Outorgas para UFVs disparam e 95% dos projetos são para o ACL
FONTE: Brasil Energia
Entre 2021 e março de 2022 foram outorgados 25,8 GW. Em 2022, devem entrar em operação 4,2 GW de usinas solares de grande porte
Do total de 25,8 GW de projetos solares outorgados pela Aneel entre 2021 e março de 2022, apenas 1,2 GW são lastreados em contratos no mercado regulado, 4,65% do total, aponta novo estudo da consultoria Greener. Os restantes 24,6 GW (95,35%) são para atender o mercado livre.
As mesmas proporções favoráveis ao ACL, segundo o estudo, acontecem quando se avalia a potência total já outorgada pela Aneel, de 43 GW. Desse montante, 38,6 GW são para projetos do ACL, ou 89,7%.
Atualmente, do total em operação das grandes usinas solares de 4,8 GW, apenas 900 MW são de projetos do ACL. Mas isso será em breve revertido, já que dos 3,9 GW dos projetos outorgados em construção, 3,4 GW são do ACL.
Pelo cronograma das outorgas, 38 GW estão programados para entrar em operação até 2027, sendo que apenas 2,3 GW deles, segundo o levantamento da Greener, são projetos ligados a leilões do ACR.
O perfil mais ligado ao dinâmico mercado livre também tem feito o setor de grandes usinas solares mudar o modo de estruturar financeiramente os projetos. Com o mapeamento do estudo abarcando 203 usinas em construção e operação, foi possível identificar que o uso de debêntures para financiar parte do projeto quase dobrou no período 2021/2022, apesar de em volume o Banco do Nordeste (BNB) ainda ser o principal financiador, com participação em mais da metade dos projetos.
A consultoria identificou também 10,7 GWp PPAs solares no período, sendo que 25% deles demandados pelos setores de siderurgia e metalurgia.
Distância menor com GD
O ritmo dos investimentos nas usinas solares centralizadas também deve diminuir a distância que existe hoje com a geração solar distribuída, que já ultrapassou os 10 GW. Para se ter uma ideia, em 2022 entrará em operação 4,2 GW de usinas de grande porte e em 2023, mais 6,5 GW.
Como reflexo disso, entre 2021 e março de 2022 a consultoria identificou a assinatura de 4,3 GWp em contratos de compra de módulos solares fotovoltaicos, um aumento de 17% em relação ao mesmo período anterior.
A maior participação das grandes usinas solares na matriz será influenciada também pelo maior porte dos projetos, o que foi também identificado no estudo pelo fato de que 82% dos complexos outorgados foram ou serão conectados à rede básica acima de 230 KV, indicando tendência de conexão em níveis mais altos de tensão por conta do grande porte dos projetos.
Há, por exemplo, projetos do porte da UFV Sol do Cerrado, da Vale, em construção em Jaíba (MG), com 669,8 MW; os empreendimentos da Solatio, em Pernambuco, que terão ao todo 810 MW; o projeto Futura, de 852 MW, em Juazeiro (BA), da Focus Energia; ou o Complexo Janaúba, na cidade de mesmo nome em Minas Gerais, com 700 MW, da Elera Renováveis. Isso só para ficar em alguns dos projetos já com construção iniciada e todos de grande porte. Há vários outros na mesma ordem de grandeza, com construção ainda não-iniciada.