PetroRecôncavo negocia acordos de suprimento de GN com clientes no NE

FONTE: Valor Econômico

Petroleira espera fechar ao menos um contrato no mercado livre em 2022

A petroleira independente PetroRecôncavo está negociando contratos de fornecimento de gás natural com clientes no Nordeste, tendo em vista a abertura do mercado no Brasil e o aumento dos preços do gás natural liquefeito (GNL) no mercado internacional com a guerra na Ucrânia.

Segundo o presidente da companhia, Marcelo Magalhães, há, por exemplo, conversas em andamento para acordos para suprimento interruptível, ou seja, de volume fixo baixo e com possibilidade de entregas maiores a depender da demanda do cliente. O preço de gás no mercado internacional está muito alto e esse tipo de contrato, que não é de base, nos permite monetizar eventuais volumes de produção excedente, a preços mais próximos do mercado de curto prazo. Para o cliente, é uma condição melhor do que o GNL do exterior. Temos conversado com empresas de comercialização e armazenamento, por exemplo”, diz.

A empresa espera fechar ao menos um contrato no mercado livre em 2022. A PetroRecôncavo tem acordos de suprimento com distribuidoras, como Potigás (RN), PBGás (PB) e Bahiagás (BA). Para Magalhães, o fato de a empresa ter produção integrada na Bacia Potiguar e na Bacia do Recôncavo ajuda a garantir o fornecimento. “Conseguimos nos posicionar como o maior fornecedor privado de gás natural do Nordeste. Muitos estão batendo à nossa porta querendo fechar contratos”, afirma.

Em paralelo, a companhia anunciou esta semana que foi selecionada em um consórcio em conjunto com a Eneva para as negociações exclusivas no processo de aquisição do Polo Bahia Terra, parte do programa de venda de ativos da Petrobras. Magalhães classifica a área como a mais atrativa de todo o processo de desinvestimentos da estatal entre os ativos terrestres.

Segundo o presidente da PetroRecôncavo, caso as empresas concluam o processo de aquisição, pode haver possibilidade de desenvolver projetos de produção de gás integrada à geração de energia elétrica (conhecidos como “gas-to-wire”) na região. Até o momento, a PetroRecôncavo não tem projetos desse tipo, mas a Eneva já aplicou o modelo em áreas na Bacia do Parnaíba e na Bacia do Amazonas.

“Eneva e PetroRecôncavo têm complementariedades. Vamos avaliar essa possibilidade, que em algumas circunstâncias pode fazer sentido. O governo tem feito leilões de reserva de capacidade de energia elétrica, por exemplo, e, nesse caso, ter uma reserva de gás própria acaba se tornando muito atrativo para esse tipo de projeto”, afirma Magalhães.

A PetroRecôncavo obteve lucro de R$ 401,8 milhões no primeiro trimestre de 2022, frente ao prejuízo de R$ 12,9 milhões em igual período de 2021. A receita líquida nos três primeiros meses deste ano foi de R$ 703,5 milhões, alta de 186,2% na comparação anual. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ficou em R$ 414,7 milhões, 215,1% maior.

O diretor de controladoria da empresa, Lucas Neves, aponta que a entrada da companhia no mercado de gás ajudou nos resultados. O segmento de gás foi responsável por 37% das receitas do trimestre, resultado também do fornecimento de gás liquefeito de petróleo (GLP) a distribuidoras do “gás de cozinha”. “Tivemos novas formas de monetizar o gás e isso levou ao crescimento da receita de gás e dos subprodutos”, diz Neves.

O crescimento nos resultados financeiros também reflete o aumento da produção de petróleo e gás. A PetroRecôncavo produziu 19,45 mil barris de óleo equivalentes por dia (boe/dia) no primeiro trimestre, alta de 67,8% na comparação anual. Esse foi o primeiro trimestre completo em que a companhia contou com a produção do campo de Miranga, na Bacia do Recôncavo, comprado nos desinvestimentos da Petrobras. Magalhães diz que a companhia pode ter interesse em avaliar a compra do Polo Urucu, na Bacia do Solimões, caso a Petrobras abra novo processo de venda, depois que encerrou sem sucesso negociações com a Eneva.