Hidrogênio verde e oportunidades entre o Brasil e a Europa, por Marcos Ludwig e Bruno Galvão

FONTE: EPBR

Iniciativas estaduais de criação de hubs de hidrogênio verde em portos no Brasil pode ter Europa como destino para exportações

m 8 de março de 2022, a Comissão Europeia anunciou o plano REPowerEU com o objetivo de reduzir a enorme dependência da matriz energética europeia de combustíveis fósseis, especialmente do gás natural vindo da Rússia, considerando tanto as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa quanto, de algumas semanas para cá, o trágico pano de fundo da guerra da Rússia na Ucrânia.

Além de medidas de impacto interno, um ponto chama a atenção para os interesses brasileiros.

O plano europeu aumenta o volume projetado de importação de hidrogênio verde (H2V) e derivados para 2030, indica a necessidade de desenvolver uma estrutura regulatória própria e cria a Aceleradora de Hidrogênio (Hydrogen Accelerator), enfatizando a importância de estabelecer estruturas de parcerias internacionais para aumentar a oferta do insumo no continente europeu.

Hidrogênio na transição européia

Não é novidade o papel central que o hidrogênio verde tem na política de transição energética europeia. A forma de sua produção, que pressupõe a utilização de energia renovável, permite uma integração de fontes de energia limpa com setores que, hoje, dependem de combustíveis fósseis, como siderurgia, indústria química e transporte de carga em seus diferentes modais.

Assim, não apenas a produção de H2V é descarbonizada pela utilização de energia renovável, mas também outros setores que respondem largamente por emissões de gases de efeito estufa.

Este é o fenômeno conhecido pela indústria do H2V como interligação setorial (sector coupling), viabilizado pelo processo Power-to-X (PtX), termo genérico que designa as diversas tecnologias de transformação do H2V (Power) para aplicações variadas (X), como a produção de combustíveis sintéticos (Power-to-liquid), de gases (Power-to-gas) ou de químicos (Power-to-chemicals).

Esse processo impulsiona a criação de um novo mercado mundial, em que a exportação de energia renovável se torna uma realidade.