Yara vai lançar rede de abastecimento de amônia verde

FONTE: EPBR

Serão os primeiros terminais operacionais de combustível de amônia do mundo; localizados na Escandinávia, têm previsão de início para 2024

Yara International e Azane Fuel Solutions assinaram um acordo comercial nesta sexta (1°/4) para estabelecer uma rede de bunkers — combustível de navios — à base de amônia verde na Escandinávia até 2024.

Serão os primeiros terminais operacionais de combustível de amônia do mundo.

A amônia verde é um biocombustível produzido a partir do hidrogênio renovável e capaz de substituir o bunker utilizado pelo transporte marítimo.

Responsável por 3% das emissões globais de CO2, o setor está entre os que terão maior dificuldade em descarbonizar suas atividades.

A meta da Organização Marítima Internacional (IMO) estabelece que até 2030 as emissões de dióxido de carbono emitidas pela navegação sejam reduzidas em 40%, em relação aos níveis de 2008. Em 2050 o corte deve ser de 50%.

Em novembro passado, durante a COP26, em Glasgow, 22 países assinaram a Declaração de Clydebank para apoiar corredores de transporte verdes, isto é, rotas de transporte com emissão zero entre dois portos.

“A colaboração entre a Azane e a Yara é um marco importante na descarbonização do transporte marítimo, aproveitando as extensas capacidades de produção e logística global da Yara Clean Ammonia”, diz Magnus Krogh Ankarstrand, presidente da Yara Clean Ammonia.

Os terminais de bunker de amônia serão projetados e construídos pela Azane e entregues à Yara – uma das maiores produtoras de amônia do mundo.

A empresa global de fertilizantes planeja aproveitar sua posição para fornecer o combustível livre de carbono à indústria naval. É também uma forma de transportar o hidrogênio, cuja demanda tende a crescer nos próximos anos.

“Esses terminais de abastecimento são peças-chave do quebra-cabeça para garantir o fornecimento confiável e seguro de amônia como combustível de emissão zero“, diz Krogh Ankarstrand.

No ano passado, os acionistas Azane, AMON Maritime e ECONNECT Energy receberam fundos públicos do programa Green Initiative da Noruega para desenvolver e construir a primeira unidade piloto.

Posteriormente, a Yara encomendou 15 unidades para cobrir o mercado escandinavo.

Os terminais serão baseados em barcaças ou terrestres. Além do carregamento e descarregamento eficiente de/para navios, haverá a opção de carregamento e descarregamento de caminhões.

“Para nós que construímos navios movidos a amônia verde, este acordo significa que podemos ter certeza de que o combustível estará disponível para entrega quando os primeiros navios estiverem prontos”, diz André Risholm, CEO da Amon Maritime e presidente da Azane Fuel Solutions.

No Brasil, a empresa de fertilizantes tem parceria com a Raízen para a aquisição diária de 20 mil m3 de biometano para produção de amônia verde no complexo de Cubatão (SP). O grupo também tem uma unidade de produção no Porto de Rio Grande (RS), onde o governo estadual quer desenvolver um hub de hidrogênio.

Quem também está de olho na produção de combustível limpo para o transporte marítimo é a comerciante de commodities suíça, Trafigura. No ano passado ela se uniu à alemã Hy2gen – produtora de H2V – para estudar as necessidades da indústria naval de amônia verde.

Já em janeiro deste ano, as empresas anunciaram a construção de uma planta de amônia verde na Noruega.