CESP INAUGUROU A PRIMEIRA USINA TERMOSSOLAR DO PAÍS, EM SÃO PAULO

FONTE: McKinsey & Company

Um novo marco para a indústria de energia do Brasil. A Companhia Energética de São Paulo (CESP) iniciou nesta semana a operação da primeira usina termossolar do país. A planta pioneira fica localizada em Rosana (SP) e estava em desenvolvimento desde 2017. O projeto recebeu R$ 57 milhões em investimentos. Uma das ideias do empreendimento é demonstrar que a tecnologia, também chamada de heliotérmica, também tem seu lugar ao sol no Brasil. A usina foi desenvolvida dentro do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento do Setor de Energia Elétrica regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em conjunto com os parceiros Lactec, Eudora Energia, MRTS Consultoria e MFAP Consultoria.

Segundo a CESP, a fonte heliotérmica tem a característica de ter uma produção de energia elétrica controlável e menos suscetível aos impactos da intermitência da luz solar. A principal vantagem da tecnologia em relação às outras fontes renováveis intermitentes é a possibilidade de armazenamento de calor e utilização em momentos de maior interesse para o sistema elétrico. O fluido aquecido pode continuar fornecendo energia térmica para as turbinas mesmo após o pôr do sol.

A planta piloto de geração de energia termossolar foi integrada ao Complexo de Energias Alternativas Renováveis da usina hidrelétrica Porto Primavera. O complexo conta ainda com estruturas experimentais de fonte solar fotovoltaica e sistemas de armazenamento de energia. A planta piloto construída no oeste paulista possui capacidade de 0,5 MW, o equivalente para atender a 360 residências de consumo médio em torno de 180 kWh/mês. Conhecido também como CSP (concentrating solar power), o tipo de tecnologia escolhido para a usina recém-inaugurada tem um processo semelhante ao das termelétricas, porém utiliza o calor do sol como fonte, em vez de combustíveis fósseis e poluentes.

A CESP construiu a planta com as chamadas calhas parabólicas, formadas por painéis compostos por espelhos côncavos que seguem a posição do sol. O calor capturado aquece um fluido de transferência que circula por tubos posicionados na linha de foco dessas calhas, produzindo vapor que movimenta turbinas para, enfim, gerar eletricidade.

Em unidades de grande porte, essa geração se estende por até 18 horas, conferindo à usina capacidade de gerar energia mesmo sem a presença da fonte e proporcionando maior controle sobre os processos“, afirma Luis Paschoalotto, gerente de Engenharia de Operação e Manutenção da CESP. Outra particularidade da tecnologia utilizada pela CESP é que os painéis são constituídos de espelhos de alumínio com filme refletivo, material com maior vida útil do que o vidro, utilizado na maioria das estruturas comerciais fotovoltaicas.

A fonte termossolar tem potencial importante para geração de energia elétrica no Brasil, pois agrega o aspecto renovável a atributos importantes para a gestão do Sistema Interligado Nacional, como a capacidade de controle da produção e a inércia associada às máquinas rotativas. O calor produzido também pode ser aproveitado em outros processos industriais, como os de cogeração, e a produção de energia também pode ser associada à produção de eletricidade a partir de outro tipo de fonte, no modelo híbrido“, declara Paschoalotto. “Para que a tecnologia termossolar ganhe escala e competitividade na matriz elétrica brasileira, é necessário haver incentivo, pois a demanda de investimento para implantação, operação e manutenção ainda é significativamente superior à das fontes eólica e solar fotovoltaica“, destaca.

O Complexo de Energias Alternativas Renováveis da hidrelétrica Porto Primavera abriga também um projeto de pesquisa e desenvolvimento da Aneel, que pesquisou o armazenamento de energia através do hidrogênio verde. A geração do combustível ocorre pela eletrólise da água, ou seja, quando uma corrente elétrica passa pela molécula da água e a divide em oxigênio e hidrogênio, consumindo energia elétrica e produzindo o hidrogênio, que é armazenado sem resíduo poluente. As demais iniciativas de diferentes tecnologias desenvolvidas atualmente no complexo somam pouco mais de 1 MW. Há, ainda, uma estação solarimétrica que mensura, principalmente, parâmetros de radiação solar e dados meteorológicos.