado livre mantenha-se alta, contou ela ao Valor.

Bonomi destacou que não só Aroeira, mas todos as usinas da companhia estão sendo pensadas para operação híbrida, com usinas solares ou sistemas de armazenamento. Num primeiro momento, o desenvolvimento energético, limpo e barato, foi o foco no país e agora, com a possibilidade de se trabalhar com parques híbridos, a busca é pela solução para a intermitência de eólicas e solares.

“Considerando que o país possui uma grande capacidade hidrelétrica, que são as baterias naturais do sistema elétrico, [sistemas de] baterias seriam o jeito perfeito para se conseguir a estabilidade”, destacou. Ela ressalta que eólicas e solares se complementam pelo auge da operação – eólicas geram mais eletricidade à noite – e as baterias, hoje mais competitivas, vão agregar estabilidade. “Isso vai permitir aproveitar ainda mais os recursos do Nordeste e aumentar a capacidade do sistema”, disse.

No mercado livre, pode-se escolher o fornecedor da energia e a descarbonização como regra tem levado muitas empresas a buscar a geração renovável como forma de atender às metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Por sinal, mesmo com os efeitos de uma guerra e um cenário econômico mais adverso, os planos da Enel Green Power para o Brasil estão mantidos. “A transição energética é um movimento que não pode parar”, afirmou a executiva.

Ela comentou que a transição energética, e uma eventual aceleração nesse processo, coloca mais responsabilidade sobre as empresas do setor e as obriga a ter um olhar mais amplo em questões ligadas à sustentabilidade, especialmente porque elas são cada vez mais vistas como vetores para uma energia menos carbonizada.

Estado no qual atua desde 2011, exemplifica Bonomi, a Bahia é importante para a companhia, já que 30% dos 4,7 GW de capacidade instalada total da Enel Green Power estão instalados no Estado. Para a implantação do novo parque, a empresa negocia com as autoridades para que a contratação de 50% dos 1.200 empregos diretos que serão gerados seja composta por profissionais locais. No mundo, a empresa acelerou a meta de carbono zero, que tem que ser atingida em 2040, dez anos antes do objetivo inicial, e quer sair do negócio de geração a carvão mineral até 2026.

Sobre eólica offshore, tecnologia de instalação em alto-mar que está no centro de debates no setor elétrico, Bonomi afirma que a empresa ainda não avalia entrar neste segmento, por ser mais caro do que usinas onshore.

Ela ressaltou que as jazidas de vento no Brasil estão próximas da costa, o que significa um custo muito elevado para os benefícios que seriam obtidos pela fonte. Outra razão é que o país ainda possui grandes áreas de terra, o que não acontece em outros países, e potencial para usinas onshore.

Para ela, a fonte pode fazer sentido no futuro, mas o ideal seria deixar que outros países avancem no desenvolvimento da fonte offshore, até para reduzir custos de implantação. “Neste momento, não faz sentido investir, no Brasil, em uma tecnologia que é mais cara, e nosso objetivo principal é obter a redução da conta para o consumidor final.”